* Por Elber Mazaro
Olá!
Eu escrevi um artigo sobre as tendências no marketing digital, em agosto do ano passado. Este foi o artigo mais comentado e compartilhado que escrevi nos últimos tempos.
Recentemente, participei de um curso de aprimoramento para professores, na FIA, onde como parte do processo de aprendizado ativo, preparei uma mini-aula, como se fosse um pitch, para ser apresentada em 8 minutos. Como eu também precisava atualizar a minha aula de 6 horas sobre o tema Marketing Digital & Growth, resolvi preparar meu exercício de mini-aula, revisando e atualizando a minha visão sobre as tendências de marketing digital, agora com um olhar que considera como estas tendências evoluíram na pandemia.
Este desafio me permitiu abordar o tema de tendências de marketing digital com mais objetividade e reorganizar o que considero serem as principais tendências, algumas das quais já são muito reais/presentes, de maneira mais memorável, e sendo assim, nada melhor do que escrever um novo artigo para compartilhar este ponto de vista.
Contextualização
Primeiro, vale considerar o contexto atual que apresento com os seguintes tópicos em destaque:
Pandemia – covid-19: home office, explosão do e-commerce, revisão das prioridades, mudanças de e comportamento.
Crescimento exponencial e Capitalismo
– Principal KPI (Key Performance Indicator), do Mundo.
– Busca constante pelo crescimento na sociedade e na economia (clientes – relacionamento e recorrência).
Clientes mais informados, exigentes, com direitos e voz ativa/mobilizados: principalmente por propósitos e causas sociais
Revolução 4.0: (físico, digital e biológico, com profundidade, amplitude, velocidade e impacto sistêmico/ruptura), está acontecendo já, em várias partes do mundo e do Brasil.
Transformação digital: era da informação, avalanche de dados, globalização & digitalização, “algoritmização” acelerada no momento, tanto para empresas quanto para as pessoas.
“Comoditização” de produtos: é uma grande ameaça às empresas e aos negócios, principalmente no mundo digital/horizontal.
Desafios econômicos, políticos e éticos
No contexto resumido acima, é importante destacar que a inovação é o elemento-chave para o contínuo desenvolvimento, para a evolução e até para algum êxito, tanto no nível empresarial, como no social e até no pessoal/individual.
Marketing digital
Agora, vamos nos posicionar sobre o marketing digital. Eu estou abordando este tema como “good news x bad news”, para a audiência faminta por novidades e mudanças radicais.
As boas notícias para os que gostam de inovação/disrupção é que o marketing digital pode ser visto como algo novo e diferente quando comparado ao marketing tradicional, conforme os seguintes pontos:
– Marketing 4.0;
– Novas abordagens aos clientes;
– Novas técnicas, ferramentas e métricas, bem específicas;
– Outro nível de integração com outras áreas da organização (exemplo: TI e vendas);
– “Real Time”/”Data Oriented”;
– Growth Hacking.
Por outro lado, e talvez as más notícias para os que adoram reinvenções e novidades, a essência do marketing é a mesma, seguem sendo válidos os seguintes pontos que definem o marketing como um todo (independente se é digital ou não):
– Trocas de valor e relacionamento em um mercado;
– Funções de: Geração de Demanda, Construção de Marca e Reputação Corporativa;
– Medido e demandando dos profissionais a melhor tomada de decisões e a busca por eficiência (mais com menos).
Perspectivas para Tendências
Considerando o estudo de tendências e a construção de uma visão do futuro e o que será relevante em alguns anos, precisamos definir uma ou mais perspectivas, pontos de vista.
Conforme detalhado no artigo original do ano anterior, eu assumo dois pilares para considerar as tendências como evoluções e desenvolvimentos com base histórica e presença atual:
– Perspectiva do desenvolvimento tecnológico; e
– Perspectiva da evolução do cliente, do seu comportamento e do próprio marketing, como consequência.
Tendências de marketing digital – Destaques da tecnologia
Eu, como marqueteiro e professor, me preocupo em compartilhar ideias que sejam memoráveis e que possam ser úteis, aplicáveis, para gerar transformações positivas. Por isso, costumo criar siglas que facilitem a lembrança dos conceitos e neste caso das tendências, já que selecionei cinco para cada perspectiva.
Apresento primeiro, a MUVIC (Mobilidade, Ubiquidade, Visual, Inteligência e Conversações):
Mobilidade extrema – dispositivos móveis, computação vestível, IoT;
Ubiquidade – no marketing, acesso ao cliente e suas demandas em qualquer lugar, com sua aprovação, e soluções como geomarketing;
Novos visuais – tecnologias como Realidade Virtual e Aumentada, vídeos e 3D, etc, viabilizam novos experiências visuais a serem exploradas pelas organizações;
Inteligência Artificial – aplicada em várias fases e pontos do contato e revolucionando o marketing, de robôs que conversam com os clientes a software que compra mídia, segmenta o mercado e até cria anúncios, usando Machine Learning e outras abordagens.
