Segundo o Ministério da Saúde, considera-se doença rara aquela que afeta até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos. No Brasil, estima-se que 13 milhões de pessoas convivam com algum tipo de doença rara. Atualmente, diagnósticos precoces e assertivos são dois dos grandes problemas relacionados a essas doenças no País, prejudicando o cuidado com o paciente e tendo forte impacto no sistema de saúde, pois diagnósticos errados significam agravamento da doença. Além disso, estima-se que 25% das pessoas nem saibam de sua condição.
Com o avanço da tecnologia, mais precisamente da Inteligência Artificial é possível avaliar de forma precoce hipóteses de doenças raras, seja identificando, excluindo ou até mesmo confirmando os diagnósticos. E a boa notícia é que o Brasil já possui tecnologia disponível e reconhecida para isso.
O MIDAS-MedFlow, módulo de Inteligência Artificial na Medkortex, plataforma de gestão em telemedicina desenvolvida pela GetConnect, conquistou o prêmio “Desafios Plurais – a vida de cada paciente é singular, o desafio é plural”, por ajudar no processo de diagnóstico precoce de doenças raras.
A premiação promovida pela Roche, companhia multinacional Suíça, e pela Eretz.bio, incubadora de startups do Hospital Israelita Albert Einstein, teve como objetivo identificar soluções que possam ser replicáveis em grande escala e estavam concorrendo 60 outras ideias inovadoras.
“Existem algumas doenças que demoram de três a cinco anos para serem diagnosticadas e a Inteligência Artificial permite agilizar esse processo. Quando um paciente chega com uma dor abdominal – que pode ter várias causas – o médico investiga o paciente e navega pelas várias árvores do sistema; assim então, começa a raciocinar com o aplicativo, o que o possibilita examinar diversas perspectivas.
Detalhes que poderiam passar despercebidos (afinal, estamos falando de doenças que não são triviais e com as quais não temos contato com frequência) podem surgir já na primeira anamnese – algo pode ocorrer, inclusive, via telemedicina”, ressalta Julio Cesar Gali Filho, médico responsável pelo desenvolvimento do algoritmo MIDAS, base tecnológica do MedFlow.
Através de algoritmos avançados (redes neurais convolucionais), a solução MedFlow guia o médico no momento da consulta para buscar o diagnóstico mais preciso possível, trazendo insights dos caminhos a seguir. Com base em perguntas que vão sendo sugeridas sobre sintomas e identificação dos sinais vitais, o sistema refina da melhor maneira possível as hipóteses. O módulo sugere as doenças prováveis e traz as informações sobre cada uma delas, auxiliando na solicitação de exames, na decisão clínica e no caso das doenças raras, trazendo possibilidades que tradicionalmente poderiam não estar entre as hipóteses do médico. É exatamente essa capacidade de refinamento que diferencia o módulo da MedKortex dos demais sistemas do mercado.
“Essa tecnologia tem muito potencial nessa era de teleconsulta e telemedicina. É preciso que todos entendam que inteligência artificial e outros recursos não substituem o médico, mas podem ajudá-lo a pensar melhor. São recursos que trazem mais segurança, conhecimento e agilidade. O médico dificilmente consegue absorver todos os avanços da medicina e as doenças raras têm muitas especificidades e a tecnologia ajuda muito nesse diagnóstico e a salvar muitas vidas”, enfatiza.
Marcelo Fanganiello, diretor da GetConnect, complementa que esta tecnologia é fundamental hoje na medicina e na telemedicina e que essa inteligência aumentada ajuda a trazer agilidade, aprimorar a segurança do paciente e trazê-lo para o centro do cuidado. Isso vale não só para as consultas à distância como também para as presenciais.
“A medicina evolui de maneira rápida e diariamente surgem novas doenças, inclusive as raras, novos tratamentos. Visto que um profissional não tem como absorver milhares de informações sobre enfermidades, diagnósticos, seus sinais e sintomas, a Inteligência Artificial surge como uma excelente aliada. Além de aumentar a exatidão da interpretação de exames”, finaliza o diretor.