Uma das dificuldades das mulheres empreendedoras é conseguir conciliar o trabalho com o tempo que passam com seus filhos, ainda mais se forem pequenos. É o que aconteceu com Carina Borrego, que trabalhava em um escritório de advogados, com horários corridos e que não batiam com os horários da sua filha, que na época tinha 5 anos.
Foi pensando nisso e pesquisando sobre coworkings que ela teve a ideia de criar um espaço em que as pessoas pudessem trabalhar e ao mesmo tempo estar perto dos filhos. Em 2014 começou fazendo alguns eventos para reunir a comunidade e em 2015 foi então inaugurada a Casa de Viver, Localizada na Vila Mariana em São Paulo.
No primeiro andar funciona o coworking, com toda a estrutura para trabalhar: Wi-Fi, impressoras, telefones, sala de reunião,sala de atendimento, café e água. E no andar de cima funciona o espaço das crianças, onde elas têm à disposição brinquedos, livros, um espaço de descanso, copa com geladeira, microondas e cadeirão, e cuidadoras que supervisionam as brincadeiras. O espaço recebe bebês a partir de 4 meses até crianças de 4 anos.
Em entrevista ao Startupi, Carina destaca que existe um movimento crescente de mulheres que empreendem para conquistar um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, o que as grandes empresas ainda não conseguem oferecer. “Para se ter ideia, menos de 50% das mulheres voltam ao emprego depois da licença maternidade. Isso é preocupante, porque se por um lado empreender pode ser uma saída interessante, que pode trazer realização e retorno financeiro, às vezes as mulheres idealizam essa situação, e na prática continua sendo difícil conciliar trabalho e filhos quando se está tocando um negócio”, comenta Carina.
Existem diversos casos emocionantes dentro da Casa de Viver com mães que só conseguiram voltar a trabalhar depois que descobriram o espaço. Uma delas estava há meses sem conseguir prosseguir com sua tese de mestrado, e só conseguiu concluí-la após mudar-se para o coworking, onde pôde focar no trabalho, sem ter que abrir mão de estar perto da filha de 1 ano. “No dia em que ela imprimiu a tese aqui na Casa de Viver foi a maior festa”, comenta Carina.
Hoje o espaço conta com 12 usuárias fixas e algumas que usam horas avulsas. Ao contrário do que pode parecer, o espaço também pode ser frequentado por homens e pessoas que não tenham filhos. Além do coworking, o espaço conta com uma lojinha de conveniência com produtos de interesse para mães, pais e crianças e uma sala de atendimento, onde profissionais como coaches, psicólogos, terapeutas, podem atender clientes, trazendo também seus filhos (tanto do profissional quanto do cliente).
A Casa de Viver também aluga o espaço para eventos e possui uma programação própria, que conta com Café com Mães Empreendedoras; Happy Hour; Chá da Tarde com conversa para os residentes; Semana Aprender, com cursos para os negócios e a Vida, entre outros.
Carina é mãe da Brigitte, que tem 8 anos, e da Clara, que está com 1 ano e 5 meses, e fica na Casa de Viver desde os 5 meses. “É muito bom saber que elas estão por perto, poder participar e testemunhar o crescimento delas, ouvir quando elas chamam, saber em primeira mão de tudo o que elas fazem. Para mim foi um alívio poder encontrar esse outro jeito de trabalhar estando perto delas. Sei que isso ainda não é possível para todas as mães que trabalham fora, e que as mães sempre fazem o melhor dentro das possibilidades que existem”, argumenta Carina.
Ela afirma que seu trabalho com a Casa de Viver também é mostrar que podemos começar a pensar em alternativas. Carina cita o exemplo da proposta que pretende levar para as empresas onde as mães, ao voltarem da licença maternidade, voltem a trabalhar da Casa de Viver, uma vez que o trabalho remoto está se tornando cada vez mais uma realidade. “Dessa forma vamos tornando o mundo do trabalho mais humano para mães e filhos. É preciso que a sociedade como um todo, a família e as empresas, apoiem as mulheres, dando a elas a oportunidade de viver de forma mais tranquila e presente”, comenta ela.
Carina conta que em abril a Casa de Viver estará em um novo endereço, próximo ao metrô Santa Cruz. O diferencial da nova sede é um quintal com mais espaço e mais verde para as crianças, uma sala para oficinas infantis, uma sala de brinquedos mais espaçosa, que permitirá com que ampliem a faixa etária das crianças que atendem e realizar cada vez mais eventos para esse público. Na parte do coworking, ganharão um espaço mais charmoso, a casa foi projetada pelo arquiteto Gregori Warchavchik, o mesmo que projetou a Casa Modernista. O novo espaço contará também com uma segunda sala para coworking ou aulas e um terraço para descompressão, além de atividades de bem-estar e cozinha.
“A princípio estaremos focadas na nova sede e nas novas possibilidades que ela nos apresenta. Mas temos recebido muitos contatos de pessoas interessadas em abrir Casas em outros bairros de São Paulo e em outras cidades e estados. Esperamos em breve poder levar essa experiência para outros locais”, afirma.
Para o mês da Mulher, a Casa está preparando um evento de teatro de improviso para mães e um chá da tarde especial. Conheça o site da Casa de Viver para saber mais.