Na última semana o Popcorn Time se tornou um dos serviços mais falados na internet. Também pudera, sua proposta era, no mínimo, disruptiva. Apelidado de “Netflix da pirataria”, o programa alocava torrents para transmitir via streaming um filme ao usuário.
A pergunta era: se a pessoa não baixava o filme e apenas o utilizava por um tempo determinado para ver em seu computador, isso seria pirataria?
Assim que o serviço ganhou popularidade e as pessoas viram seu potencial, mais uma vez o debate sobre os limites da pirataria ganhou força. E, rapidamente, seus criadores perceberam o perigo. “O Popcorn Time, como projeto, é legal. Nós checamos. Quatro vezes.”, afirmam seus criadores. “Mas, como você deve imaginar, isso raramente é suficiente”, disseram também.
Na última sexta-feira, eles deram “adeus” ao projeto, que chamaram de experimento. “Nossa experiência nos colocou nas portas dos infinitos debates sobre pirataria e copyright, questões legais e no obscuro sistema que nos faz sentir em perigo por fazermos o que amamos. E essa não é uma batalha da qual queremos participar”, escreveram ao desligar o sistema.
A notícia seria triste não fosse um porém. O Popcorn Time foi desenvolvido em GitHub e seu código era aberto — logo, qualquer um poderia usá-lo para qualquer coisa.
Bastou um final de semana para que o serviço voltasse a funcionar. Outras pessoas, que compartilhavam do ideal dos criadores, e estavam dispostas a correr os riscos e esforços para manter o serviço no ar, já o reviveram. Na internet, quando uma ideia ou conceito são mais fortes do que o serviço, eles não morrem facilmente. E o código aberto é um grande facilitador para isso acontecer.
A mensagem que, mais uma vez, fica para o debate, é a que os criadores do Popcorn Time escreveram na breve “despedida” do serviço: “Pirataria não é um problema de pessoas, é um problema de serviços. Um problema criado por uma indústria que retrata a inovação como uma ameaça a seu antiquado modelo de coletar receita. Para todos, parece que eles simplesmente não se importam”.