De 10 a 13 de novembro aconteceu a edição global e online do Startupi Innovation Week que reuniu os melhores talentos das comunidades mais avançadas em inovação, dentro e fora do Brasil. O evento foi criado para mostrar que existem muito mais casos de sucesso além do Silicon Valley.
Durante 4 dias, os participantes se conectaram e interagiram com mais de trinta palestrantes nacionais e internacionais, para conhecer os programas de incentivo e investimentos para startups, os casos de sucesso, a opinião de investidores e fundos de venture capital e entender como as empresas brasileiras de software podem se internacionalizar e ganhar escala global.
O evento teve como correalizadores o Consulado Geral de Israel São Paulo, a Câmara de Comércio Brasil-Canadá e a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Conta ainda com o Patrocínio da DELL e SPACES e com o apoio da ABSTARTUPS.
Veja os destaques do dia dedicado à Alemanha.
Em 2020, a Alemanha foi considerada como principal país no quesito inovação, de acordo com a Bloomberg Innovation Index. Por conta disso, a expressão “Made in Germany” se tornou sinônimo de qualidade no mundo inteiro. “É impossível falar do ecossistema de startups sem falar do ecossistema de inovação. Na Alemanha, é um ecossistema muito grande”, destacou Bruno Vath Zarpellon, Diretor de Inovação e Tecnologia da Câmara Brasil-Alemanha (AHK).
Há mais de 100 anos, a entidade representa a economia alemã no Brasil com o objetivo de fortalecer o comércio bilateral e apoiar os negócios das quase 800 empresas associadas. Juntas, elas representam cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “A Alemanha define de tempos em tempos a estratégia de alta tecnologia, como se fosse um plano de governo que tem como objetivo trazer o país como principal polo de inovação, ao mesmo tempo que consegue direcionar os principais esforços que vão ser realizados nos últimos anos”, disse.
Varth conta que na Alemanha a maior parte dos investimentos em inovação são feitos pelo setor privado, sendo a maior parte deles direcionado à pequenas e médias empresas. “Elas são o motor de inovação da Alemanha. É nelas que se sustentam os principais movimentos de inovação e tecnologia”.
Além disso, o termo Indústria 4.0, criado e popularizado pela Alemanha, se tornou referência para a 4ª Revolução Industrial. “A Alemanha tem como espinha dorsal da sua economia o setor de manufatura e essa respectiva cadeia de valor, parte de produção propriamente dita. Trata-se de uma estratégia da Alemanha para se manter como país líder com soluções para a indústria”.
Bruno também reforçou os programas de aceleração oferecidos pela Câmara Brasil-Alemanha (AHK). Um deles, é o “Startups Connected”, de aceleração de projetos entre startups e grandes empresas. “Nós selecionamos startups de acordo com desafios empresariais das nossas empresas âncoras, depois passamos três meses com essas startups e empresas focando no desenvolvimento de um piloto, para que no final dos três meses a empresa tenha um ‘go’ ou ‘não go’”.
Já o “Startups Speed Dating” é uma rodada de negócios que pode ser realizada de forma aberta ou em conjunto, buscando conectar as startups com os desafios de empresas. “Diferente do programa de aceleração, o foco é somente a conexão e não a aceleração de um projeto”. Outra iniciativa é a “Associação exclusiva para startups”, que de acordo com o diretor, baseia-se em um “pacote de benefícios para ajudar as startups no momento em que elas estão, tanto na parte de alavancagem de negócios com as empresas associadas como também com foco na internacionalização”.
Iniciativas alemãs para promover o ecossistema de startups
Philipp Kövener, Program Manager Trend and Innovation Scouting da German Trade and Investment, deu alguns detalhes sobre como funcionam os hubs de inovação na Alemanha, dando destaque para Frankfurt, polo importante para as empresas do setor de tecnologia e financeiro. Atualmente, 1500 pequenas empresas e corporações trabalham com a German Trade and Investment.
