A Forebrain é um tipo de startup que, certamente, não surgiu do nada, depois de um papo num café ou algo assim. Foram anos de estudo para que os alunos de doutorado Billy Nascimento e Ana Carolina Mendonça de Souza decidissem criar um negócio pouco visto no Brasil: eles criaram produtos de pesquisa na área da neurociência do consumo. Agora, três anos depois de seu lançamento, conversei com Billy para saber mais sobre o caminho percorrido e entender os planos para o futuro da companhia.
O surgimento na universidade
“Eu e a sócia fizemos biomedicina aqui na URFJ e fizemos nosso mestrado e doutorado no mesmo instituto de pesquisa. Nós estudamos o cérebro como controle, a maneira com a qual surgem nossas emoções e coisas desta natureza. Eu estava ainda na graduação, na iniciação científica, quando conheci a neurociência aplicada e o neuromarketing. Ainda era o início dos anos 2000 e vimos as recém-criadas áreas de neuroeconomia e neuromarketing.
Logo fiquei encantado pela área, mas continuei meus estudos, porque achei que ia seguir uma carreira de pesquisador e, quando já tivesse mais estabilizado poderia abrir a empresa. Fiz meu mestrado na área de neuroeconomia e meu doutorado na área de neuromarketing. No final do doutorado, vi que não queria continuar na carreira acadêmica e decidi empreender.”
Aprendendo a empreender
“Eu não sabia como criar uma empresa e vim aqui para a incubadora do Coppe, na URFJ. Pensei na empresa com o aconselhamento de um dos pesquisadores que fundou a uma das primeiras empresas de neuromarketing do mundo, já que ele colaborava comigo no laboratório.
Eu trouxe a ideia pra incubadora e disse que não tinha a menor ideia de como fazer. Contei que queria esperar terminar meu doutorado, mas o gerente do Coppe me disse que a ideia era fantástica e eu tinha que abrir o negócio naquele momento. Aquilo entrou na minha cabeça e, depois daquele momento, não passei nenhum dia sem pensar nisso. Sai dali muito empolgado.
Eu contei pra eles que não tinha dinheiro nenhum, mas me disseram que, se você tem uma boa ideia e uma boa equipe, o dinheiro vem. Até hoje não sei se ele está certo, mas acreditei e, mesmo segui mesmo sem dinheiro algum.
Fui falar com a Ana e fiz a primeira venda da ideia que tinha ido. Contei que poderíamos ter um lugar próprio para fazer pesquisa com liberdade e ela gostou da ideia. Iniciamos, então, o processo para entrar na incubadora.”
Busca pelo conhecimento
“A primeira coisa que fui fazer foi aprender a linguagem do meio do empreendedorismo. Assinei cinco revistas de uma vez só sobre o assunto, para conhecer a linguagem. Fiz cursos gratuitos no Sebrae e fui aprendendo os rudimentos da área de business.
Abriu o processo de seleção da incubadora e fomos um dos cinco escolhidos. Lá dentro, fizemos um curso de iniciação empreendedora e começamos a nossa história. Isso foi entre o final de 2009 e o começo de 2010. Já estamos há três anos aqui.
Na incubadora, você tem direito a uma série de assessorias, como de marketing, finanças, contábil e design. Você tem uma série de facilidades e acesso a cursos que permitem que você tenha uma construção empresarial mais assertiva, menos randômica. Mas você tem que buscar seu caminho.”
O balanço
“Levamos dois anos para ter a empresa configurada, enquanto empreendedores, e para desenvolver um modelo de negócios, ver como funcionariam os nossos serviços. No fim de 2011, veio o nosso investimento anjo e isso catapultou a empresa, porque conseguimos construir o nosso laboratório, com os equipamentos, e conseguimos bolsas de pesquisa do CNPQ para contratar pesquisadores.
Esses recursos foram importantes para que pudéssemos ir ao mercado e conversar com as pessoas, para saber como se posicionar e ter soluções realmente relevantes e diferentes de uma série de concorrentes desqualificados que estavam queimando o mercado.
2012 foi o ano que a gente começou a nossa ida ao mercado mais comercialmente, ofertando soluções mais adequadas. Conquistamos clientes interessantes como a L´Oreal, o canal de TV GNT. Tudo nessa perspectiva de consumo, do sensorial, de entender o ponto de vista no comprador ali no ponto de venda e no estudo da influência da comunicação e da publicidade na interação com o consumidor.
Estamos agora numa fase de conquista de mercado e consolidação do nosso posicionamento. Queremos nos consolidar como empresa líder do ponto de vista científico, você precisa ter uma propriedade científica pra isso. O cliente tem que confiar na nossa equipe, quando colocamos um eletroencefalograma na cabeça do cliente para entender as emoções dele.
Foto: Adam Raasalhague/Flickr (Acesse o original)