O Mercado Livre, empresa de tecnologia para e-commerce e serviços financeiros da América Latina, divulgou seus resultados financeiros do primeiro trimestre de 2020, finalizado em 31 de março.
“Diante do cenário desafiador que o mundo hoje enfrenta, estamos otimistas com os resultados que obtivemos durante o primeiro trimestre de 2020. Embora menos afetados que outras indústrias na América Latina, nossos negócios em comércio eletrônico e serviços financeiros apresentaram impactos de curto prazo, já com recuperação ao longo de abril. Acreditamos que o Mercado Livre tem a oportunidade de emergir dessa situação mais forte e com um senso de propósito ainda maior”, afirmou Stelleo Tolda, COO e Vice-presidente executivo do Mercado Livre para a América Latina.
“Cabe contextualizar que os nossos esforços diante da crise têm se concentrado, principalmente, em três frentes: o bem-estar de nossos colaboradores, a operação ininterrupta de nossas soluções de comércio eletrônico e fintech, que estão se mostrando particularmente adequadas para ajudar consumidores e vendedores a enfrentar a atual pandemia, e a coordenação de nossos esforços com as autoridades dos países em que operamos. Finalmente, e mais importante, nossos corações se dirigem às pessoas e famílias afetadas pela covid-19. Queremos expressar nosso agradecimento a todos aqueles que estão na linha de frente trabalhando lado a lado nessa crise mundial de saúde sem precedentes”, concluiu Stelleo.
Principais tendências relacionadas ao covid-19
– O isolamento total ou parcial imposto no final de março por governos de toda a América Latina afetou países e unidades de negócios de maneira diferente. Além disso, o impacto negativo foi maior nas primeiras semanas, com melhorias graduais ao longo do tempo;
– Os indicadores do marketplace sofreram baixa significativa durante a semana de 18 a 24 de março, com alta de 3,3% no número de itens vendidos e queda de 1,4% no volume de vendas (Gross Merchandise Volume – GMV) em moeda constante, na comparação com a mesma semana de 2019. Já no mês de abril, observamos uma forte recuperação, com taxas de crescimento aceleradas em itens vendidos (alta de 75,8%) e em volume transacionado (alta de 72,6%) em moeda constante versus 2019;
– Inicialmente, os consumidores reduziram os gastos com itens não essenciais, o que levou a uma mudança no mix de vendas. As categorias de saúde, produtos cotidianos e brinquedos ganharam força, com crescimento de volume de mais de 100% ano a ano. Por outro lado, categorias não essenciais, como autopeças e eletrônicos de consumo, registraram quedas nas taxas de crescimento;
– A rede de logística gerenciada pelo Mercado Livre continuou funcionando normalmente, garantindo entregas pontuais, com centros de armazenamento permanecendo totalmente operacionais em toda a região. O Brasil viu uma mudança significativa no Fullfilment, com uma penetração de 15,1% no final do trimestre e de quase 20% em abril. Considerando toda a rede gerenciada pelo Mercado Envios, a penetração superou os 50%, não apenas melhorando o custo médio por pedido e os tempos de remessa, mas também a qualidade do serviço e a experiência do consumidor;
– O negócio de fintech também sofreu uma desaceleração inicial durante a terceira semana de março, seguida por melhorias durante a última semana de março e início de abril. A alta no volume total de transações (TPV na sigla em inglês) fora do marketplace durante a segunda quinzena de março foi de 95,4%, enquanto em abril o indicador avançou em 155,6% contra o mesmo período de 2019, em moeda constante;
– A desaceleração em Mercado Pago foi decorrente principalmente do menor tráfego nas lojas físicas, com impacto direto nos negócios pagamentos móveis e via Código QR, parcialmente compensado pelo fortalecimento relativo nos serviços de negócios online.
Destaques do primeiro trimestre de 2020
Mercado Pago:
– A base de usuários únicos ativos cresceu 30,9%, atingindo 43,2 milhões no trimestre;
– O volume total de pagamentos com Mercado Pago alcançou US$ 8,1 bilhões, um aumento ano a ano de 43,5% em dólar e 82,2% em moeda constante. O total de transações cresceu 102% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando 290,7 milhões de transações no trimestre;
– Em uma base consolidada, o volume total de pagamentos fora da plataforma do Mercado Livre cresceu 84,2% em dólar e 139,5% em real em relação ao ano anterior, alcançando os US$ 4,7 bilhões através de 217,3 milhões de pagamentos (146,2% de crescimento ano a ano);
– Em termos consolidados, o volume total de pagamentos processados através das maquininhas Points cresceu 103,3% ano a ano em moeda constante;
– As transações através da carteira digital ultrapassaram US$ 1,3 bilhão em uma base consolidada, o que implica um crescimento de 299,2% ano a ano em moeda constante. A base de pagadores ativos da carteira cresceu 155,1% em relação ao primeiro trimestre de 2019, somando já mais de 8 milhões de pagadores únicos durante o período reportado. O volume total de pagamentos processados através da carteira digital continua a crescer a taxas de três dígitos ano a ano na Argentina, Brasil e México.
Marketplace:
– O volume de vendas (GMV) voltou a acelerar, alcançando US$ 3,4 bilhões, o que representa um crescimento de 10,6% em dólar e de 34,2% em moeda constante. Deste total, 69,8% provêm de transações realizadas a partir de dispositivos móveis;
– Foram vendidos no marketplace do Mercado Livre 105,7 milhões de itens, alta de 27,6% em relação ao primeiro trimestre de 2019;
– Foram registrados 267,4 milhões de anúncios na plataforma do Mercado Livre, 29,8% a mais do que no mesmo período do ano passado;
– 90,2 milhões de artigos foram enviados através de Mercado Envios, um aumento de 44,6% ano a ano, impulsado principalmente pela evolução do programa de entregas grátis da companhia.
Resultados financeiros:
– A receita líquida no primeiro trimestre cresceu para US$ 652,1 milhões, um aumento ano a ano de 37,6% em dólar e 70,5% em moeda constante;
– A operação no Brasil representa mais de 60,9% da receita líquida total da companhia, tendo alcançado US$ 397,5 milhões, crescimento de 31,4% em dólar e 54,8% em real, ano contra ano;
– O lucro bruto foi de US$ 312,8 milhões com uma margem de 48,0%, comparada aos 50,0% obtidos no primeiro trimestre de 2019;
– O trimestre encerrou com perda líquida (depois dos impostos) de US$ 21,1 milhões, significamente inferior aos US$ 54 milhões registrados no último trimestre de 2019, resultado da premissa de manter um equilíbrio sustentável entre crescimento e investimento.
À Reuters, Stelleo Tolda, vice-presidente da empresa para América Latina, afirmou que o Mercado Livre deve manter o plano de investir cerca de R$ 4 bilhões no Brasil em 2020. “Pode ser que tenhamos que redirecionar alguns investimentos para logística, devido ao aumento da demanda do ecommerce, mas no momento a ideia é manter o volume total”.