* Por Taise Ventura
Elogiando ou criticando, todos têm uma opinião sobre os NFTs. O assunto ganhou força em 2021 e, consequentemente, deverá ser um dos temas mais comentados de 2022. A compra de uma obra da coleção “Bored Ape Yatch Club” pelo jogador Neymar foi uma mudança de chave para o mercado de NFTs no Brasil, sem falar na divulgação de uma coleção pelo próprio jogador em parceria com um marketplace. Com o segmento em franca expansão, esse é um ótimo momento para apresentar melhor o conceito dos NFTs ao público brasileiro e aquecer ainda mais o criptomercado.
Para quem não tem acompanhado notícias e trends nas redes sociais, pode parecer mais complexo, mas o conceito dos NFTs é mais simples do que parece. Do inglês Non-fungible tokens, são tokens (certificados digitais) não fungíveis, ou seja, não podem ser trocados por outros parecidos. Sua característica os torna únicos, facilmente identificados com registro de propriedade e direitos autorais.
A verificação se dá por tecnologia blockchain, com uma cadeia de blocos de informações sendo criptografadas e inseridas a um bloco anterior de dados. Assim, é formada uma cadeia inalterável de ligações, com dados facilmente acessíveis que não podem ser modificados. Quando uma pessoa compra uma obra de arte, por exemplo, ganha esse registro do NFT confirmando ser proprietária de um objeto virtual. A exclusividade da obra adquirida é um dos maiores diferenciais do formato.
As artes digitais, como não poderia deixar de ser, foram as primeiras a se aventurar no NFT. A polêmica dos macacos entediados, por exemplo: as artes do projeto “Bored Ape Yacht Club” são geradas por algoritmo em combinações de 170 características possíveis, dos pelos aos chapéus até roupas e óculos. Cada combinação se torna única (algumas sendo raras), valorizando seu registro. Até o Twitter já está se adaptando para aceitar imagens e destacar o NFT, confirmando a propriedade do usuário, que pode usá-la em seu perfil.
Aí se encaixa a exclusividade da aquisição de obras de arte com NFT – quem as tem, ganha destaque até fora do mundo virtual. Na compra de um Bored Ape, o usuário também passa a fazer parte de um clube muito seleto de pessoas – literalmente. Além de Neymar, esse grupo inclui nomes como o rapper Eminem, o comediante Jimmy Fallon e o ator Aziz Ansari. Alguns inclusive já estiveram em eventos fechados destinados apenas aos donos de um Bored Ape.
O valor agregado às obras passa de sua importância artística e status por adquiri-los. Assim como a especulação dos trabalhos e de seus criadores, como no mercado de arte mais tradicional, o NFT traz novas possibilidades como a criação de grupos exclusivos para proprietários de tokens não fungíveis, comunidades consolidadas de pessoas em torno de um interesse em comum e uma forma mais democrática de valorizar a arte digital.
E qual seria a melhor forma de aquecer o mercado de transações com registros de exclusividade? Com as criptomoedas. Os Bored Apes têm seu valor revelado em Ethereum (ETH), uma das mais conhecidas moedas digitais depois do Bitcoin. As obras podem ainda ser comercializadas por Polygon e Klaytn, com valores sempre referentes ao ETH. A segurança das transações em criptomoedas segue a mesma lógica do blockchain relacionado ao NFT, facilitando transações e registros da compra e da propriedade.
O NFT para obras de arte (entre outras possibilidades que vão sendo entendidas aos poucos, como skins exclusivas de games e até músicas) chama atenção até de quem não está no criptomercado ainda. Assim, as criptomoedas ajudam o NFT a se consolidar, enquanto este também favorece novos usuários a conhecer o Bitcoin e seus semelhantes. Com dois mercados caminhando juntos, uma coisa é certa: há um futuro amplo de possibilidades e lucrativo no digital.
* Taise Ventura é redatora da Rental Coins e entusiasta do mercado cripto.