Entre o primeiro semestre de 2013 e o primeiro semestre de 2021, foram investidos em termos globais US$ 222 bilhões em tecnologia climática em mais de 3 mil startups – e a América Latina recebeu pequena fração desse montante, apesar de ser um dos continentes que mais sofrem os impactos das mudanças climáticas.
Esse panorama, entretanto, deve mudar consideravelmente nos próximos anos, e o conjunto de climatechs da América Latina tende a receber volumosos investimentos em função de seus inigualáveis recursos naturais e o enorme potencial de desenvolvimento de projetos relacionados à urgência de descarbonização da economia mundial.
A avaliação está no mais novo estudo publicado pela Latitud, plataforma de tecnologia que fornece a infraestrutura para a próxima geração de startups na América Latina. O Latin America: Future of Climate Tech faz parte de um report maior produzido pela Latitud sobre sete indústrias diferentes, o The LatAm Tech Report.
O incremento nos investimentos globais em ações contra as mudanças climáticas, observa o relatório de Latitud, está relacionado ao desafio de cumprimento da meta estabelecida em 2015 no Acordo de Paris. Naquela oportunidade, o conjunto das nações se comprometeu a implementar um elenco de ações visando o aumento das temperaturas globais em no máximo 1,5 grau até o final do século 21.
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América Latina e tecnologia climática
Em função de seus recursos naturais, a América Latina pode entregar mais reduções de carbono por dólar investido do que qualquer outra região do mundo. Outra janela de oportunidade está no fato de que o desenvolvimento de novas tecnologias no continente custa menos do que em outras regiões do planeta.
O relatório de Latitud aponta algumas áreas de grande potencial de investimento em climatechs na América Latina, nos eixos de mitigação, adaptação e prevenção às mudanças climáticas. Agtechs, energia renovável (incluindo hidrogênio verde), inteligência artificial e machine learning, soluções baseadas na natureza e construções verdes são algumas das áreas que tendem a atrair enormes investimentos nos próximos anos no continente.
Potencial da startups brasileiras
Uma das maiores potências ambientais do planeta, o Brasil tem vantagem sobre a maioria dos outros países da América Latina, aponta o relatório de Latitud. O documento cita o Relatório Climático do Brasil, lançado pelo Boston Consulting Group em setembro de 2022, que evidenciou algumas das oportunidades para o país. Por exemplo, 85% da matriz energética do Brasil é renovável, contra 26% na média mundial, e aquela proporção pode crescer ainda mais.
O Brasil pode ser o principal sumidouro de carbono do planeta, em estimadas 0,6 a 1,0 gigatoneladas por ano, sem deixar de ser rentável. A agricultura sustentável brasileira, por sua vez, pode alcançar projeção global. De fato, pela presença da maior floresta tropical, a Amazônia, e pelos outros biomas, o Brasil está no topo de importantes de Soluções Baseadas na Natureza, como no caso das agroflorestas.
Atualmente, o Brasil tem mais de 1.547 agtechs, registrando um aumento de 40% ao ano. Café e Soja seriam as primeiras indústrias alimentícias com potencial para mudar para uma produção sustentável em larga escala. Por outro lado, o país ainda enfrenta desafios. De acordo com o Climate TRACE, o Brasil polui mais que os EUA em termos de emissões de gases de efeito estufa nos setores de resíduos e florestas, o que não deixa de representar importante oportunidade para o crescimento de climatechs nesses segmentos.
Países da América Latina que estão na mira dos investidores
Outros países também têm potencial de receber relevantes investimentos em tecnologia climática. O Panamá projeta se transformar em uma potência em hidrogênio verde. No Chile, por sua geografia diversificada, há potencial para energia solar no norte, hidrogênio no meio e eólica no sul.
O setor de energia na Colômbia, por sua vez, é um dos maiores contribuintes para o seu PIB. De acordo com a Bloomberg, a Colômbia atingiu US$ 785 milhões em novos fluxos de investimento para energia limpa em 2021, e este ano o país deve iniciar um processo de energia renovável que aumentará sua capacidade eólica e solar por um fator de 13 a partir dos níveis de 2021 nos próximos quatro anos.
O ecossistema de climatechs tende a aumentar sua contribuição na luta pelas mudanças climáticas e a América Latina, por suas enormes vantagens competitivas, pode ser a “bola da vez” em atrair investimentos nos próximos e decisivos anos.
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