A Omie, plataforma SaaS de gestão (ERP) na nuvem, lançou o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), primeiro indicador de abrangência nacional que acompanha e analisa o desempenho econômico das pequenas e médias empresas (PMEs) no País.
O índice considera o faturamento médio mensal de mais de 87 mil PMEs brasileiras e funciona como um termômetro econômico das companhias com faturamento de até R$ 50 milhões anuais. O principal objetivo desta nova fonte de dados é disponibilizar aos empresários, empreendedores, contadores e escritórios contábeis, estudiosos e demais interessados por informações recorrentes do mercado de PMEs no Brasil, não apenas números gerais, mas uma análise segmentada e estratégica de cinco grandes setores – Agropecuário, Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços. Com isso em mente, é possível avaliar os planejamentos e redirecionar esforços para operações que exigem mais atenção, ou que já apresentam resultados positivos, mas que podem ser melhorados.
Marcelo Lombardo, cofundador e CEO da Omie, explica que cerca de 3% das startups fecham as portas nos dois primeiros anos e com isso é possível aprender sobre os erros e acertos e voltar mais forte e melhor, faz parte do empreendedorismo. Seria fundamental reduzir essa porcentagem, mas o grande alvo da Omie são as 75% das empresas que continuaram firmes. “O nosso problema é que 75% das empresas que sobrevivem param de crescer muito cedo e ficam estagnadas para sempre. Se nós conseguirmos ajudar a destravar o crescimento dessa pequena empresa, nós conseguiremos levar o Brasil para outro patamar, porque a pequena empresa é o motor desse país. Um dos principais motivos do porquê nós criamos o índice, é que as PMEs são aproximadamente 30% do PIB, só que elas empregam quase 70% da nossa mão de obra ativa e geram mais da metade do total de empregos formais”.
Comércio e Serviços são destaques positivos do ano
Os dados mostram que, em um ano desafiador, a atividade econômica das PMEs ganhou fôlego no segundo semestre de 2021, mas o fraco desempenho dos setores Agropecuário e Indústria restringiram o resultado consolidado do ano. Assim, a movimentação financeira real dessas empresas permaneceu praticamente estável (com uma ligeira queda de -0,1% ante 2020). O ano de 2021 foi marcado pelo fraco desempenho do segmento no primeiro trimestre e gradual recuperação nos trimestres seguintes.
Diante dos efeitos negativos na economia causados pela covid-19, o IODE-PMEs mostra o relevante efeito do avanço da vacinação sobre a atividade econômica no segundo semestre de 2021, especialmente nos segmentos de Comércio e Serviços – que concentram grande parte das PMEs ativas no país.
Figura 1: IODE-PMEs
(Variação anual – YoY %)
Fonte: IODE-PMEs (Omie)
O IODE-PMEs permite que seja identificado o desempenho das PMEs segmentado por cada região do país. Houve fraco desempenho em 2021 das pequenas e médias empresas nas regiões sudeste (0,1%) e nordeste (-2,9%). Por outro lado, a movimentação financeira real das PMEs avançou nas regiões sul (+4,0%), centro-oeste (+2,6%) e Norte (+1,8%).
Figura 2: IODE-PMEs – desempenho regional em 2021
(Variação anual – YoY %)
Fonte: IODE-PMEs (Omie)
Dentre os principais setores monitorados pelo IODE-PMEs, 2021 foi marcado pelo fraco desempenho da Agropecuária (-10,7% ante 2020), da Indústria (-5,9%) e, em menor medida, da Infraestrutura (-0,3%). Por outro lado, houve crescimento expressivo em Comércio e Serviços (+11,7% e +13,5%, respectivamente), principais setores favorecidos pelo avanço da vacinação contra a covid-19 no Brasil e, consequentemente, pela reabertura da economia.
Figura 3: IODE-PMEs – desempenho setorial em 2021
(Variação anual – YoY %)
Fonte: IODE-PMEs (Omie)
Por dentro dos setores Agropecuário, Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços
O IODE-PMEs também permite identificar, dentro de cada grande setor, as atividades que mais contribuíram para os resultados observados em 2021. No Comércio, por exemplo, a principal contribuição no crescimento médio da movimentação financeira real das PMEs no último ano ocorreu no varejo (+16,8% ano após ano). Já no setor de Serviços – outro segmento que apresentou desempenho positivo em 2021 – destacaram-se positivamente: I) ‘Atividades Imobiliárias’ (+54,3% ante 2020); II) ‘Transporte, Armazenagem e Correio’ (+22,6%) e; III) ‘Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços relacionados’ (+21,8%).
