Todo mundo que já foi em evento de startup sabe que há uma boa repetição das carinhas que são encontradas, mesmo nos grandes centros, como São Paulo e Rio. Hoje, fui ver a aula inicial do programa Sthart, que capacitará cem universitários para leva-los ao mundo das startups, e fiquei com esperança de que esse quadro mude. Ou pelo menos passe por uma boa oxigenada.
O Sthart começou suas aulas hoje, em São Paulo, com a presença dos cem universitários escolhidos após uma série de provas e avaliações. Eles são divididos em quatro grupos de especialidades: Design, Business developer, Marketing digital e Programadores. Os alunos passarão por três semanas de capacitação: uma delas será de palestras e as outras duas terão atividades práticas.
Durante todo esse tempo, algumas startups que já se comprometeram em contratar jovens do programa circularão pelas aulas, já de olho em possíveis futuros funcionários -segundo a organização, já estão garantidas 60 vagas para os alunos do Sthart. Nas últimas duas semanas da capacitação, os alunos realizarão projetos que envolvem essas startups interessadas na contratação e poderão apresentar seu aprendizado a elas no final de julho.
E é isso que existe agora sobre o conteúdo que será levado a esses jovens: planos. Ainda são planos de aprendizado, e não posso dizer na prática que efeitos eles terão. O que posso dizer hoje é que essa turma de cem jovens trará um ar diferente para o ecossistema de startups, porque a diversidade de gênero e etnia por lá é algo novo no nosso mercado.
De novo, chamo para a conversa quem já esteve em eventos de startups. A maioria dos empreendedores e dos caras que estão no palco fazendo pitches são homens brancos, com aquela calça jeans e a camiseta da startup.
Na turma do Sthart, a predominância segue com os homens brancos, mas surgem algumas novidades. Pelo que eu pude ver na sala hoje, de 20% a 25% dos alunos eram do sexo feminino –é pouco, mas me parece mais do que eu vejo nos eventos. Outra coisa que foi bom de ver foi uma presença maior de homens negros, que também precisam ter mais presença nessa comunidade. Não vi nenhuma mulher negra, então fica esse desafio para a próxima turma 🙂
É interessante formar gente mais diversa agora, porque no futuro isso vai gerar um quadro mais interessante de investidores –muita gente que dá certo como empreendedor acaba se tornando investidor. E a gente precisa de diversidade na comunidade de investidores também. A Anjos do Brasil* divulgou recentemente um perfil do investidor anjo no Brasil e ninguém ficou surpreso ao ver que 98% deles são do sexo masculino –na pesquisa da Anjos, não houve distinção por etnia.
Acho que o Sthart já cumpriu o papel de transplantar cem novas cabeças para o ecossistema, com origens diferentes e que podem gerar um mundo de ideias inovadoras. Fica ao futuro saber que impacto isso terá na próxima geração de startups brasileiras.
*A Anjos do Brasil faz parte da nova estratégia do Startupi; veja mais aqui