* Por Chris Ferris
Containers e micro serviços menores e mais rápidos
Antes de 2010, os conceitos de containers e micro serviços eram só ideias.
Em 2013, o Docker foi lançado, estabelecendo as bases da indústria dos containers. Simultaneamente, os micro serviços – e as tecnologias para fazê-los possíveis – foram criadas em código aberto por meio do projeto Netflix OSS. O Docker se tornou uma das tecnologias mais influentes da década de 2010, dando lugar a inúmeros novos projetos de código aberto, entre eles o Kubernetes, anunciado em 2015.
Avancemos 10 anos. Kubernetes é o maior projeto de código aberto do planeta. A recente KubeCon realizada em San Diego, recebeu 12.000 participantes, algo impressionante! As empresas estão utilizando a plataforma para transformar suas arquiteturas de aplicações tradicionais, adotando micro serviços em containers que se apoiam nas capacidades de redes de serviços com Istio. Essa inovação acelerada está acontecendo porque o código aberto permite que possamos construir sobre ideias e sucessos compartilhados.
Na próxima década, prevemos que os projetos de código aberto como Istio, Kubernetes e OKD vão focar em containers e micro serviços menores e mais rápidos para satisfazer às necessidades de desenvolvimento nativo na nuvem e reduzir os pontos de ataque nos containers. Não percam de vista os unikernels (imagens executáveis que têm bibliotecas de sistema, um runtime de linguagem e as aplicações necessárias), que também podem ganhar força graças às comunidades de código aberto que os rodeiam.
Cargas de trabalho serverless instantâneas
Em 2014 tivemos o lançamento de Lambda, que foi seguido pelo do IBM OpenWhisk® (que se transformou em Apache OpenWhisk), entre outros, em 2016. Ambas plataformas serverless de código aberto executam funções em resposta a eventos de qualquer escala.
À medida que o Kubernetes foi ganhando protagonismo na última parte da década, a vontade de estender o Kubernetes com capacidades que permitiram seu funcionamento serverless deu origem ao nascimento do Knative em 2018. Desde então, o Knative se dividiu em vários projetos de código aberto, entre os quais se encontram Tekton, cada um com seu próprio conjunto de inovações.
Nos próximos anos, esperamos que esses projetos continuem a desafiar os limites sobre como tornar mais rápidas as plataformas serverless até que possamos aumentar as cargas de trabalho serverless de forma instantânea. Com a energia e inovação ao redor de projetos serverless de código aberto, é provável que isso aconteça antes da próxima década. Uma vez que isso seja feito, até onde a perspectiva do desenvolvimento de aplicações pode nos levar? Serverless estará em todas partes?
Inteligência Artificial confiável
O uso da Inteligência Artificial (IA) existe há algum tempo, mas foi quando o IBM Watson apareceu no programa de televisão Jeopardy!, em 2011, que o mundo pôde testemunhar una máquina com IA em pleno funcionamento.
Agora, a Inteligência Artificial é parte da nossa vida cotidiana – interagimos com assistentes virtuais, falamos regularmente com os chatbots de serviço ao cliente, utilizamos o reconhecimento facial para abrir nossos gadgets e estamos perto da chegada de carros que dirigem totalmente de forma autônoma.
Toda essa tecnologia é impulsada por IA e Machine Learning, e muitos dos avanços da Inteligência Artificial foram gerados por projetos de código aberto, como TensorFlow e Pytorch, que foram lançados em 2015 e 2016, respectivamente.
Na próxima década, é imperativo que ponhamos nossa atenção não só em fazer a Inteligência Artificial mais inteligente e acessível, mas também desenvolver sistemas de IA mais confiáveis. O código aberto é a chave para construir essa confiança na IA. Projetos como o Adversarial Robustness 360 Toolkit, AI Fairness 360 Open Source Toolkit e AI Explainability 360 Open Source Toolkit foram criados para garantir que a confiança seja construída nesses sistemas desde o início.
Esperamos ver esses projetos e outros da Fundação Linux AI – como o projeto ONNX – impulsionando a inovação para uma IA cada vez mais confiável. A Fundação Linux AI permite um intercambio aberto para Deep Learning e Machine Learning.
Novos usos para as capacidades de rastreamento de blockchain
Em 2008, Satoshi Nakamoto publicou seu famoso artigo sobre o bitcoin, introduzindo o conceito de uma rede de blockchain. A rede de bitcoin em si, ainda ativa, tinha um único propósito: uma plataforma de criptomoeda descentralizada.
Essa inovação fez com que as pessoas começassem a se perguntar sobre as diferentes formas de aplicar os conceitos e a tecnologia de blockchain em outros casos além das criptomoedas – na gestão de ativos, nas cadeias de suprimento, na atenção médica e no gerenciamento de identidade, entre outros. Em 2015, a IBM contribuiu com o projeto Open Blockchain à recente organização Hyperledger, que devia desenvolver a tecnologia empresarial de blockchain open source. Essa contribuição lançou o que possivelmente tornou-se em um dos frameworks de blockchain mais populares: o Hyperledger Fabric.
Porém, os usos iniciais de blockchain se limitaram a criptomoedas; o trabalho com código aberto em torno do Hyperledger e Ethereum ampliaram as possibilidades sobre como essa tecnologia é usada.
A inovação com blockchain está apenas começando. Inovações no entorno da privacidade, incluindo as provas de conhecimento-zero e algoritmos criptográficos quântico-resistentes, vão permitir ainda mais inovação – e quase tudo isso está sendo feito como código aberto.
Processadores quânticos disponíveis para desenvolvedores
Estamos certos que você tem escutado a promessa da computação quântica, e a emoção que tem gerado o que poderia fazer nos próximos anos. E mesmo que não tenha sido desenvolvida, ainda, uma aplicação com “vantagem quântica”, vemos aumentar a capacidade dos desenvolvedores para começar a utilizar processadores quânticos, que continuarão evoluindo na próxima década.
Hoje, o software de código aberto Qiskit™ de IBM permite aos desenvolvedores programar em Python usando hardware quântico real. Lançado em 2016, Qiskit é o framework open source de computação quântica que os desenvolvedores podem utilizar para aproveitar os sistemas IBM Q Experience para investigação, educação, negócios e até jogos.
As possibilidades de como a computação quântica resolverá problemas e se conectará com a tecnologia atual parecem infinitas. Preparar-se para desenvolver os primeiros sistemas quânticos existentes é uma excelente forma de começar, levando em consideração o impacto que a computação quântica poderia ter em diferentes áreas como a química, a de finanças, inteligência artificial, entre outras.
O que vem no futuro para Open Source?
As tendências da última década – o aumento dos containers, os micro serviços e serverless, a onipresença da Inteligência Artificial nas nossas vidas, os novos usos de blockchain e a computação quântica – foram impulsadas pelo código aberto e o poder das comunidades em código aberto.
Estes avanços evidenciam que, quando os desenvolvedores trabalham juntos, eles podem mudar indústrias completas. Os desenvolvedores têm o poder de mudar o mundo, e o código aberto é o melhor mecanismo para conseguir essa mudança.
E aí, como vamos contribuir para a próxima década do Open Source?
* Por Chris Ferris, CTO de Tecnologias abertas na IBM