O Colab, startup de tecnologia que aproxima governos e cidadãos para uma gestão pública mais colaborativa e eficiente, captou mais de R$ 3 milhões em um novo investimento. O aporte foi feito por dois fundos americanos e um brasileiro: Media Development Investment Fund (MDIF), que investe em canais de mídia independente, Luminate, braço filantrópico de governança e engajamento cidadão do grupo Omidyar, e EDP Ventures, veículo de investimento de capital de risco do Grupo EDP.
O aporte possibilitará o aumento de escopo do negócio, com crescimento da base de usuários e mais serviços e ferramentas para os dois lados: cidadãos e governos. Para atender a expansão, a startup também aumentará a sua equipe, que passará a ter cerca de 35 colaboradores.
“O Colab está passando por um momento de grandes transformações. Há sete anos levamos inovação a governos, com o diferencial de também oferecer um canal para dar mais voz à população”, afirma Gustavo Maia, fundador e CEO do Colab. “Termos nos destacado como govtech e trazido para nosso lado quatro importantes fundos do mundo que investem nesse segmento nos traz confiança para seguir gerando impacto positivo na nossa sociedade”, complementa.
Os fundos que investiram no Colab nesta rodada destacam que o negócio está bem estruturado para uma nova etapa de expansão. “Trabalhamos com a companhia desde 2014 e sabemos que ela tem fundamentos sólidos e está bem posicionada para o crescimento. Essa rodada de investimentos permitirá ao Colab expandir a sua base de usuários e desenvolver novas ferramentas e serviços para apoiar melhor o engajamento cidadão e a transparência do governo”, diz Harlan Mandel, CEO do MDIF.
“Vivemos em um tempo no qual a população e seus governos almejam estreitar relações. Cidadãos buscam garantir o pleno exercício de uma cidadania inclusiva, e provedores de serviços públicos se vêem cada vez mais compelidos a buscar eficiência”, afirma Felipe Estefan, diretor de investimento do Luminate. “Temos orgulho de investir no Colab, com a certeza de que é uma empresa bem posicionada para fazer essa conexão”.
“A EDP Ventures tem sido um importante canal para estreitar os laços com o ecossistema de startups. Nosso quinto investimento, acontece nesta fase complexa durante a pandemia, mostrando nosso compromisso com o ecossistema e nossa capacidade de olharmos ao longo prazo, que nos mantém sempre ativos na procura de startups com relevância estratégica para nosso Grupo. Temos confiança que o Colab, com esse aporte, poderá expandir mais a própria atuação no mercado de utilities”, afirma Rosario Cannata, gestor de Investimento da EDP Ventures Brasil.
Este é o terceiro investimento recebido pela govtech, que em 2014, teve aporte de R$ 500 mil da gestora KPTL (na época, A5), que é sócia-investidora do Colab, e em 2015/16 recebeu US$ 1,25 milhão do MDIF e da Omydiar Network.
“A KPTL antecipou tendências, investindo no Colab em 2013. Na época o Brasil já demandava um nível de digitalização muito grande para melhor atender os cidadãos, seja em saúde, mobilidade ou segurança. Na pandemia ficou claro para todos a deficiência que o Estado tem por ser pouco tecnológico, com raríssimas exceções. O Colab é uma empresa constituída por bons empreendedores que identificaram lá atrás uma demanda dos cidadãos por mais voz, abrir suas solicitações, opinar sobre seus serviços e sugerir melhorias para o Estado”, afirma Renato Ramalho, CEO da KPTL.
Inovação para cidadãos e governos
O Colab oferece solução tecnológica tanto para governos como para a sociedade. Foi fundado em 2013 com a missão de auxiliar a gestão pública a se tornar mais eficiente e responsiva às demandas da sociedade. No mesmo ano, foi eleito o melhor aplicativo urbano do mundo pela New Cities Foundation. Hoje o Colab é usado por mais de 100 prefeituras do Brasil e conta com mais de 300 mil usuários.
Para os cidadãos, o Colab é um aplicativo gratuito que funciona como uma rede social para a cidadania, em que os usuários postam demandas de zeladoria urbana, fiscalizam serviços públicos e respondem a consultas públicas realizadas pelas prefeituras, para que sua opinião seja levada em conta em tomadas de decisão.