Conversações/interações – há uma revolução na interação homem-máquina, viabilizando conversas, com tecnologias de reconhecimento de voz, comandos e pesquisas usando a nossa linguagem e se necessário até traduzindo. Há várias funções para a biometria que vão de identificação/acesso aos sistemas antifraude. Existem novas interfaces, câmeras e softwares.
Resumindo, algumas tecnologias e tendências que viabilizam a MUVIC são: Machine Learning, IoT, Big Data, Cloud, Conectividade, Realidade Virtual, Realidade Aumentada, 3D, Voz e Biometria.
Tendências de marketing digital – Destaques Comportamentais
A sigla para lembrarmos das cinco tendências do marketing digital, focadas no marketing, no cliente e no seu comportamento, que apresento aqui, é a CCECC (Causas, Comunidades, Engajamento, Conteúdo e Conversas).
Causas sociais – os clientes estão demandando, cada vez mais, que as marcas apresentem o seu posicionamento, suas ações, seus compromissos, o propósito e ESG.
Comunidades – tanto para abordar o mercado, como para desenvolvimento de produtos e para replicar a mensagem de valor. Estão ganhando força os grupos de influência, de referência, de colaboração e os coletivos.
Engajamento – as organizações precisam entender e construir relacionamento, interatividade, experiências, jornadas e trocas.
Conteúdo relevante – que agregue valor, em diversos momentos (micro), sob demanda, estórias interessantes, protegido e agradáveis.
Conversas/diálogos – da cocriação de produtos à comunicação/pós-venda, trocas de mensagens entre pessoas e organizações.
As ferramentas e os ambientes de marketing digital onde as tendências acima apontadas acontecem são: Redes Sociais, Mensageria, Streaming, Influenciadores e Gaming.
E daí? Por que isto seria relevante para mim?
Bom, se você atua com marketing, comunicação, vendas, gestão de clientes entre tantas áreas e já conhece todas as dez tendências consolidadas anteriormente, então o MUVIC e o CCECC, servem como validação das suas atividades, como um checklist para ticar cada ponto.
Como demonstrado rapidamente no aspecto da contextualização, todos nós estamos conectados e em um processo de transformação digital (mesmo que seja o da sociedade). Portanto, refletir sobre as tendências, quando muitas já estão ganhando força, permite planejar, revisar e incrementar as estratégia de atuação no mercado, em especial no meio digital, para o desenvolvimento de um conjunto de iniciativas, mais completo e impactante, ou pelo menos para a ampliação do leque de alternativas a serem consideradas.
As organizações e os profissionais precisam revisar suas causas, seu posicionamento e seu propósito, porque isto virou fator de decisão de compra e engajamento.
Todos deveriam estar envolvidos em comunidades, entregando conteúdo relevante (primeiro descobrindo o que é importante na comunidade), engajando com toda a cadeia de valor e criando conversas, diálogos e experiências que impactem os clientes e prospects durante momento da sua jornada (a qual também deve ser bem mapeada).
A tecnologia, e as plataformas digitais disponíveis, facilitam e às vezes viabilizam negócios e relacionamentos com os clientes, cada vez mais conectados com seus dispositivos móveis e vestíveis, integrados para a criação da tal ubiquidade, mesmo que para uma interação homem máquina, com novas interfaces e com a Inteligência Artificial aprendendo e aprimorando as respostas.
Reitero que este artigo se propõe a ser um complemento e uma revisão do primeiro, que escrevi sobre tendências de marketing digital, e que se apropria das mesmas bases e perspectivas para fornecer uma ideia acionável e com uma nova organização, memorável, de dez tendências, que não são as únicas, nem em forma, nem em conteúdo.
E aí? Você está por dentro destas tendências? Esta ideia faz sentido para você?
Não espere que todas eles se tornem “mainstream” e aproveite para pelo menos considerar novas iniciativas envolvendo o marketing digital e seus clientes, antes da concorrência. Mãos a obra!
Elber Mazaro é assessor/consultor, mentor e professor em Estratégia, Tecnologia, Marketing, Carreiras/Liderança e Inovação/Empreendedorismo. Atua há mais de 25 anos no mercado, liderando negócios no Brasil e na América Latina. Possui mestrado em Empreendedorismo pela FEA-USP, pós-graduação em Marketing e bacharelado em Ciências da Computação.