* Por Dagoberto Hajjar
A constatação vem da pesquisa que a Advance faz trimestralmente para identificar a percepção dos empresários de TI com o momento de mercado. Na pesquisa feita em outubro de 2020, os empresários de TI se mostraram surpresos, positivamente, com os resultados de 2020 e otimistas com o mercado em 2021.
O primeiro trimestre de 2020 registrou um crescimento de 7,5% sobre o mesmo período do ano anterior. A crise começou em 24 de março, impactando todo o mercado. O segundo trimestre apontou um fraco crescimento de 5,1%, mas historicamente, o segundo trimestre é o mais fraco do ano. Portanto, a crise bateu no mercado de TI em um trimestre menos relevante.
O terceiro trimestre registrou um exuberante 10,3% de crescimento, levando o acumulado de Jan-Set para 8,2% e a previsão de terminar o ano com 9,5% de crescimento, contra uma expectativa de crescimento de 20% antes da crise.
Nem todas as empresas foram impactadas da mesma maneira. A pesquisa mostra que 65% das empresas tiveram crescimento no acumulado Jan-Set de 2020, mas por outro lado, tivemos 25% das empresas com retração. Para o quarto trimestre deste ano a expectativa é ter 11% das empresas com crescimento acima de 30%; 16% das empresas com crescimento entre 15% a 29%; e 19% das empresas com retração.
As empresas com alta taxa de crescimento são empresas que analisam o mercado (oportunidades e ameaças), desenham ou redesenham um modelo de negócios para atenderem a demanda de maneira diferenciada, escolhem corretamente uma carteira de ofertas, estabelecem um plano com estratégias e ações, estruturam as áreas de marketing e vendas, têm grande disciplina na execução do plano, pensam constantemente em inovação, e têm velocidade para planejar, executar, aprender, ajustar o plano e partir para novo ciclo de execução.
A previsão inicial de crescimento para 2021 é de 10%, mas será um ano “muito complexo”.
De um lado, teremos fatores de impacto negativo. Será o primeiro ano de mandato dos prefeitos e governadores, que assumem descobrindo um caixa muito menor do que o esperado. Historicamente, é um ano com investimentos estritamente essenciais e com visibilidade pública, e um ano com menos investimentos em TI. Será o terceiro ano de mandato presidencial. Historicamente, é o ano de ações impopulares – o que torna os empresários inseguros quanto a fazer investimentos de TI. E por final, existe a possibilidade de uma segunda onda de pandemia no começo do ano.
De outro lado temos fatores de impacto positivo. Será o terceiro ano do presidente e, historicamente, é o ano que o governo federal aumenta os investimentos em infraestrutura e TI. O covid mostrou a importância de tecnologia para a sobrevivência e crescimento das empresas. Os projetos de transformação digital continuarão em ritmo acelerado, em especial nas áreas de Telecom, Saúde, Educação e Varejo. Teremos um aumento, ainda maior, do interesse de investidores no mercado Brasileiro de TI (investimentos, venture capital e M&A). E por final, temos a expectativa de crescimento do PIB em 3% a 4% que, se realmente acontecer, poderá puxar o crescimento do mercado de TI para 12% a 15%.
As empresas de TI que oferecem soluções cloud continuarão com alta taxa de crescimento e veremos o crescimento exuberante das empresas que se autodenominam como PaaS, incluindo plataformas de corretagem de APIs, plataformas de serviços financeiros, e plataformas de desenvolvimento low-code.
Para ter sucesso em um ano “muito complexo” você deverá começar, agora, a estudar o mercado e montar seu plano com estratégias e cenários. Dia 4 de janeiro será o dia de começar a executar o seu plano – em alta velocidade!
Dagoberto Hajjar trabalhou 10 anos no Citibank em diversas funções de tecnologia e de negócios, 2 anos no Banco ABN-AMRO, e 9 anos na Microsoft exercendo, entre outros, as atividades de Diretor de Internet, Diretor de Marketing e Diretor de Estratégia. Atualmente é sócio fundador da ADVANCE – empresa de planejamento e ações para empresas que querem crescer.