Por Bruna Galati
No RD Summit, maior evento de marketing digital da América Latina, Tom Mendes, diretor administrativo do ID_BR, organização sem fins lucrativos, comprometida com a aceleração da promoção da igualdade racial, cativou a plateia com uma palestra marcante, repleta de reflexões sobre identidade, inclusão e diversidade dentro das empresas.
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O palestrante informou que após o caso de George Floyd, afro-americano que foi assassinado em Minneapolis pelo policial Derek Chauvin ao ter seu pescoço esmagado pelo policial em uma abordagem por supostamente usar uma nota falsificada de vinte dólares em um supermercado, as discussões sobre inclusão e diversidade começaram a percorrer pelas empresas. O Magazine Luiza foi um dos primeiros a lançar um programa de trainee apenas para negros, assim como a P&G lançou um programa de desenvolvimento para empreendedores, entre outras iniciativas.
Os esforços, no entanto, não revertem um quadro extremamente negativo. Apesar de serem a maior parte da população (55,8%), segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), negros ainda são minoria nas empresas. Dados revelados por Tom Mendes, mostram que os negros estão em 29,9% de cargos gerenciais, 4,7% em cargos executivos, e 4,9% de conselhos de grandes empresas, mas representam 71% dos desempregados.
Tom ainda trouxe à tona a importância de ir além das contratações e promover a inclusão de fato. Ele enfatizou a necessidade de adaptar processos, investir em educação antirracista e criar produtos que atendam às demandas de uma sociedade diversa.
Em 2021, apenas 1,9% mulheres negras ocupava cargos de liderança, enquanto homens negros representavam 2,2%. “Ter dados não significa que registraremos mudanças significativas nas empresas. É preciso ir além e entender que a diversidade, quando efetiva nas companhias, gera resultados significativos”. De acordo com uma pesquisa do ID_BR, a cada 10% no aumento da diversidade étnico-racial, observa-se um crescimento de quase 4% na produtividade das empresas. Para cada 10% de elevação da diversidade de gênero, observa-se uma adição de quase 5% na produtividade das instituições.
Mas como as empresas e líderes podem garantir a efetividade dos programas de diversidade nos negócios? Mendes compartilha nove ações importantes para essa mudança:
1. Invista em educação antirracista
2. Não deixe para depois
3. Vá para além da contratação
4. Fortaleça quem já está dentro
5. ESG precisa ter mais metas e ser para além do verde, incluindo pessoas
6. Uso de tecnologia sem inclusão, a conta não fecha
7. Não delegue para o outro
8. Produza números
9. Seja intencional
De acordo com um levantamento da ID_BR, serão necessários 167 anos – 2190 – para que o Brasil alcance um equilíbrio entre as oportunidades oferecidas a pessoas negras e brancas nas empresas. O estudo foi desenvolvido com base em dados do Censo Demográfico, da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), e combina técnicas quantitativas e qualitativas.
Para o representante do instituto, outro passo para incentivar a inclusão e diversidade dentro das empresas é a educação, com o cumprimento de leis como a 10.639, de 2003 e a 11.645, de 2008, sobre o ensino da cultura afro-brasileira e africana no Brasil, e a conscientização racial. “Também estamos falando de censos para entendimento da composição das empresas e direcionamento de novas contratações, de diversidade nos programas de treinamento e estágio, e da presença de pessoas negras, indígenas, trans e faveladas em conselhos de grandes corporações”, disse Mendes.
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