Os NFTs são registros digitais que representam um ativo digital ou físico único e servem como um certificado de posse para o comprador. Os ativos começaram na arte, mas podem ser usados em diversas categorias como jogos, esportes, música, clube com benefícios exclusivos, registros de imóvel, entre outras áreas.
Os tokens não-fungíveis chamaram a atenção de celebridades, tanto para comprar, como para lançar seus próprios ativos. Entre os brasileiros que investem em NFT, o mais famoso é o Neymar, que comprou duas imagens da coleção Bored Ape Yatch Club, por um valor de US$ 1,1 milhão. A sua compra resultou no aumento de buscas na internet com as palavras “macaco do Neymar”.
A Bored Are Yatch Club é uma coleção de imagens de macacos entediados com diferentes estilos. Além da arte, esse NFT dá acesso a festas exclusivas para seus compradores. O que junta duas estratégias de marketing em uma, a criação de uma comunidade de pessoas que compartilham algo em comum e a disponibilização de utilidades exclusivas para membros. Esse clube organizou diversas ações e uma delas foram os encontros para os proprietários em Nova York, Califórnia, Hong Kong e Reino Unido. O último evento contou com aparições de Chris Rock, Aziz Ansari e The Strokes, criando assim uma espécie de clube dos famosos.
Segundo a especialista Catarina Papa, partner da Unblock Capital, a compra dos NFTs por famosos está indo pelo caminho do buzz – marketing que dissemina o produto ou serviço através de cadeias de consumidores -, ou seja, uma celebridade demonstra interesse e outros querem participar desse novo clube privado. Mas também há compra por interesse em investir no novo fomento artístico.
Famosos vendem seus NFTs
Além de investirem em NFTs, as celebridades estão vendendo seus ativos para aproveitarem essa ascensão tecnológica. O influenciador Felipe Neto criou uma coleção com 50 itens, com o preço de R$ 500 cada uma. As artes foram adquiridas por 39 pessoas diferentes e se esgotaram em duas horas. Em abril deste ano, o surfista Pedro Scooby colocou à venda 30 mil NFTs com benefícios. O ativo digital mais caro, que custa aproximadamente R$ 90 mil, dá direito a uma viagem com o ex-BBB.
Na onda dos ex-BBBs, Gustavo Marsengo anunciou o sorteio de 50 NFTs suas com benefícios exclusivos que ainda serão revelados. O advogado comenta que aderiu a tecnologia para se aproximar dos seus fãs. A estratégia de sorteio antes de uma possível venda é para gerar um aprendizado sobre os tokens não-fungíveis. “Quero desmistificar a história de que NFT é apenas uma imagem jpeg que você tem no seu computador, mas criar algo com benefícios concretos para quem adquirir”, explica.
Para Gustavo, os NFTs abrem as portas para os clubes de vantagens exclusivas, como o de famosos citado no início da matéria, mas agora voltado para fãs. É como se esses ativos estivessem substituindo as antigas carteirinhas de clubes de futebol, onde os fãs podiam, por exemplo, entrar antes no estádio, conhecer seus jogadores e ganhar camisetas do time autografadas, mas agora vários segmentos do entretenimento podem participar.
A escolha de comprar um NFT, com ou sem benefícios, pode vir do interesse do fã de ter algo personalizado e exclusivo do seu ídolo. Como foi o caso do público de Madonna que, ao comprar um dos itens de sua coleção, recebia um vídeo de animação da diva do pop dando luz a borboletas, insetos e plantas, algo que não seria possível de ser consumido antes dos ativos digitais.
“A questão de comprar um NFT é bastante pessoal e vai desde a especulação ao simples prazer de acumulação. A natureza humana permanece a mesma. O sentimento de posse, de acumulação, da exibição, fazem parte do ser humano”, diz Bruno Milanello, executivo de novos negócios do Mercado Bitcoin. “Os NFTs, mesmo que não desenhados para isso, exploram esse lado emocional e racional ao mesmo tempo. Temos questões objetivas e subjetivas para a compra de uma NFT. Aquele que te der o maior conforto é o que basta para você entrar nesse mundo fantástico”.
Economia circular
A Web3 é conhecida por especialistas como economia de criadores, de todos os tipos, desde artistas até arquitetos, que são emancipados para a criação de novos projetos com o apoio de comunidades em volta deles, estratégia comercial que dá propósito para a compra de um NFT, por exemplo.
O senso de comunidade pode vir tanto por conta dos benefícios de um clube exclusivo quanto pela economia circular que um NFT pode proporcionar, também conhecido como propriedade intelectual (em inglês Intellectual property) – reconhecimento legal da autoria de uma obra que garante ao autor o direito, por um determinado período, de explorar economicamente sua própria criação.
“Eu sou fã e vou comprar a parte de uma música do meu artista favorito através de um NFT, vou ter direito autoral e vou receber quando e toda vez que ela circular. Isso vai se transformar em uma nova forma de economia circular. No caso, a aderência dos famosos em relação a NFT e propriedade intelectual ainda não começou, mas pode vir a aumentar muito nos próximos meses e anos”, finaliza Catarina Papa.