Dono de um grande manancial petrolífero e mineral, conhecido pelas suas belas praias, dunas e falésias e com pouco mais de 3 milhões de habitantes, o Rio Grande do Norte, no Nordeste brasileiro, tem se destacado além do seu potencial turístico e força na exploração de recursos minerais: no setor de inovação e empreendedorismo. Em Natal, capital do estado, se projeta um dos ecossistemas empreendedores de startups de grande importância para a região e o país: a Jerimum Valley.
Sustentada através da contribuição de patrocinadores, apoiadores e voluntários, a iniciativa é sem fins lucrativos. Suas principais formas de atuação são a organização de maratonas de desenvolvimento de ideias, suporte aos empreendedores de startups, produção de conteúdo multimídia e desenvolvimento da educação empreendedora por meio de minicursos e palestras.
Estruturação do ecossistema
Fundada em 2012 por 12 empreendedores locais, a comunidade nasce com o objetivo de criar uma rede de apoio que trouxesse visibilidade para novos negócios e capacitasse o capital intelectual no Estado. Em julho de 2013 teve sua estruturação e oficialização de fato concretizadas e conta com mais de 900 membros em sua comunidade, distribuídos em 5 grupos pelos aplicativos de mensagem Whatsapp e Telegram.
Para manter o controle, a comunidade realiza anualmente processos seletivos para eleger os representantes do grupo em áreas distintas como educação e expansão, pessoas, comunicação, eventos e tecnologia, além das posições de vice-líder 1, vice-líder 2 e líder geral. Após a definição, cada representante permanece até 2 anos na liderança. Os eleitos possuem uma célula com um grupo de voluntários para suporte, sendo rotativos ou fixos. Os interessados em participar do processo preenchem o formulário e são aprovados para o voluntariado. Aqueles que apresentam maior desenvoltura e motivação são escolhidos como representantes do setor.
O Jerimum visa, com essa estrutura, demonstrar credibilidade e estabilidade para os empreendedores de inovação, agentes públicos e privados, instituições de apoio e seus parceiros. Além de dar a seus membros a possibilidade de terem voz ativa na troca de informações, iniciativas e sugestão de ideias.
Oportunidades e desafios
Em entrevista ao STARTUPI, Monnaliza Medeiros, membro do comitê da Jerimum Valley, contou que o ecossistema de inovação e startups tem se fortalecido com ações de diversas instituições. O maior desafio é manter os empreendedores no Estado, tendo vista o êxodo das startups para outros lugares. Atualmente existem cerca de 400 startups na região.
Quando comparada a outras regiões, Monnaliza revelou qual o diferencial do Rio Grande no Norte. “Há muitas oportunidades dentro do ecossistema do RN, principalmente no quesito empreendedorismo. Existem startups com grande potencial de crescimento. As instituições do ecossistema estão cada vez mais unidas em uma busca de oportunidades para os empreendedores”.
Segundo Monnaliza, os investimentos em startups na região ainda acontecem de maneira tímida. A busca por capital acaba levando a maior parte dos negócios em estágio de maturidade a saírem do estado. Ainda sim, existem instituições focadas nesse mercado como o SEBRAE/RN (Programa de aceleração para negócios de impacto), Anjos do Brasil, Seahub – Venture Builder e a Incubatech. Também existe a parceria das incubadoras locais com o Banco do Nordeste para obtenção de crédito para investimento. Além das instituições nacionais sediadas fora do estado, que se relacionam com o ecossistema local como a Bossanova Investimentos (Investimento pré-seed e seed), o Founders Institute e a Darwin Startups (Aceleração).
Cases de sucesso
Ao lado do avanço do ecossistema segue o aumento da presença feminina no meio, seja na fundação de startups ou na liderança em diversos cargos dentro de projetos de tecnologia e inovação. Isaiane de Mendonça é um exemplo dessa mudança. Ela é cofundadora da Autoforce, empresa de Marketing digital para concessionárias, uma das pioneiras ativas no ecossistema de startups local. Recentemente, a martech lançou um programa pra desenvolver talentos no estado (programadores fullstack). Outro case de sucesso é a BlinDog, startup que desenvolve produtos tecnológicos voltados para o bem-estar de cachorros através de um dispositivo inteligente. Fundada por Luana Wandecy e Natália Dantas, a empresa tem como principal produto uma coleira inteligente que auxilia animais cegos a desviarem de obstáculos.
Na região também existem hubs de inovação e coworkings como o Seahub Coworking, Business Lab ITNC, Cubo Hub, inPACTA, Mesa Anexa, Natal Shopping Espaço Greenpallets Coworking e o Sebraelab. Além das empresas como a Riachuelo, Cristalina, Camarões, Miranda e Credshow que apoiam os eventos da comunidade.
Apesar do abalo provocado pela pandemia, Monalizza afirma que a comunidade resistiu e procurou se adaptar ao momento. “Realizamos diversos eventos; fomos a comunidade mais citada em um estudo do Sebrae. Firmamos grandes parcerias locais e nacionais, fomos indicados no Startup Awards nas categorias Comunidade do Ano e Heroína do Ano e temos uma cadeira no conselho consultivo do PEIEX (Programa de Qualificação para Exportação)”, reforça.
Em 2021, o mercado demostrou um aquecimento e as oportunidades para startups e empreendedores cresceram. Um dos destaques ficou por conta do GO!RN, evento realizado juntamente com o Sebrae, onde a comunidade de startups e o ecossistema inovador do Rio Grande do Norte promoveram encontros digitais para fortalecer e incentivar esse segmento, reunindo geeks, instituições, empreendedores digitais e empresários tradicionais para a capacitação, troca de conhecimento e a geração de soluções criativas e negócios inovadores.
Para finalizar, Monnaliza deixa uma dica para quem deseja entrar nesse ramo. “Ter uma filosofia baseada no #GiveFirst e #GiveBack. Se o membro está iniciando sua carreira na comunidade, ele é incentivado a contribuir com o desenvolvimento do coletivo antes de esperar ganhar algo em troca. Uma coisa é certa: não se sabe quando ou como, mas sempre que se contribui com boas intenções com a comunidade, receberá alguma boa oportunidade em retorno. E o Give Back refere-se aos empreendedores que já conseguiram crescer e ter acesso a boas oportunidades no ecossistema, para que possam ser multiplicadores e guiar novos empreendedores em suas jornadas”, conclui.
Quer conhecer ainda mais a Jerimum Valley? Assista ao Innovation Tour – Rio Grande do Norte.