Nada melhor que começar essa série com o Paulo Emediato, que trabalha há um bom tempo fomentando a inovação no Brasil. Quando eu o conheci fiquei surpreso como as nossas trajetórias se cruzam. Ele também já foi empreendedor, já liderou iniciativas no setor público para apoiar startups (SEED), é super ativo no ecossistema de inovação e tem dedicado os últimos meses para acelerar o crescimento de startups facilitando o acesso à capital.
Por isso, fico muito à vontade de estrear a coluna ClimateTech Brasil com ele, que atualmente lidera a frente de marketing e ecossistema na Oxygea – veículo de Corporate Venture Capital e Venture Building – com foco em sustentabilidade e transformação digital na indústria.
A Oxygea acabou de lançar um novo programa para impulsionar startups que estão em busca de investimento. Para participar e ter a possibilidade de receber R$2 milhões, basta se inscrever em https://labs.oxygea.com/ até 21 de abril.
Confira abaixo os principais detalhes do programa da Oxygea Labs e outras novidades.
Vocês criaram um novo programa em relação à primeira edição. Quais foram os aprendizados da última edição?
No primeiro ano de operação, alcançamos a marca de 324 inscritas e selecionamos um batch com seis negócios de alto potencial. Aprendemos muito com essa primeira turma e ainda assim fomos muito bem avaliados pelos participantes, atingindo a avaliação total no NPS. Agora definimos o parâmetro lá em cima e por isso temos que trabalhar ainda mais para superar as expectativas.
Por que decidiram focar no pilar de investimentos nesta edição?
Ao invés de partirmos de desafios corporativos, criamos um programa centrado no desafio de empreendedores e empreendedoras. Trabalhamos perto das startups e vimos que não adianta focar no modelo generalista de aceleração, aquela trilha pré-definida de validação, market fit, e não ajudar a startup a gerar negócios. Essas experiências são essenciais para negócios em estágios mais iniciais, mas escutamos os empreendedores e entendemos que o investimento faz toda diferença na mortalidade ou no crescimento da startup. Assim, focamos em criar uma experiência especializada, com uma trilha para ajudar o empreendedor a fazer a modelagem, arrumar a casa e toda documentação, preparar um pitch deck robusto para investidores e fazer conexões com o mercado. Preparadas para levantar capital, as startups estarão mais qualificadas pros desafios de crescimento.
Além da trilha de investimento, o que mais o programa oferece ?
Além de todo apoio com acesso à capital, os participantes participam de sessões presenciais de mentoria especializada com nomes de peso do ecossistema de inovação brasileiro e podem acessar nosso time dedicado nas áreas jurídica, de recursos humanos, de marketing e vendas, finanças, desenvolvimento de produto e arquitetura tecnológica, além de especialistas da indústria. Um dos destaques é a geração de negócios que promovemos através da conexão com outras corporações, fundos de investimento e acesso a toda rede de parceiros da Oxygea. Além disso, os empreendedores recebem incentivo de R$75 mil, sem contrapartida, além de terem a possibilidade de serem investidas ao final do ciclo, com aporte de até R$2 milhões.
O Oxygea Labs atua com startups relacionadas a temas de sustentabilidade e transformação digital da indústria. Quais são as verticais dentro dessas áreas ? Pode dar exemplo de soluções que estão buscando ?
Isso. Estamos buscando startups que resolvam problemas relevantes, que melhorem o planeta e tragam maior eficiência para a indústria. Dentro as temáticas estão soluções relacionadas a neutralidade de carbono, economia circular, energia renovável, novos materiais, além de soluções que promovam a transformação digital das indústrias, abrangendo Smart Factory, Analytics e Big data.
Estamos abertos a diferentes modelos de negócio. Podemos ter uma ideia melhor, olhando para as investidas do nosso último batch. A Logshare, por exemplo, é uma plataforma SaaS de logística colaborativa que se destaca ao tornar rotas ociosas produtivas e reduzir emissões de CO2 integrando malhas rodoviárias para compartilhamento eficiente de ativos logísticos por meio de tecnologia, dados e pensamento colaborativo. Já a Embeddo é uma startup deeptech que oferece soluções de monitoramento e controle de processos e ativos em tempo real, se destaca por combinar tecnologias proprietárias de sensores e dispositivos inteligentes baseados em Edge Computing, IoT e IA para potencializar a eficiência, a produtividade e a sustentabilidade de operações em diversas indústrias. E a growPack desenvolve biomateriais criando alternativas complementares a materiais de uso único e embalagens a partir do reaproveitamento de subprodutos agrícolas. Utilizando tecnologia 100% bio-termomecânica, a empresa viabiliza uma transição material que aproveita o enorme potencial agrícola do Brasil como uma plataforma.
E como vocês veem o crescimento do mercado de investimento nesse setor ?
O potencial de inovação na indústria é enorme e em breve vamos ver unicórnios desse setor. O mesmo ocorre para as Climate techs, que estão tracionando de maneira rápida, aproveitando a posição privilegiada no Brasil para os mercados de carbono ou energia renovável. Estamos falando do desafio de crescimento para deeptech e hardtech no Brasil. Sabemos que a demanda de capital ainda é grande, especialmente nessa faixa de aportes iniciais entre R$1,0 milhão a R$3,0 milhões. E por envolver temas complexos o tempo para desenvolver a solução final é maior do que outros setores, como as fintechs. Por outro lado, escutamos dos fundos capitalizados que há uma grande dificuldade em encontrar bons projetos. Com esse programa, queremos reduzir esse GAP.
A última edição do programa recebeu mais de 300 startups inscritas, porém apenas algumas foram selecionadas. Como funciona o processo de seleção e quais são os critérios que vocês mais valorizam?
O primeiro critério de seleção é a aderência à nossa tese de investimentos, detalhada no site do programa. Depois avaliamos a qualidade do time, o tamanho do mercado, potencial de escala, qualidade técnica da solução, propriedade intelectual, captable, tudo isso entre outros fatores determinados num scorecard. Além disso, realizamos comitês de seleção com diversos especialistas para chegarmos às selecionadas.
Na sua visão, o que falta para o Brasil ser uma grande potencial global em inovação para sustentabilidade ?
Acredito que precisamos desenvolver e fortalecer o empreendedorismo científico no Brasil. O mundo precisa de soluções em deeptech e hardtech, mas hoje existe um gap muito grande entre a pesquisa e o mundo dos negócios. Os ecossistemas com soluções mais maduras em sustentabilidade conseguem promover maior conexão entre centros de pesquisa, universidades e empresas. Isso sem falar numa forte participação do governo e outros mecanismos de fomento. Trata-se de um desafio que requer estratégia e o comprometimento em longo prazo. E sem educação como base do processo, tudo fica mais difícil.
No entanto, estamos aqui também para sinalizar para pesquisadores e empreendedores que existe mercado para soluções complexas. A demanda é gigantesca e crítica por soluções em descarbonização e economia circular, por exemplo, o que representa uma grande oportunidade para quem decidir empreender nessa direção.
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