Conectar a periferia ao maior polo de inovação do mundo – o Vale do Silício, no estado norte-americano da Califórnia – é o objetivo do programa “Do Silêncio ao Silício”, coordenado pela administradora Danielle Marques, especialista em Diversidade e Inclusão para startups. A iniciativa está selecionando, até o dia 20 de fevereiro, dez jovens empreendedores pretos, que possuam um negócio já validado, ativo e com base tecnológica em qualquer segmento, para embarcar neste ano rumo ao Vale.
Os inscritos podem ser de todo Brasil, mas precisam dominar a língua inglesa. Caso não tenha, um curso será disponibilizado, mas é importante que o participante tenha disponibilidade para estudar pelo menos 30 minutos por dia até a data da viagem. Para efetuar a inscrição, basta acessar o link do programa e preencher o formulário. Ao retornarem, os selecionados deverão ter disponibilidade para mentorar um empreendedor periférico.
“O ‘Do Silêncio ao Silício’ teve o nome inspirado no que Monique Evelle, empresária e ativista, chama de Vale do Silêncio, ou seja, as zonas suburbanas. Isso, no entanto, não significa que esses espaços estão silenciosos e que não há inovação por ali: na verdade, essas pessoas são silenciadas, apagadas quando o assunto é tecnologia”, afirma Danielle.
Já a inquietação para que o programa fosse criado veio da própria experiência de Danielle, enquanto mulher preta e periférica, após ter tido a oportunidade de ir estudar no Vale do Silício por meio de uma bolsa concedida a um grupo de mulheres negras.
“Conheci os escritórios da Amazon, da Apple e da Google e aprendi sobre marketing, comunicação, venture capital e tecnologia. Mas não pude deixar de reparar que, por mais que ‘diversidade’ seja um assunto muito discutido por lá, ela não acontece de fato no dia-a-dia. Durante os vários dias de imersão, eu era a única pessoa preta naqueles ambientes”, detalha a administradora.
Hoje, à frente de um setor de Diversidade e Inclusão, Danielle pontua precisamos favorecer o acesso de pessoas pretas na tecnologia. “O caminho não foi fácil, lutei incansavelmente. Também contei com a ajuda de muitas pessoas, não chegaria sozinha. Por isso, quero dividir o que aprendi e abrir caminhos para que outros como eu cheguem de forma menos árdua ao Vale do Silício e possam alcançar os seus sonhos”, reitera ela.
No Brasil, país em que 56% da população se autodeclara preta ou parda, segundo levantamento do IBGE, há uma enorme lacuna de representação racial no mercado de tecnologia e inovação. Enquanto cerca de 51% dos brasileiros que empreendem são pretos ou pardos, de acordo com dados coletados pela aceleradora de empresários negros PretaHub, apenas 5,8% dos líderes de startups brasileiras são negros, percentual obtido através de mapeamento realizado pela Associação Brasileira de Startups (ABstartups).
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Programa Do Silêncio ao Silício
Do Silêncio ao Silício levará dez empreendedores negros para o Vale do Silício, na Califórnia, em 2023. Os selecionados participarão de uma imersão ao longo de uma semana, cujo roteiro prevê visitas aos polos das principais empresas de tecnologia do mundo.
Nessas visitas, a partir de palestras, workshops, os jovens aprenderão novas estratégias, modelos de negócio disruptivos, tendências do mercado de trabalho e formas de gestão inovadoras para o desenvolvimento das suas carreiras como empreendedores, além de terem acesso a networking com altos executivos e players americanos com potencial de negócios e parcerias internacionais.
Também receberão certificado internacional pelo hub internacional StartSe University, situado em Palo Alto.
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