A YB Digital Content, uma startup superenxuta, conseguiu vencer concorrentes como a Folha de S. Paulo durante a edição de 2013 do Com Kids Prix Jeunesse Iberoamericano, organizado com apoio de entidades como Unesco e Unicef. O estúdio, mantido pelos sócios Fernando Tangi e Samira Almeida, precisou de apenas quatro pessoas para montar o app book “Frankie for Kids”, que ficou em segundo lugar na categoria de produtos digitais e interativos da competição.
“Na Alemanha, esse prêmio foi criado para estimular a produção de conteúdo infanto-juvenil e a versão ibero-americana quer estimular a mesma coisa nos países falantes de português e espanhol”, conta Samira, com quem conversei por telefone na semana passada. Segundo ela, a ideia é estimular a criação de um ecossistema de estímulo a produção de conteúdo para crianças. “A gente concorreu com grandes portais, que dão suporte a canais estatais em outros países da América Latina, e outras empresas grandes aqui no Brasil.”
O “Frankie for Kids” é uma espécie de “mínimo produto viável” da YB, que se define como uma “produtora de apps multiplataforma”. Trata-se de um aplicativo bilíngue sobre a história do Frankenstein, criado para crianças a partir de 9 anos, com 39 telas permeadas por interatividade. “O nosso aplicativo é literatura. Sempre queremos deixar claro que não é um game ou um vídeo”, conta Samira.
Samira e Fernando vêm do mercado editorial e eles contam que bolaram o negócio da YB a partir de uma experiência prévia com conteúdo infantil. “Nós criamos o ‘Frankie for Kids’ achando que havia interesse do mercado editorial por isso. Embora haja muitos brasileiros comprando app books do mundo todo (e o nosso tenha sido baixado também no mundo todo), ainda se vê pouca movimentação das editoras neste sentido”, completa Fernando. O app foi criado em apenas três meses, com investimento de tempo e dinheiro dos dois.
“A gente decidiu que ia fazer, então pudemos criar um processo diferente. Decidimos colocar a inteligência do nosso trabalho na criatividade. Criamos tudo antes de pensar na programação. A gente não senta e vê o que dá ou não para ser feito em termos técnicos”, conta Samira. “Vimos que isso refletiu no produto final, porque muitos aplicativos acabam virando muito jogo ou muito filme, perdendo a característica de livro.”
Depois de lançado o app, a sócia conta que eles decidiram bater nas portas das editoras, mas o caminho foi muito difícil. “Eles já tiveram vários problemas na área, como pagar caro demais e não ter o retorno. Existe uma série de coisinhas e o modelo desse mercado ainda não está definido, então ainda existe muito medo de errar.”
Samira diz que o prêmio trouxe várias propostas de parceria, mas eles ainda não divulgam nenhuma. A surpresa, conta ela, é que muitas vieram de fora do mercado editorial.