“Já investimos mais de 1 bilhão de euros em capital de risco e desde 2017 já tivemos mais de 450 cooperações bem sucedidas entre empresas bem estabelecidas e startups”. Ele conta que durante a pandemia, teve que adaptar a sua forma de trabalho. “No passado, nós organizávamos eventos. Agora, passamos a criar eventos virtuais para nos reunirmos com as startups para elas fazerem seus pitchs online”.
Na opinião de Philipp, a pandemia prejudicou alguns processos de internacionalização, sobretudo no início, mas que isso deve ser regularizado nos próximos meses. “Devo admitir que, no início, muitas startups não sabiam como conseguir financiamentos internacionais, mas muitas conseguiram se adaptar rapidamente. Como viagens de negócios se tornaram muito mais difíceis durante a pandemia, é claro que vai levar algum tempo, mas nós vamos nos recuperar. Provavelmente no segundo semestre do ano que vem”.
Kövener deu algumas dicas para quem quer internacionalizar suas operações, além de apontar quais segmentos de startups mais se destacam na Alemanha. “Você deve ter consciência da situação do mercado, como é no local onde você deve operar e se possível, tentar encontrar um parceiro local. A indústria é muito diversificada, mas os mais importantes são: software comercial, seguros, bancos e e-commerce”.
Ativos e benefícios do Estado da Bavaria para Startups
Katharina Kees, Manager Investor Services da Invest Bavaria, comentou um pouco sobre a região, localizada na região central da Europa, onde várias grandes empresas possuem um subsidiária. Com 13 milhões de habitantes, ela representa o segundo maior PIB dentro da Alemanha.
“A economia é muito diversificada, mas existem alguns setores mais importantes como a manufatura, setores financeiros e outras indústrias. Isso mostra que as grandes empresas confiam nessa localidade e nos próximos anos, nós teremos este papel inovador para os desafios que nós podemos nos deparar no futuro”.
Além do papel relevante das incubadoras e hubs de inovação, ela também comentou a importância do investimento do governo alemão na área de alta tecnologia, o que contribui bastante para fomentar o ecossistema de inovação. “Esses recursos são investidos, por exemplo, nas universidades, nas indústrias, que são muito importantes para o futuro”.
Ela também destacou o que as startups devem ter para se integrar ao portfólio da Invest Bavaria. “Estamos focando nas startups do setor digital e damos preferência para aquelas que realmente possuem uma tecnologia inovadora e que muitas vezes queira desenvolver juntamente com um parceiro na Alemanha. Eu diria que essa é a melhor forma de iniciar as operações na Bavaria”, finalizou.
Inovando com startups e corporate venture capital – casos de empresas
Siemens Energy Brasil
Caio Pandolfi, Head de Inovação na Siemens Energy Brasil, destacou as iniciativas da empresa em relação à inovação aberta. Por ser uma grande empresa, apontou que a Siemens está muito próxima dos grandes ecossistemas mundiais e sempre procura os melhores parceiros. “Vejo uma intensificação dos esforços e um foco na inovação aberta. Todas as grandes empresas estão com esse foco, com muitos hackatons, muitas iniciativas para acelerar a implementação de ideias para fomentar o empreendedorismo. Open Innovation é uma maneira fantástica de trazer novas tecnologias e novos negócios na empresa”, disse.
Ele também comentou um pouco sobre a Next47, venture capital da Siemens, localizada nos Estados Unidos que busca acelerar startups em todo o mundo, sobretudo em áreas como Inteligência Artificial e Internet das Coisas. “A Next47 foi criada para que a Siemens pudesse encontrar a próxima tecnologia realmente disruptiva que pudesse fazer parte da empresa no futuro. Assim que a gente investe na startup, nós usamos a força da Siemens para alavancar essa organização na qual estamos investindo. A Siemens está presente em todo o mundo”.
