* Por Rafael Marciano
Falar de inovação aberta se tornou mais frequente nos últimos anos. Seja em conversas entre as lideranças ou em planejamentos estratégicos, a verdade é que as grandes companhias estão em busca de mais proximidade com empreendedores e startups. O intuito desse relacionamento é acelerar a transformação digital de corporações tradicionais e até conservadoras com toda a expertise e o frescor das startups.
No entanto, ainda que essas parcerias sejam muito interessantes e promissoras, falta uma compreensão mais clara sobre os componentes que facilitam a relação das companhias com empresas externas. Além disso, conferir se há match entre startup e a corporação é essencial.
Um dos primeiros passos para um bom relacionamento que promova a inovação aberta tem a ver com o diagnóstico. Depois de um pitch inicial e de conversas com objetivos exploratórios, é importante que esteja clara a existência do chamado “fit de negócios”, um alinhamento de visões que permitirá o desenvolvimento de uma relação de ganha-ganha entre corporações e startups.
Via de regra, nos casos em que existe um bom fit, é comum que as startups possam atuar como clientes, fornecedoras ou até parceiras comerciais da companhia em questão.
O investimento com olhar estratégico faz toda a diferença. Não se faz apenas um aporte financeiro. Por meio desse olhar alinhado, que mira o mesmo objetivo é possível trazer toda uma estrutura dedicada ao desenvolvimento de negócios entre as investidas e a corporação, com a definição de metas claras para alavancar o relacionamento da companhia com o ecossistema, o que aumenta as chances de alcançar maiores resultados com a iniciativa.
Desta forma, a inovação aberta pode ser entendida como um processo de simbiose entre grandes e médias empresas – que têm credibilidade, reconhecimento de marca, capacidade de distribuição, de investimento e uma rede de fornecedores – e startups, que além de trazerem consigo inovações e melhorias, têm maior velocidade de operação e culturas mais ágeis.
Em contrapartida, a ausência de testes, a falta de engajamento das áreas de negócios, confusões acerca das dores da corporação e até o excesso de aprovações e/ou integração de tecnologias podem atravancar iniciativas de inovação aberta, inibindo um bom relacionamento com players externos que podem transformar a maneira como as corporações se posicionam no mercado.
Esse tipo de análise mostra que não existe um padrão, ou uma “receita de bolo”, que vá se adaptar às necessidades de todas as corporações que buscam inovar.
Ao decidir apostar em projetos de inovação aberta, é importante que as corporações preparem-se da melhor maneira possível para também dedicar tempo, esforços e recursos humanos na realização de projetos pilotos e POCs, que podem ter duração de 1 até 6 meses. Afinal, serão exatamente esses pilotos que vão permitir testar e validar as soluções inovadoras, estabelecendo métricas de sucesso que permitam posteriormente atestar a viabilidade dos projetos e da colaboração entre startups e corporações
* Rafael Marciano, Head de inovação aberta da Wayra Brasil, hub de inovação da Vivo