De outro lado, para os governos, o Colab entrega as demandas da população em tempo real, sem empecilhos burocráticos, e oferece ferramentas de gestão e análise para que os gestores públicos consigam atender aos pedidos de forma estruturada e possam se basear nas propostas para conduzir a administração pública. Com a startup, as prefeituras conseguiram aumentar sua taxa de resolução de demandas da população, com mais agilidade e economia de recursos, além de ter maior participação popular em decisões públicas, que vão desde a escolha de equipamentos urbanos a orçamento participativo.
O Colab também é a plataforma escolhida pelo ONU-Habitat, o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, para aplicar uma pesquisa anual nacional de percepção dos brasileiros sobre a condição de vida em suas cidade.
Programa de aceleração EDP e projeto-piloto
O Colab foi um dos finalistas do programa de aceleração da EDP em 2019, conseguindo apresentar suas soluções no Web Summit, um dos maiores eventos de empreendedorismo e inovação do mundo, realizado em Portugal. Mesmo sem vencer o concurso, a startup pernambucana fechou uma parceria com a EDP para um projeto piloto em Guarulhos, colocado em prática em fevereiro deste ano. Foi a primeira vez em que a startup trabalhou com uma concessionária de serviços.
Na iniciativa, cidadãos ajudavam a fiscalizar notificações registradas pelo call center da EDP, como árvores tocando em fios elétricos ou fios esporadicamente caídos nas ruas. Os usuários do Colab recebiam as notificações com instruções de como fazer uma vistoria segura e adequada, iam ao local para tirar algumas fotos com o próprio celular e enviavam as informações necessárias. Depois que a fiscalização era validada pela EDP, os usuários ganhavam uma recompensa financeira.
“O Colab cumpre um papel fundamental de aproximar os cidadãos e às organizações em prol da melhoria das qualidades dos serviços prestados. Este propósito está alinhado à estratégia da EDP, que está comprometida com o futuro do setor elétrico cada vez mais digitalizado e descentralizado”, diz Livia Brando, diretora de Inovação & Ventures da EDP Brasil. “Os resultados obtidos no projeto desenvolvido em conjunto com o Colab foram excelentes e fortaleceram nossa tomada de decisão pelo investimento na startup. Temos expectativas de expansão da solução para outras regiões, podendo agregar novos serviços ao escopo e gerando impacto social e renda adicional aos cidadãos das regiões em que atuamos”.
Criada em maio de 2018, a EDP Ventures Brasil possui R$ 30 milhões em recursos a serem destinados a startups que atuam em seis verticais: energia renovável, redes inteligentes, armazenamento de energia, inovação digital (blockchain, IoT, Big Data, Realidade Virtual), soluções com foco no cliente e áreas transversais (legal techs, fintechs).
Em março deste ano, com a chegada da pandemia do novo coronavírus ao Brasil, a startup passou a oferecer novas funcionalidades para colaboração cidadã. Junto com a Epitrack, startup de inteligência de dados para o monitoramento e controle de doenças, o Colab lançou uma ferramenta para mapear em todo o território brasileiro o risco de casos de coronavírus que ainda não foram notificados pelos sistemas oficiais de vigilância em Saúde.
Pelo aplicativo, voluntários enviam diariamente informações sobre o seu estado de saúde, e os dados reportados são analisados por um algoritmo que classifica casos sintomáticos e assintomáticos em um mapa gratuito disponível na plataforma Brasil Sem Corona.
A ferramenta ajuda a população a saber como pode ser a realidade da doença no seu entorno, assim como oferece informações complementares para gestores públicos preverem as tendências de avanço da pandemia pelo Brasil. Os dados já foram usados, por exemplo, para a saúde pública priorizar áreas para a aplicação de testes para covid-19 na população.
O aplicativo também integrou a assistente virtual inteligente Cloudia, chatbot da área da saúde, para tirar dúvidas dos usuários em relação à covid-19. Ele ainda permite que os usuários denunciem em suas cidades a prática de preço abusivo de produtos básicos, evento ou comércio aberto irregularmente, filas e aglomerações de pessoas em hospitais e postos de saúde e falta de abastecimento de alimento, remédios e produtos básicos.