Uma semana depois do ocorrido do Silicon Valley Bank – que levou os reguladores americanos a intervirem na instituição financeira – a ex-controladora do SVB entrou com pedido de proteção judicial. O SVB Financial Group listou ativos e passivos de até US$ 10 bilhões cada em uma petição do Capítulo 11 apresentada em Nova York, segundo a Bloomberg. Isso significa que o SVB Financial pode aplicar, e planeja aplicar, aos tribunais para retomar as atividades enquanto encontra compradores para seus ativos.
Como parte desse processo, o SVB Financial também assumiu parte da situação financeira da holding, que tinha um valor de mercado de cerca de US$ 12 bilhões antes das ações despencarem na última sexta-feira.
Segundo o Techcrunch, o SVB Financial disse que a empresa “acredita ter aproximadamente US$ 2,2 bilhões em liquidez”. Também é observado que a dívida financiada é de aproximadamente US$ 3,3 bilhões “no valor principal agregado de notas não garantidas”, que são apenas recursos do SVB Financial Group “e não têm reivindicações contra o SVB Capital ou o SVB Securities”, que são entidades legalmente separadas. O SVB Financial Group “também tem US$ 3,7 bilhões em ações preferenciais pendentes”, afirmou.
“O SVB Financial Group continuará a trabalhar em cooperação com o Silicon Valley Bridge Bank. Estamos empenhados em encontrar soluções práticas para maximizar o valor recuperável para as partes interessadas de ambas as entidades”, disse William Kosturos, diretor de reestruturação do SVB Financial Group.
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O que aconteceu com o Silicon Valley Bank?
Na sexta-feira, 10, o Silicon Valley Bank entrou em processo de intervenção e foi fechado pelo Department of Financial Protection and Innovation do estado Califórnia. As ações do SVB despencaram cerca de 60%, na Nasdaq e recuaram mais de 20% nas negociações do after hours – momento após o horário normal de negociações na bolsa de valores onde investidores ainda realizam algumas movimentações.
O SVB é um dos grandes destaques no Vale do Silício e nos serviços financeiros para empresas de base tecnológica, o que resultou no desespero de muitos fundadores de startups, uma vez que essa situação pode afetar companhias em todo o mundo. Grande parte das empresas com investimento no banco tentaram resgatá-los.
O HSBC anunciou a aquisição do Silicon Valley Bank UK por 1 libra, em um acordo de resgate confirmado em um comunicado do Tesouro do Reino Unido. Isso significa que os clientes do SVB UK poderão acessar seus depósitos e serviços bancários normalmente a partir desta segunda-feira. O HSBC assumirá as contas dos 3.500 clientes do SVB UK com depósitos no valor de mais de 6,7 bilhões de libras. O balanço patrimonial total da SVB UK totaliza 8,8 bilhões de libras.
Segundo Gustavo Favaron, CEO do 8 Capital Group, holding de investimentos em tecnologia e inovação no mercado imobiliário e de infraestrutura, em um primeiro momento, as ações do Fed (Federal Reserve, banco central americano) e do mercado acalmarão as startups. “As startups que tinham dinheiro no banco foram afetadas, mas isso se alastra a outros setores, pois é uma crise sistêmica de crédito. A partir do momento em que bancos passam a desconfiar entre si, afeta não apenas os pequenos e médios, mas os grandes também”, explica.
O grande debate de hoje é se o Fed vai continuar a aumentar a taxa de juros. “Se você usa os juros como ferramenta de controle da inflação – o maior mal de qualquer sistema monetário capitalista – e você não tem mais uma previsão confiável de juros, e não pode se planejar, as chances colapso e deterioramento rápido de economias é grande”, opina Gustavo.
“Os juros sempre foram os remédios dos bancos centrais para a inflação. Com essa tendência de baixa dos juros pelo Fed e impressão de dinheiro, cria-se um estado propicio a inflação, nada amigável para startups e qualquer empresa.”
Com esse cenário, o setor de investimento em startups ficará mais hostil. Será necessário que as companhias repensem sua gestão financeira. “As startups que passarem a gastar menos ou estejam no breakeven sairão dessa. O destino para as outras, porém, são as fusões ou quebras. É o momento de se concentrar e ter uma margem operacional, porque a médio e longo prazo as previsões não são animadoras”, afirma o CEO.
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