Edson Rocha trabalhava na administração da Fiat, marca de automóveis, quando percebeu uma mudança no mercado. A empresa parou de contratar modelos para serem capas de suas campanhas comerciais e começou a investir em blogueiras que bombavam no Orkut, hoje conhecidas como influenciadoras digitais.
Seu instinto empreendedor não o deixou pensar duas vezes, Edson pediu as contas da companhia tradicional para abrir seu próprio negócio com a ideia de combinar gestão de modelos com a influência das redes sociais que estava cada vez mais ganhando forças. Segundo Edson, seu pai “quase teve um ataque do coração” quando descobriu que o filho sairia de algo fixo para apostar em uma ideia mirabolante, mal sabia ele que estava olhando para o futuro CEO da Metrópole 4, startup de marketing de influência.
Rocha tinha o sonho e as habilidades com gestão de pessoas e marketing, mas precisava do financeiro. Divulgou no LinkedIn uma vaga na área para um profissional que estava disposto a trabalhar muito e não ganhar nada a princípio. Foi nesse momento que o economista Rafael Miranda entrou na história. Ele já havia empreendido duas vezes, o primeiro negócio que foi em construção civil não deu certo e o segundo era uma hamburgueria que funcionou muito bem ao longo de cinco anos, mas o empreendedor estava em busca de novos desafios.
“Eu não tinha ideia para empreender algo novo, então precisava procurar emprego e achei essa vaga. Não entendi muito bem o que era marketing de influência, mas ele vendeu uma ideia incrível e eu topei o desafio de criar um negócio grande”, explica Miranda. Depois veio Felipe Sabino para compor o cargo de desenvolvedor e tirar as ideias do papel.
Altos e baixos
A trajetória até esse momento do texto pode ter parecido simples, mas foram necessários três anos e meio para botar em prática aquilo que Edson sonhou quando pediu demissão de seu trabalho estável. “Frustrante” é a primeira palavra que vem na mente do CEO quando lembra desse momento.
“Foi um dos períodos mais complexos da minha vida. Eu tinha largado meu emprego seguro e muito bom, porque eu acreditava que deveria focar 100% nesse meu novo projeto, mas eu via minha conta no banco esvaziar. O Orkut estava declinando, os influenciadores surgindo, o Youtube e Instagram começando a bombar, diversas startups sendo lançadas e eu ainda não tinha conseguido tirar minha ideia do papel”, compartilha Edson sobre o período em que buscava sua equipe.
Mas a cada nova conquista, o empreendedor de primeira viagem encontrava fôlego. “A entrada do Rafael me ajudou muito. Ele já tinha empreendido e isso me deu segurança, ele tinha ideia das dores e dificuldades que encontraríamos no caminho. Vi que não estava sozinho. Depois passamos pelo nosso primeiro programa de aceleração”.
A virada de chave
No início de 2020 a Metrópole 4 passou pelo Lemonade, programa de aceleração de startups em estágio inicial. Naquela época, ela já era uma companhia com soluções que conectam influenciadores digitais com a mesma sinergia de marcas em busca de rostos influentes para uma campanha digital, mas faltava investimento para rodar o produto no mercado. Seis meses depois, estava fechando a primeira rodada de investimentos no valor de R$ 325 mil liderada pela Anjos do Brasil.
Em 2021, a startup lançou seu primeiro produto no mercado, a plataforma Metrópole 4 para marcas e agências, que oferece uma solução para diferentes etapas do fluxo de trabalho de uma campanha de marketing de influência. Com a ferramenta, a marca encontra influenciadores compatíveis com o comercial que deseja produzir e recebe relatórios analíticos avançados das campanhas nas redes sociais. “Hoje, nossa ferramenta permite que as empresas acompanhem os influenciadores em tempo real, tenha acesso a todos os dados, métricas e conteúdos do Instagram, TikTok e Youtube, sem precisar acessar cada perfil”, explica o CEO.
Outra solução da empresa é o Simple Media Kit (SMK) voltada para os influenciadores digitais. Após se cadastrarem na plataforma, os influenciadores e criadores podem configurar seus perfis, fornecer suas métricas e publicar um mídia kit para chamar a atenção de grandes marcas. “A ferramenta faz um match perfeito entre a marca e o influenciador, mas além disso ela monitora se os dois estão fazendo o papel adequado. Pagamento e métricas são verificados e prezamos pela qualidade de conteúdo, esse é o nosso diferencial no mercado”, explica o CFO Rafael Miranda.
Estratégia para se destacar
Sabendo que eles não eram a única empresa de marketing de influência no mercado, o time da Metrópole 4 precisava encontrar sua arma secreta para se destacar, foi nesse momento que criaram duas novas ferramentas. A primeira foi batizada de “Favorabilidade”, solução que monitora, através de um aprendizado de máquina e inteligência artificial, toda conversa gerada dentro de um conteúdo publicado pelo influencer.
“O software verifica no Instagram, Youtube ou TikTok se aquele post está tendo uma boa repercussão. Por exemplo, essa campanha agora está com 90% de conversas de favorabilidade, significa que aquela conversa é positiva. Ou quando uma marca faz um comercial que gera polêmicas, a ferramenta sinaliza para a empresa e para o influenciador. Com essa informação, é possível pensar em novas estratégias e fazer até uma campanha de contingência”, explica Edson.
O segundo produto foi lançado no mercado após a startup perceber uma alta demanda das empresas na criatividade de suas campanhas. Foi entendido que os criadores de conteúdo nem sempre têm inspirações para criar novos posts publicitários em grande escala, então foi lançada a ferramenta Gerador de storytelling, que gera sugestões de conteúdo com base no objetivo e no nicho do comercial. “Essa solução não foi desenvolvida para substituir a criatividade do influenciador, mas sim para agregar e dar inspiração. Ele ainda pode colocar sua essência no produto final. O gerador também informa quais são os posts que dão um resultado melhor e quais dão menos”, diz o CEO.
Segundo a startup, 80% dos consumidores confiam mais em recomendações feitas por pessoas do que por marcas, mas isso só acontece se o influenciador atingir a atenção do seu público através de conteúdos inéditos e criativos.
“As marcas precisam que o influenciador seja criativo e tenha contexto, mas ninguém tem ideias 24 horas por dia. Tem contratos anuais onde o influencer deve postar toda semana, como não ser cansativo e repetitivo nas redes sociais? A tendência é que a demanda das empresas aumente. Em vez de ver o que os concorrentes estão fazendo nas redes, o criador tem o apoio de uma inteligência artificial para dar sugestões novas”, complementa.
Agora, após um ótimo primeiro ano no mercado, com clientes como Subway, McDonald’s, Itaú e Pague Menos e mais de trinta mil influenciadores mapeados na plataforma, a startup fechou mais uma rodada de investimento no valor de R$ 700 mil, com investidores como a Bossanova Investimentos, Anjos do Brasil e Insper. O aporte será usado para ganhar tração, velocidade e melhorar a tecnologia de cada produto, para acompanhar as rápidas mudanças das redes sociais.
* Foto destaque: Edson Rocha e Rafael Miranda
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