* Por Pedro Signorelli
A desaceleração das ofertas públicas iniciais de ações brasileiras (IPO) neste ano já era esperada. No entanto, o que ocorreu superou as piores expectativas: nenhuma empresa abriu capital na bolsa de valores até meados de junho. No ano passado, e não é demais lembrar, quando a pandemia ainda era assustadora, a movimentação de companhias que abriram seus capitais beirou os US$ 7 bilhões.
Para quem não está tão familiarizado com o termo, IPO (Initial Public Offering), que traduzido para o portugês significa Oferta Pública Inicial, é o processo por meio do qual uma empresa oferece ações para o mercado pela primeira vez. Ou seja, é a distribuição inicial de ações em uma bolsa de valores que permite aos investidores adquirirem parte de uma companhia, isso ocorre quando, normalmente, as companhias estão prevendo crescimento e precisam de capital para financiá-lo.
Em 2021, a quantidade de IPOs se deu basicamente pela visão otimista do mercado de que a situação da pandemia seria amenizada e consequentemente a economia retomaria um viés de crescimento. Este otimismo leva o mercado a estar disposto a ir às compras de ações e a pagar “o preço” para não perder uma oportunidade, já que o investidor vislumbra um cenário futuro favorável.
À medida em que os parâmetros mudam devido ao crescimento das taxas de juros em nível mundial, em função de elevada inflação, especialmente nos Estados Unidos, e também surge uma guerra, os investidores começam a duvidar daquele cenário futuro bonito e começam a ficar mais avessos ao risco, pensando duas vezes se vão pagar “aquele preço” pelas ações.
Somado a tudo isso, nós estamos em ano eleitoral no Brasil e o mercado adota um comportamento receoso e especulativo, com menor liquidez e menos ávidos por compras baseadas em fundamentos. Essa atitude faz com que quem quer abrir capital não perceba nos investidores apetite para pagar um bom preço pelas ações e os valuations ficam prejudicados.
Diante desse cenário, é necessário a volta do otimismo ao mercado, que se mostrará na valorização do Ibovespa, para que as empresas voltem a estar dispostas a abrir seu capital. Alguns especialistas falam em uma possível recuperação no segundo semestre do ano, mas pessoalmente, duvido um pouco. Eu acredito que será um período nervoso, onde ainda vamos notar o impacto da subida dos juros na economia real.
O mercado apenas se tornará mais favorável aos IPOs caso venha a ter uma visão mais clara do cenário político futuro, contando também com uma estabilização de preços pressionados pelas quebras das cadeias produtivas em função da guerra e da alta de juros.
Como isso se relaciona aos OKRs? Os OKRs – Objectives and Keys Results – Objetivos e Resultados Chaves -, são uma excelente ferramenta de gestão para navegar em momentos de incerteza. Trata-se de executar a visão de médio e longo prazo da organização hoje.
Esta é a verdadeira beleza do OKR: metas concretas no curto prazo e capacidade de adaptação ao longo dos ciclos, para que o plano se ajuste ao vento que estiver soprando naquele momento. Dessa forma, todos estarão alinhados em torno do que é prioritário dado o contexto externo e as necessidades internas.
Pedro Signorelli é especialista “insider” na implementação de OKR em empresas de diversos tamanhos e segmentos, e ministrando palestras e workshops de implementação de OKR.