Estar atento às tendências do mercado é fundamental para inovar e criar estratégias que driblam as dificuldades que podem aparecer ao longo do ano. 2023 está chegando e não sabemos o que esperar, mas é importante se preparar uma vez que estamos vivendo o pós-pandemia, a mentalidade das Venture Capitals está mudando, há incertezas sobre a guerra na Ucrânia, entre outras situações que afetam um negócio.
Pensando na preparação para o próximo ano, o Startupi entrevistou três especialistas do mercado, que compartilharam dicas de como empresas podem inovar em 2023. Confira:
Pessoas são a base para inovar
Luís Felipe Carvalho, CEO da AEVO, cita que quando pensamos em inovação para o próximo ano, já relacionamos com tecnologias, como metaverso, 5G, inteligência artificial, entre outras em ascensão, mas a principal ferramenta dentro de uma empresa são as pessoas.
“A questão é que as tecnologias estão se tornando, cada vez mais, commodities disponíveis para todos e, com isso, esquecemos do principal recurso para a inovação acontecer na prática dentro das empresas: as pessoas”, explica.
Para 2023, a provocação de Carvalho para as organizações que desejam ampliar a sua capacidade de inovar é: como envolver o máximo de pessoas possíveis do seu negócio em inovação?
Os funcionários que atuam na linha de frente de uma companhia tem contato direto com o cliente, o que permite que eles entendam as suas necessidades e tenham um arsenal de informações muito valiosas para organizações que buscam a inovação. Saber o que o seu consumidor quer é fundamental para encontrar com maior assertividade o caminho para inovar.
“É importante que as organizações saibam usar essa força que se tem em suas equipes, quebrando as barreiras que impedem os colaboradores de inovarem. Dar espaço às ideias de todos da organização é essencial, bem como reconhecer tanto o resultado obtido quanto o esforço inovativo”, explica.
Recentemente, a AEVO, em parceria com a Inventta, lançou o “Mapa da Inovação Corporativa”, que analisou respostas de mais de 300 lideranças em empresas de médio e grande porte no Brasil. Dentre os respondentes, apenas 15% afirmam que o conceito de inovação está totalmente disseminado e comunicado para todos dentro do negócio. Ou seja, ainda há grande potencial de inovação dentro das organizações – que está sendo desperdiçado.
Carvalho lembra que também é necessário que as companhias criem os caminhos para que essas ideias sejam registradas e se transformem em inovação. Uma vez que, de acordo com a pesquisa, apesar de 88% das organizações afirmarem incentivar e dar liberdade para os colaboradores sugerirem novas ideias, em apenas 23,5% delas os meios e ferramentas para isso são adequados. Esse ambiente pode ser construído por meio dos Programas de Inovação, indica o CEO.
Inovar de forma sustentável
Carolina Morandini, líder de Open Innovation e Ventures na Accenture, também comenta que o mercado está em um momento de aceleração das tecnologias emergentes, como 5G e IoT, e com um olhar mais humano para o futuro. A discussão sobre um futuro sustentável ficou mais intensa e com a tecnologia isso pode acontecer de forma mais rápida.
“Acredito que em 2023 veremos uma corrida das startups e empresas para alcançar espaços que ainda não ocupamos, por meio da tecnologia, somado a um cuidado com a vida e o entorno, uma vez que fatores externos vêm impactando mais nossas vidas do que no passado”, afirma.
Pensando nisso, a especialista cita que é importante que as startups estejam atentas a como a tecnologia e inovação que criam podem contribuir positivamente para tornar a sociedade e a vida das pessoas melhor.
Cliente em primeiro lugar
Com o cenário de bastante incerteza geopolítica e econômica, Pedro Waengertner, cofundador da ACE, acredita que 2023 merece uma retomada e foco redobrado naquilo que é mais importante: os clientes. “Em meio a muitas mudanças ecológicas e econômicas, é importante entender se houve uma mudança de hábito de consumo do cliente e do próprio produto que ele busca”, explica.
É preciso entender como essas alterações de gostos e preferências podem impactar na empresa. A estratégia para inovar no próximo ano é criar uma linha de experimentos para entender se será necessário criar um novo produto ou fazer modificações no antigo para que ele se encaixe com o que os clientes buscam.
Outra grande tendência que Waengertner percebe é fazer mais com menos, uma vez que houve mudança no mercado de Venture Capital e no Vale do Silício – onde empresas como a Meta e a Amazon demitiram profissionais. A inteligência artificial será uma grande aliada para driblar essa dificuldade, porque pode automatizar processos. “Será uma adoção cada vez maior, especialmente no Brasil que ainda não tem uma tradição de automação utilizando esse tipo de tecnologia. A IA permitirá fazer mais com menos e atingir novos patamares de produtividade”, completa sobre inovar.