A tecnologia vem tendo um papel importante na mudança de comportamentos durante a pandemia do novo coronavírus. Uma das grandes mudanças se refere à maneira como as pessoas decidem se locomover, tentando minimizar seus riscos de contato com o vírus.
Em algumas cidades, a reabertura das atividades comerciais e não essenciais aumenta o volume de deslocamentos e mais pessoas precisam decidir como e quando sair de casa. É neste momento que a tecnologia se torna aliada da mobilidade no controle de aglomerações, sobretudo nos transportes públicos e na facilidade de acesso a meios de transportes individuais, como bicicletas compartilhadas e táxis.
Luisa Feyo Guimarães Peixoto, especialista em Mobilidade Urbana na Quicko, explica que a mudança de comportamento em curso deve permanecer nos próximos anos. “Muitas das nossas escolhas do dia a dia estão relacionadas a hábitos, inclusive o modo como vamos nos deslocar. Os hábitos adquiridos nessa quarentena poderão perdurar por muito tempo. Por isso, o momento atual se torna crucial para definirmos o futuro da mobilidade das cidades”, diz.
Conheça tendências da tecnologia para auxiliar a Mobilidade Urbana nos próximos anos, segundo a especialista:
Dados e informação em tempo real
Além das medidas emergenciais – higienização e redução do contato social nos veículos, com demarcações das distâncias de segurança e barreiras físicas – os operadores de transportes deverão investir em monitoramento e coleta de informações em tempo real. Esses dados deverão alimentar as plataformas digitais e aplicativos que os repassam aos cidadãos. Saber a hora exata que o ônibus vai passar ou a lotação dos veículos auxilia na tomada de decisão das pessoas. Além dessa informação ser essencial para aumentar a segurança das pessoas, no transporte coletivo os passageiros poderão evitar horários, estações ou veículos com maiores aglomerações. Um exemplo seria o aplicativo Transit, que em parceria com governos municipais dos EUA e Canadá já disponibiliza lotação de ônibus em tempo real.
Mobilidade compartilhada e sob demanda
Mesmo adotando todas as medidas recomendadas, até a descoberta da vacina, o transporte coletivo provavelmente ainda não poderá operar com a mesma capacidade da pré-pandemia. Neste momento, os diversos serviços de mobilidade compartilhada e sob demanda deverão assumir um papel importante, atuando de modo complementar ao sistema público de transporte. Diversas cidades do mundo têm visto a demanda por esse serviço crescer. Em Nova Iorque, o sistema de bicicletas compartilhadas da cidade (Citybike) viu um aumento de 67% do número de viagens no mês de março. Em Pequim, na China, a alta foi de 150% no mesmo mês.
Integração
Com o compartilhamento de informações em tempo real e a inclusão de novas formas de pagamento, as plataformas digitais integram e facilitam o acesso aos diversos serviços de transporte, assumindo maior protagonismo na gestão da mobilidade. Por meio de inteligência e dados, essas plataformas chamadas MaaS (Mobility as a Service) tem a capacidade de direcionar os fluxos, dosando os níveis de aglomeração no transporte coletivo com o uso de modais individuais. Se um passageiro sabe que seu ônibus está lotado, ele poderá optar por uma alternativa individual, como bicicleta ou táxi, sem precisar mudar de aplicativo. Além disso, com a integração e digitalização do pagamento, podemos reduzir o contato físico na venda dos bilhetes e na hora de acessar.
Comunicação e conscientização
Por fim, para reduzirmos a velocidade da disseminação do novo coronavírus, é necessário a colaboração de todos, e as políticas de conscientização são extremamente relevantes. Levando em consideração que 97% da população já utiliza o smartphone para acessar a internet e redes sociais, mais uma vez, as plataformas digitais demonstram a capacidade de se comunicar de forma próxima e direta com o passageiro, podendo ter um grande efeito nas atitudes das pessoas durante seus deslocamentos.
Portanto, por meio da tecnologia e de modo inteligente, será possível criar uma rede de transporte suficientemente segura para a retomada das atividades e para vencermos a batalha contra a disseminação do novo coronavírus no sistema de transporte urbano.