Seja uma calça de cintura baixa nos anos 2000, vídeos no TikTok ou copos térmicos de inox, a maioria das tendências surgem rapidamente, causam um grande impacto temporário e depois vão embora. São os padrões e dados gerados por esses comportamentos que nos indicam uma nova direção de mudança ao longo do tempo. Um bom exemplo disso é o software, que anos atrás vinha em uma caixa e, depois, passou a ser comercializado como serviço por assinatura (SaaS). Agora, é possível criar um software em tempo real usando a IA generativa.
Se você faz parte das gerações X, Millenial, Z ou Alpha, também é parte do que a futurista, Amy Webb, chamou de GenT – Transition Generation, ao longo do lançamento da 17ª edição do “Tech Trends Report”, no SXSW 2024, principal evento mundial de inovação e tecnologia que acontece em Austin, Texas. Essa geração está vivenciando uma nova revolução, o Superciclo Tecnológico, com impacto equivalente à invenção do motor a vapor e da eletricidade. Segundo ela, essa transformação radical é induzida pelas chamadas Tecnologias com Propósitos Generalistas (GPTs, em inglês) e terão um potencial sem precedentes para remodelar a economia e a sociedade.
O que antes era determinado por uma única tecnologia, será impulsionado por três ferramentas emergentes e principais: inteligência artificial (IA), ecossistemas interligados (incluindo dispositivos vestíveis, internet das coisas) e biotecnologia. Isso explica a razão de líderes e CEOs estarem inundados por um ambiente complexo de incertezas, medos e dúvidas – o que ela denomina como FUD (do acrônimo inglês, “fear, uncertainty and doubt”) – em relação às questões de impacto global como guerras e sustentabilidade corporativa, e de repercussões locais, como metas de curto prazo e a rápida evolução da IA.
Mesmo assim, a pesquisadora foi extremamente otimista e destacou o quanto ainda temos controle do nosso próprio futuro. Ela provocou o público com cenários hipotéticos, como a possibilidade de deep fakes desencadearem eventos catastróficos e o potencial de dispositivos inteligentes (IoT, ou Internet of things) serem utilizados para coletar dados que possam ser agregados em sistemas de social credit ,(ou, ranqueamento social); ou até manipulação de preços. Ao mesmo tempo, Amy explicou sobre o impacto o de algoritmos treinados em LLMs, ou Large Language Models e apresentou o conceito de LAMs, ou Large Action Models. As máquinas vão ajudar humanos a prever o nosso comportamento em décimos de segundos antes de efetivamente fazermos algo e isso será impulsionado pelo que ela chama de “Face Computers”, que são os equipamentos como o Apple Vision Pro e o Meta Quest.
Esse controle será elemento importante na relação entre a nossa segurança e a ética levada em conta na construção da IA. Como pesquisadora de privacidade e identidade digital há anos, não tenho dúvidas de que o melhor caminho para impedir que a tecnologia seja mal utilizada seja o do conhecimento e da transparência da informação que está sendo usada. Essa visão intrigante e, ao mesmo tempo, preocupante sobre o futuro tecnológico, nos desperta para a importância da responsabilidade e da preparação para enfrentar os desafios que estão por vir.
Na GenT, como Amy retrata, precisamos saber que nosso comportamento é a chave para a construção de um futuro promissor para humanos, e para o planeta. Quais decisões precisam ser tomadas daqui para frente e de que forma permitiremos que a evolução da IA seja construída com nossos dados são questões que merecem muita reflexão. O reforço e o incremento de medidas de cibersegurança e privacidade devem ser aplicados dentro dessa equação para um futuro mais confiável, sustentável e ético. Ou seja, precisamos pensar que um panorama positivo só será possível se as pessoas tiverem controle sobre a sua própria narrativa por meio da soberania de seus dados.
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