No segmento industrial, apesar do bom desempenho da ‘Indústria extrativa’ (+16,7% ante 2020), o enfraquecimento da ‘Indústria de transformação’ (-6,2%), que vem sofrendo, globalmente, por conta dos efeitos das primeiras ondas da pandemia, condicionou a retração do setor como um todo. A crise sanitária dos últimos anos causou a interrupção de diversas cadeias globais de produção e ocasionou desabastecimento e grande pressão sobre custos de componentes básicos. Tal contexto foi agravado no Brasil por conta da intensa depreciação cambial acumulada nos últimos anos, que amplifica as pressões de custos de insumos cotados em dólar.
No setor de Infraestrutura, por sua vez, apesar do fraco desempenho das PMEs relacionadas com a categoria de ‘Água, Esgoto, Atividades de gestão de resíduos e descontaminação’ (-12,5% ante 2020), foi observada continuidade do crescimento da atividade de ‘Construção’ (+5,7% ante 2020), a despeito do movimento de elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central e do encarecimento dos custos de insumos básicos no decorrer do ano.
Especificamente no 4T21, o IODE-PMEs registrou avanço de 1,2% ante o 4T20, puxado pelo bom desempenho dos setores de Comércio (+9,5%) e Serviços (+10,4%). Por outro lado, no período, houve retração da atividade nos setores Agropecuário (-13,5%), Indústria (-5,1%) e Infraestrutura (-0,4%).
Perspectivas para 2022 indicam crescimento, porém riscos continuam no radar
Apesar dos efeitos mais duradouros da pandemia sobre a economia brasileira, as projeções do IODE-PMEs apontam um avanço de 1,2% em 2022. “O cenário tem como base a perspectiva de continuidade da retomada que vem sendo observada no mercado de trabalho, viabilizada pela reabertura da economia com o avanço da vacinação contra a covid-19 no país, além da projeção de maior controle da inflação frente ao observado no ano anterior”, afirma Felipe Beraldi, especialista de Indicadores e Assuntos Econômicos da Omie.
Durante o início da pandemia e, sobretudo em decorrência do período de maior isolamento social, foi observada uma migração da demanda das famílias de serviços para bens. Como já vistos os primeiros indícios no decorrer do segundo semestre de 2021, a perspectiva é de que haja uma retomada da demanda por serviços, considerando as menores restrições observadas na economia, além da continuidade do crescimento do setor de Comércio – ainda que em menor intensidade. As perspectivas também são positivas para o setor Agropecuário, diante da expectativa de recuperação das safras agrícolas, após os efeitos adversos da crise hídrica em 2021.
Por outro lado, a recente subida da taxa Selic pelo Banco Central – justamente para conter as pressões inflacionárias – tende a atenuar os efeitos positivos esperados sobre as atividades das PMEs neste ano, sobretudo por encarecer o crédito e prejudicar os investimentos na economia de modo geral. Neste contexto, como destaques setoriais negativos para 2022, o índice elenca novamente a Indústria – que deve continuar sofrendo no início do ano com o desbalanceamento das cadeias produtivas globais – e, em particular, o segmento de Construção (que integra o setor de Infraestrutura).
Em um ambiente com juros mais elevados e a economia ainda em incipiente recuperação das últimas grandes crises vividas no Brasil (2015-16 e 2020), é fundamental que haja programas de suporte aos microempreendedores e às empresas de pequeno porte – as quais se configuram como importante força motriz da economia brasileira. Nesse sentido, ganham relevância para incentivar o desempenho das PMEs neste ano os debates em torno dos programas de renegociação de dívidas de empresas do Simples Nacional, assim como medidas de incentivo ao crédito.
Em todo o contexto mapeado para 2022, o índice aponta com mais alta probabilidade neste momento a configuração de um cenário mais pessimista para o desempenho das PMEs em 2022. Além das novas ondas da pandemia – que podem ter efeitos pontuais no funcionamento da economia -, o ano deve ser marcado por um aumento das incertezas, diante da configuração de uma eleição presidencial bastante polarizada. “Momentos de grandes incertezas na política costumam ser marcados por paralisações de investimentos e perda de ímpeto do consumo, o que pode afetar negativamente o desempenho econômico das PMEs brasileiras”, conclui Felipe.
Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs)
Para elaborar o IODE-PMEs, a Omie analisa dados anonimizados de movimentações financeiras de contas a receber de mais de 87 mil clientes, cobrindo 622 CNAEs (de 1.332 subclasses existentes) – considerando filtros de representatividade estatística. Os dados são deflacionados com base nas aberturas do IGP-M (FGV), tendo como base o índice vigente no último mês de análise, com o objetivo de expurgar o efeito meramente inflacionário na série temporal, permitindo que se observe a evolução das movimentações financeiras em termos reais.
Segundo Marcelo Lombardo, essa base de dados vai servir para empresas olharem e avaliarem sobre o seu segmento e da sua região, para elas conferirem, por exemplo, se a sua receita bruta está mais alta ou mais baixa que as outras companhias. “Também são uma ferramenta muito poderosa pra contadores criarem um planejamento, um orçamento e ajudar, como sempre, os empreendedores a ter mais sucesso no negócio deles”, completou.