De um modo geral, segundo Pandolfi, a Siemens procura startups que se encaixem em seu negócio e que tenham potencial para crescer e ganhar escala. “Procuramos novas formas de entregar uma forma de energia que seja acessível, não muito cara, e também outras formas de transformar os recursos, qualquer coisa que possa ser transformada em energia verde”.
Bayer
A Bayer também investe de forma maciça em pesquisa e desenvolvimento. Nascida na Alemanha em 1850, possui cerca de 110 mil funcionários e atualmente foca em três áreas: agrícola, farmacêutica e de tecnologia da informação. “É preciso ter uma mentalidade que aceite a inovação e crescimento. Como eu posso usar uma tecnologia diferente para fazer as coisas que eu já faço de uma forma melhor, com mais rapidez, e atender as necessidades do meu cliente”, destacou Henning Trill, Innovation VP da empresa.
Com vários hubs de inovação em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, a Bayer possui um venture funding independente que foca em soluções de empresas. “Nós trabalhamos com as startups para resolver problemas de negócios que podemos ter. Se quisermos otimizar nossos processos ou encontrar novas formas de descobrir outros medicamentos, por exemplo, nós procuramos startups que possam oferecer soluções nesses casos”.
Assim, a Bayer atua mais como cliente do que como investidor da startup. “Nós formamos uma colaboração com elas no estágio inicial para podermos ter acesso logo de início a essas tecnologias. É assim que nós criamos startups internamente. A expectativa é que essas startups trabalhem 2, 3 anos, comecem a ter seus próprios negócios e aí nós ajudamos essas startups a terem novas oportunidades”, apontou Henning.
Basf
Já o sistema de venture capital da multinacional BASF, tem como foco a área de manufatura, manutenção e logística. “Nós estamos tentando ajudar a construir as parcerias e ficar do lado das startups, ajudando-as a aumentar os seus negócios. Estamos interessados em empresas e startups que possam substituir, complementar e aprimorar os nossos negócios já existentes. Estamos passando por uma transformação digital, procuramos novas tecnologias e tentamos sempre nos adaptar”, destacou Kim Höffken, Investment Manager da BASF Venture Capital America Inc.
Ele adiantou que está avaliando o trabalho das startups brasileiras para potenciais investimentos. Além disso, deu algumas dicas para quem está começando. “Eu gostaria de recomendar o seguinte: é bom que vocês não façam coisas muito complexas. Essa é uma recomendação honesta que eu gosto de fazer para as startups, mesmo para um piloto. Não importa em que estágio você esteja, cobre do cliente ou da corporação. Porque na maioria das vezes, o problema relacionado aos baixos volumes não é o próprio orçamento, é o processo”.
Já Bernhard Von Vacano, também da área de tecnologia da BASF Alemanha, afirmou que a busca por esses projetos vem da necessidade da empresa em inovar e criar produtos para o chamado “novo futuro”. Ele também citou a importância de uma grande corporação estar aberta à inovação, traduzindo a linguagem da corporação para a startup. “Trabalhamos com parceiros, definindo habilidades técnicas, encontrando as pessoas certas. É importante identificar as pessoas que podem apoiar no que nós fazemos e claro, tendo toda essa condição técnica”. E completou. “Nós entendemos que as startups precisam vender, então nós tentamos sempre fazer com que as pessoas possam navegar nesse mundo corporativo, que é tão complexo, e que traduzam isso para a linguagem das startups”.
Por fim, garantiu que a BASF está equipada para fomentar essas ações tanto em âmbito local quanto global. “Se você avaliar a presença dos nossos centros de inovação, você precisa estar presente em ecossistemas relevantes. Você pode encontrar tópicos diferentes, mas você tem que ser local e global ao mesmo tempo”.
Confira abaixo o evento na íntegra:
Para Geraldo Santos, diretor-geral do Startupi, o Innovation Week marca o início de um ciclo de eventos que acontecerão em 2021 para levar cada vez mais conteúdo e informação de alto nível para o mercado brasileiro.
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