O mercado global de inteligência artificial (IA) tem crescido substancialmente nos últimos anos e continua a se expandir em várias verticais e setores. O tema não é novo e foi criado ainda nos anos de 1956, mas desde o lançamento do ChatGPT, no final de 2022, a busca pela adequação a esta tecnologia tornou-se fundamental para companhias de todos os portes, em todo o mundo.
De acordo com dados da empresa de pesquisa de mercado Grand View Research, espera-se que o mercado de IA atinja US$ 733,7 bilhões até 2027, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 42,2% durante o período de previsão de 2020 a 2027. A consultoria IDC (International Data Corporation) prevê ainda que os investimentos mundiais com IA e sistemas cognitivos atinjam US$ 500 bilhões até 2024.
É neste cenário que a Oracle está se posicionando como líder em inteligência artificial em escala global através de uma série de iniciativas e investimentos estratégicos. Durante o AI Session, evento da companhia para debater o setor no Brasil, clientes e parceiros da Oracle apresentaram insights e possibilidades de cenários para o fomento e uso de inteligência artificial por startups brasileiras.
No evento, Alexandre Maioral, presidente da Oracle no Brasil, reforçou que falar sobre inteligência artificial o tempo todo não é ‘apenas moda’. “É algo que veio para ficar, e isso vai impactar a vida das pessoas, impactar a cultura das companhias, os negócios. Tecnologia não é o fim, é o meio. Os fins são as pessoas. A tecnologia é feita para resolver algum desafio ou algum problema da humanidade”, afirma.
Parceiros Oracle falam sobre investimento em IA no Brasil
No primeiro semestre deste ano, o volume total de investimentos em venture capital recebido pelas startups brasileiras foi de US$ 347 milhões, segundo levantamento do Distrito. Isso mostra que, mesmo que os aportes tenham desacelerado nos últimos anos, o setor ainda tem uma quantidade significativa de capital para injetar. Uma boa parte dele deve estar voltada para startups que utilizam inteligência artificial para otimizar suas soluções e recursos.
Leandro Vieira, VP da Oracle, ressalta a importância de compreender o impacto da IA nos negócios e a necessidade de investir em empresas que já integram essa tecnologia em seus processos. “Quem estiver estudando sobre essa tecnologia e se empoderando sobre isso, vai conquistar seu espaço em pouco tempo. Hoje, é imperativo para empresas de todos os portes e setores”, diz.
Embora o Brasil ainda enfrente desafios em termos de disponibilidade de capital para investimento em startups, o potencial da IA para fortalecer e otimizar operações tem despertado cada vez mais o interesse de investidores. De acordo com o Gartner, até 2025, prevê-se que 75% dos investimentos de venture capital sejam realizados com o auxílio da inteligência artificial, sinalizando uma mudança significativa no panorama dos investimentos.
Milena Oliveira, sócia e cofundadora da Volpe Capital, destaca a inevitabilidade do uso da IA por todas as empresas, enfatizando que os fundos de investimento também precisam adotar essa tecnologia para se manterem competitivos. “Rapidamente a IA se tornou uma ferramenta indispensável para qualquer negócio. Os fundos de investimento certamente vão utilizar também, e se você não usar, você vai estar para trás”, garante.
Ferramentas tecnológicas como propulsoras da inovação
Entre as vantagens citadas por Milena, para o investimento em startups, fundos de venture capital podem se beneficiar do uso de IA sob inúmeras perspectivas, como:
Análise de dados e tendências de mercado: utilizando algoritmos de IA para analisar grandes volumes de dados do mercado financeiro, identificando tendências, padrões e oportunidades de investimento que podem não ser facilmente perceptíveis por análises convencionais. Isso pode incluir a análise de dados macroeconômicos, desempenho de setores específicos e até mesmo sentimentos do mercado em tempo real em redes sociais e notícias.
Seleção de investimentos: a IA pode ser uma importante ferramenta dos venture capital brasileiros para aprimorar o processo de seleção de investimentos, ajudando os gestores a identificar startups com maior potencial de crescimento e retorno. Algoritmos de machine learning podem analisar diversos fatores, como métricas financeiras, equipe fundadora, mercado-alvo e concorrência, para prever quais empresas têm mais chances de sucesso.
Gestão de riscos: pode auxiliar na avaliação e gestão de riscos associados aos investimentos. Algoritmos de IA podem identificar padrões de comportamento de mercado e alertar os gestores sobre possíveis riscos emergentes, permitindo que tomem medidas preventivas para proteger o portfólio de investimentos.
Monitoramento de desempenho: sistemas de IA podem ser implementados para monitorar o desempenho das empresas no portfólio do fundo, incluindo análise de métricas-chave de desempenho, como receita, crescimento de usuários, margem de lucro e outros indicadores relevantes, permitindo uma avaliação precisa do progresso de cada empresa e a identificação de áreas que requerem atenção adicional.
Previsão de retorno de investimento: algoritmos de IA podem ser treinados para prever o potencial retorno de investimento de uma startup com base em dados históricos, características da empresa e condições de mercado. Isso permite que os gestores estimem com maior precisão o possível retorno de cada investimento e otimizem a alocação de recursos dentro do portfólio para maximizar os retornos gerais.
Inteligência artificial versus orgânica
Para Marcello Gonçalves, sócio da DOMO.VC, a IA, especialmente quando o assunto são investimentos em startups early-stage, pode potencializar processos, mas não substitui ou substituirá a capacidade humana de análise de contextos e cenários.
“98% dos meus erros, como investidor, foram erros do empreendedor. E quando eu olho [para estes erros], são em empresas que podiam ter ido muito bem, mas que a gente errou na escolha do empreendedor. E o que eu vou fazendo para mudar isso é melhorar as perguntas que eu faço, a diligência que eu faço, observações que a gente faz no dia a dia, para tentar entender um viés colaborativo ou um viés não colaborativo, porque no nosso mundo de early stage é o que realmente conta”, garante.
Gustavo Gierun, managing partner do Distrito, diz que o potencial da tecnologia, tanto para as startups quanto para os fundos, é promissor. “Dentro do cenário dos investimentos, essa ferramenta vai muito mais além do que análise de risco. Ela também vai tornar os fundos de investimento mais eficientes, uma vez que eles conseguem dar vazão a grandes demandas e ajudar os parceiros a tomarem decisões mais efetivas, direcionando os caminhos e dando ainda mais capacidade de análise. Consequentemente, os fundos vão poder dar mais retorno aos investidores e vão poder gerar mais valor para o ecossistema, para os próprios empreendedores. E aí, com isso, a gente já tem um ganho bastante expressivo no mercado”, completa.
Enquanto o mercado brasileiro não tem – e, segundo os especialistas, não terá tão logo – startups de inteligência artificial com capacidade de impacto global, como o caso da OpenAI, os investimentos por aqui serão feitos em empresas que saibam utilizar a tecnologia da melhor forma possível para escalarem com mais rapidez.
À medida que o ecossistema de startups de IA no Brasil continua a se desenvolver e mais empresas incorporam essa tecnologia em suas operações, espera-se que os investimentos nesse setor cresçam exponencialmente nos próximos anos. Com o aumento da disponibilidade de capital e o reconhecimento do potencial transformador da IA, o mercado brasileiro está posicionado para se tornar um polo de inovação e investimento em tecnologias avançadas.
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