* Por Gustavo Comitre
No início deste ano, por conta da minha startup, tive a oportunidade de conhecer a região considerada o berço das empresas de tecnologia do mundo, o chamado Vale do Silício. Como todo empreendedor apaixonado pela área de Saúde, não pude deixar de relacionar essa experiência com o nosso mercado, afinal, o que podemos absorver deles? Por que lá se concentram as maiores empresas de tecnologia?
É inegável a facilidade que aquela região tem em transformar problemas globais em soluções escaláveis. De chips de computadores até redes sociais, tudo parece ter mais valor quando criado lá.
Mas vamos direto ao ponto, quais são seus segredos? Em minha opinião, podemos resumir em três grandes pontos-chave: Ecossistema de Inovação, Cultura Empreendedora e Coletividade.
Ecossistema de Inovação
A região conta com ótimas Universidades, centros de pesquisa, mão de obra especializada e grandes empresas inovadoras, o que cria um ciclo vicioso (no bom sentido), onde tais players criam uma sinergia que alavanca ainda mais o potencial daquela região. Em resumo, bons profissionais das mais variadas áreas (negócios, tecnologia, design, saúde…) saem de tais universidades e encontram empresas preparadas para absorver seus conhecimentos ou um cenário favorável para empreender naquela região.
Com o tempo (que é muito menor nessa região, diga-se de passagem), parte dessas novas empresas crescem exponencialmente e ganham muito capital, em virtude do alto valor agregado em seus produtos e tecnologias, o que é reinvestido na própria região ou na vinda de excelentes profissionais e empresas de outras regiões do planeta. O resultado? Uma região com investidores, profissionais incríveis, universidades do mais alto nível, cultura de inovar e um cenário favorável para que novas empresas floresçam.
Cultura Empreendedora
Eita lugar onde ninguém tem medo do fracasso e acredita em seus próprios sonhos! Fracasso e risco fazem parte do perfil empreendedor, e por isso não é motivo de vergonha para ninguém no Vale, muito pelo contrário, se for para errar, erre, mas erre rápido. Além disso, empreendedor não vive de achismo, vai pra rua procurar seus potenciais clientes e entender seus verdadeiros problemas, angústias e desilusões, para então, a partir disso, encontrar seu problema de “1 Bilhão de dólares” para ser resolvido. Lá o Design Thinking não é ensinado em uma sala de aula, mas sentido na pele = Empatia-> Definição do Problema-> Ideação -> Prototipação-> Testes…
Coletividade
É lá onde ideias não são destruídas, mas sim construídas. Ao invés do “mas”, “não”, “isso não”, “não tenho tempo”, “não posso ajudar” … dão lugar a “e se também”, “claro”, “fale também com”…
As pessoas têm consciência que nenhuma solução inovadora é construída sozinha, é necessário apoio e colaboração. Em uma das visitas, tive a oportunidade de conhecer o CEO da Type A Machine, Espen Sivertsen. A empresa fabrica impressoras 3D, uma tecnologia que embora não seja recente, só agora está começando a se consolidar. Para estimular ainda mais o crescimento do setor, Espen buscou um espaço relativamente grande (um antigo galpão de uma montadora de carros) para que, em parceria com outras empresas de impressão 3D, fosse possível criar o maior complexo de empresas de impressão 3D do mundo.
Quando perguntado se tinha medo de ter concorrentes convivendo em um mesmo espaço a resposta foi muito clara: “NÃO! Eu conheço o meu mercado e onde minha empresa pode crescer, ter as demais empresas ao meu lado é uma vantagem competitiva, pois através de parcerias conseguimos ter mais representatividade e assim todos crescem”.