Com menos de um ano do IPO realizado no Brasil, o Nubank anunciou ao mercado seus planos de deixar a bolsa brasileira. A fintech afirmou que passará por uma reestruturação das suas BDRs (Brazilian Depositary Receipts), convertendo de nível III, para nível I, com menos exigências. Nesse cenário, a empresa deixa de ser listada como companhia de capital aberto na B3, e mantém o status apenas na bolsa de Nova Iorque (NYSE).
O projeto foi divulgado na quinta-feira (15) ao mercado e terá início após as aprovações da CVM e da B3. Com a mudança, os BDRs da empresa continuarão disponíveis para negociação no mercado de ações brasileiro e seguem representando um sexto de uma ação NU listada nos EUA.
A empresa continua listada na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), garantindo acesso ao maior mercado de capitais do mundo e cumprindo a supervisão regulatória da SEC (Securities and Exchange Commission), que estabelece os mais altos padrões globais. Paralelamente, o Nubank solicitará o cancelamento de seu registro de emissor estrangeiro no Brasil junto à CVM.
“O Nubank visa maximizar a eficiência e a escalabilidade, reduzindo cargas de trabalho duplicadas desnecessárias em requisitos regulatórios, que consomem recursos consideráveis. Nosso foco é melhorar processos, produtividade e escalabilidade para entregar crescimento e valor para todos os nossos stakeholders”, diz Cristina Junqueira, cofundadora e CEO do Nubank no Brasil. A administração da Companhia afirma que a decisão não afeta o compromisso de longo prazo do Grupo Nubank com o Brasil, tampouco com o mercado de capitais brasileiro.
O efeito para o investidor, no geral, é negativo. As ações do Nubank, geralmente, tinham uma indicação de venda ou eram neutras, não era um ativo muito popular, em termos de valuation era pouquíssimo atrativo. Era uma ação muito mais varejista, para o cliente correntista do Nubank. Essas ações vão perder liquidez, uma possibilidade é do investidor abrir uma conta lá fora e assim transferir o BDR, dependendo do valor, não vale a burocracia e muitos dos investidores podem estar desatentos a situação que está acontecendo e não conhecer a possibilidade de transferência.
Com IPO no Brasil e nos Estados Unidos, a empresa foi avaliada em US$ 41,5 bilhões, se tornando o banco mais valioso da América Latina, à frente das gigantes tradicionais como Itaú e Bradesco. A oferta pública inicial ainda atraiu 815 mil investidores pessoas físicas que compraram BDRs, frações de ações negociadas na B3.
O que pensam os especialistas
Segundo Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, a imagem da empresa sofre um ruído com a situação de deslistagem. Logo no lançamento do IPO, o banco doou ações para os correntistas, visando democratizar o mercado, como uma estratégia de marketing.
“A empresa está muito focada em redução de custos, em geral resultado operacional positivo, a companhia já vem a bastante tempo pregando isso, principalmente quando o mercado fica, em termos de liquidez, com aumento de juros, FED lá fora, uma redução da oferta de liquidez global. Essa é uma das medidas que o banco vem estudando”, explica sobre os possíveis motivos do Nubank ter tomado essa decisão.
E como ficam os investidores do Nubank? Cunha diz que é um efeito, no geral, negativo. “As ações do banco tinham uma indicação de venda ou eram neutras, não era um ativo muito popular, em termos de valuation era pouquíssimo atrativo. Era uma ação muito mais varejista, para o cliente correntista do Nubank”.
Ele explica que essas ações vão perder liquidez e a possibilidade é que o investidor abra uma conta lá fora e assim transfira a BDR. “Mas dependendo do valor não vale a burocracia e muitos dos investidores podem estar desatentos a situação que está acontecendo e não conhecer a possibilidade de transferência.”