O ano de 2026 será curto. Não no calendário, obviamente, mas na prática. Entre Copa do Mundo e eleições presidenciais, teremos menos horas disponíveis, mais distrações coletivas e um país atravessado por tensões macroeconômicas e políticas. E, se já não fosse o suficiente, um fator adicional acende um alerta silencioso nos bastidores da economia global: a formação de uma possível bolha em Inteligência Artificial.
Não é exagero falar em bolha. Hoje, grande parte da valorização das empresas de IA está dissociada da entrega real de valor. O sistema financeiro sempre se apoiou em algum tipo de lastro. Já foi ouro. Depois, garantias mais abstratas, mas ainda conectadas a fundamentos. No caso da IA, porém, vemos cifras exponenciais sendo movimentadas sem que exista, proporcionalmente, um valor tangível gerado na mesma escala. É como se estivéssemos inflando um balão com a expectativa de que ele se sustente pelo ar da narrativa e não pela estrutura.
Se essa bolha estourar, o impacto será inevitável. Não é uma discussão tecnológica; é macroeconômica. Aversão ao risco cresce. Os mercados oscilam. Os investimentos recuam. E organizações passam a operar sob o peso de um nervosismo difuso, aquele que ninguém verbaliza, mas todo mundo sente. Em um ambiente assim, previsões de longo prazo perdem nitidez. A estratégia se embaralha. A confiança se esgarça.
Agora coloque esse cenário dentro do Brasil de 2026. Além das tensões globais, teremos um ano eleitoral, sempre um período de forte insegurança econômica, e uma Copa do Mundo, que culturalmente afeta a produtividade por aqui. Isso significa que empresas terão menos tempo útil, menos estabilidade institucional e mais variáveis externas fora de controle. Em outras palavras: um ambiente perfeito para que qualquer plano rígido fracasse.
É justamente por isso que a gestão por OKRs passa a ser uma necessidade estratégica. Não porque “OKR está na moda”, mas porque 2026 é, por definição, um ano de curto prazo. A lógica tradicional de empilhar projeções longínquas, como se nada fosse mudar no meio do caminho, simplesmente não se sustenta quando o próprio ano nasce turbulento.
A gestão tradicional, com horizontes longos e metas estáticas, cria uma espécie de “neblina” estratégica. Quanto mais distante o objetivo, maior a distorção da visão. E, em um ano volátil, essa neblina vira cegueira. Já a gestão por OKRs opera de forma oposta: assume desde o início que mudanças vão acontecer. Em vez de tentar prever cada curva, cria musculatura para reagir rápido a elas.
Não se trata de planejar menos, mas de planejar melhor. 2026 pede foco em ciclos curtos, ajustes frequentes, priorização extrema e transparência radical. Pede coragem para abandonar planos que não fazem mais sentido e disciplina para construir um ritmo operacional capaz de absorver turbulências e não colapsar com elas.
Se a bolha de IA estourar, as empresas mais adaptáveis sobreviverão. Se não estourar, ainda assim, o curto prazo será determinante por causa das peculiaridades do calendário brasileiro. De um jeito ou de outro, navegar 2026 exigirá flexibilidade.
E é justamente essa combinação, clareza de foco, cadência de ciclos curtos e capacidade de correção rápida, que faz dos OKRs a ferramenta mais compatível com o mundo real que nos aguarda. Em um ano onde ninguém consegue prever nada com precisão, o que resta é construir capacidade de leitura e resposta.
2026 será um ano curto, incerto e intenso. Mas incerteza não é sinônimo de paralisia. Para quem souber operar com foco, cadência e adaptabilidade, esse também pode ser um ano de avanço. Não por causa da estabilidade (que não virá), mas por causa da capacidade de ajustar a rota rapidamente sempre que o cenário exigir. E ele vai exigir.
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