“A inteligência artificial vai impactar todas as indústrias.” Isso é o que afirma Marcelo Claure, diretor de operações do SoftBank no Brasil. Na terceira apresentação do evento Brazil at Silicon Valley, que foi ao ar nesta quarta-feira, 20, pelo YouTube, o executivo debateu o futuro e os investimentos no mercado de tecnologia no período pós-pandemia e o impacto das novas ferramentas digitais.
“O maior aprendizado é a forma como os chineses estão fazendo a gestão da pandemia. Você não para a propagação da pandemia, mas pode contê-la”, diz. Para isso é preciso utilizar tecnologias como Inteligência Artificial e Big Data para criar modos preditivos e, assim, prever o que vai acontecer no futuro. “Quando você tem a capacidade de usar dados, é possível prever todos os desastres que vão acontecer.”
Sobre os negócios do conglomerado japonês, segundo ele, o grupo sofreu uma perda grande. “Talvez a maior de nossa história”, afirmou. “As crises começam e terminam. Temos um plano de dez anos e podemos ter um plano para os próximos 30 anos. Estamos nisso pelo longo prazo”, afirma. “Vamos apoiar a empresa na qual investimos.”
A confiança é de que a companhia possa se recuperar nos próximos meses “à medida que o mundo volte ao normal com as pessoas saindo da quarentena”, afirma. A esperança é de retorno dos investimentos que foram feitos nos últimos anos. Entre os setores, Claure aposta no crescimento do comércio eletrônico, no delivery de comida, em bancos digitais.
Sobre o Brasil, a criação de um fundo de US$ 5 bilhões para investir em startups da América Latina ajudou a desenvolver o ecossistema de empresas de tecnologia da região. “Não apenas investimos muito como forçamos outros a investir”, diz. Até o momento, a companhia japonesa já realizou US$ 1,8 bilhão de dólares em aportes no continente, sendo US$ 1,4 bilhão somente em startups brasileiras.
Isso não foi tão simples de ser feito. De acordo com Claure, não foi uma missão fácil convencer Masayoshi Son, o homem forte do SoftBank, a alocar dinheiro para startups latino-americanas. O executivo ficou confuso com o cenário brasileiro, principalmente por causa da crise de 2008 e pelas perdas que o mercado sofreu com a reeleição do presidente Lula, em 2006. Isso mudou após os executivos perceberem o tamanho e o potencial do mercado com o qual estavam lidando.
Porém, nem tudo pode ser resumido em um otimismo na recuperação da economia no cenário pós-pandemia. “As coisas vão voltar ao normal. Mas o número de óbitos e casos do coronavírus me preocupa, porque vem crescendo muito rápido”, afirma. Até nesta quarta-feira, o Brasil tinha 291.579 pessoas infectadas e 18.859 vítimas fatais da covid-19.
WeWork
Em relação ao WeWork, Claure, que pertence ao conselho executivo da companhia, afirmou que a empresa de locação de escritórios precisou mudar seu produto para captar as necessidades das pessoas durante e após a pandemia. “Redesenhamos nossos espaços. Você não pode entrar em um espaço e tomar conta dele. Cada um vai ter seu próprio assento.”
Para ele, a expectativa da companhia era que muitos dos clientes fossem cancelar seus contratos de aluguel dos espaços. Isso não aconteceu. “Grandes empresas não querem assinar um compromisso de longo prazo, e a demanda por produtos assim é enorme”, diz.
O executivo também comentou a nova onda que impulsionou o trabalho remoto em home office e que já foi adotado por diferentes empresas ao redor do planeta. “Vai haver uma combinação entre o mundo digital e o mundo físico”, afirma. “O mundo físico não vai para lugar algum.”
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