Ronaldo Tenório, cofundador e CEO da Hand Talk, conta que a ideia de criar a startup surgiu em 2008 enquanto cursava Comunicação Social na Faculdade Maurício de Nassau, em Maceió, Alagoas. Durante uma de suas aulas, ele precisou criar um produto inovador e decidiu duas das unir suas grandes paixões – tecnologia e comunicação.
“Até então, nunca tive contato com pessoas surdas, mas comecei a me envolver com a comunidade e hoje, além de trabalhar com pessoas surdas, também tenho amigos surdos e domino Libras. Não há pessoas com deficiência auditiva em minha família. Sinceramente, quando as pessoas me questionam sobre isso, penso que não precisamos passar por uma situação difícil ou ver alguém próximo a nós passando por isso para querer resolver um problema social que precisa de nossa atenção”, comenta Tenório.
O projeto inicial ficou guardado por quatro anos até que, em 2012, Ronaldo e seus dois amigos, Carlos Wanderlan e Thadeu Luz, que agora são seus sócios, se juntaram para apresentar a solução em um desafio de startups realizado pelo Demoday de Alagoas, no qual saíram vitoriosos. Foi assim que nasceu a Hand Talk e seu líder, o Hugo.
É importante ressaltar que 80% das pessoas surdas no mundo não compreendem bem as línguas faladas em seus países. A maioria delas é alfabetizada em Línguas de Sinais e depende delas para se comunicar. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 466 milhões de pessoas possuem deficiência auditiva no mundo.
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Como funciona Hand Talk
A Hand Talk atualmente possui 2 modelos de operação. O primeiro é um aplicativo que funciona como um tradutor de bolso, traduzindo texto e voz automaticamente para Libras e ASL (Língua de Sinais Americana). O app conta com a ajuda dos tradutores virtuais, chamados Hugo e Maya. Além disso, possui uma seção educativa chamada Hugo Ensina, que oferece uma série de vídeos ensinando sinais e expressões em Libras para aqueles interessados na língua de sinais. “Criar um aplicativo justo para essa comunidade foi um processo muito desafiador, mas conseguimos. O app é totalmente gratuito para os usuários e já possui mais de 6 milhões de downloads”, destaca Ronaldo.
O segundo modelo de operação é o Hand Talk Plugin, uma ferramenta que proporciona acessibilidade para sites e plataformas da web, traduzindo automaticamente todos os textos dos sites – onde está inserido – para Libras, com o uso de Inteligência Artificial. Vale ressaltar que esse plugin está disponível apenas para as empresas contratantes do serviço. “São as empresas que pagam pelo plugin, as pessoas surdas não precisam desembolsar nenhum valor. Hoje, mais de mil sites já possuem essa tecnologia”, comenta Ronaldo.
Levando acessibilidade às pessoas surdas: reconhecimento e próximos passos da Hand Talk
Em 2013, a Hand Talk foi premiada como Melhor Aplicativo Social do Mundo pela ONU (Organização das Nações Unidas), no World Summit Mobile Award, realizado em Abu Dhabi. Além disso, foi reconhecida pela revista Época Negócios, da Editora Globo, como uma das 100 startups brasileiras para ficar de olho em 2018. E pela revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios como um dos 30 negócios que fazem bem ao país.
Atualmente, a startup está presente em todos os estados brasileiros, seja com o Plugin ou com o aplicativo, e possui uma equipe de colaboradores composta por 100 pessoas, sendo 7 delas com deficiência auditiva.
A Hand Talk também já participou de diversos programas de aceleração, como Artemísia, Quintessa e Google Org, além dos programas Inovativa, Endeavor Scale Up e Google Launchpad Accelerator, onde passaram algumas semanas na sede do Google no Vale do Silício.
Em 2012, a startup recebeu um aporte da Bossanova Investimentos e, em 2018, da Kviv Investimentos, totalizando cerca de R$ 2,5 milhões de recursos financeiros recebidos. Embora a empresa não divulgue as informações de faturamento, Ronaldo afirma que a empresa cresce em média 65% ao ano nos últimos 5 anos.
Os próximos passos da empresa incluem iniciar a operação global da solução, começando pelos EUA, onde o aplicativo está presente desde 2020, mas a empresa quer expandir ainda mais o recurso no país. Além disso, a startup deseja desenvolver novas tecnologias para que as pessoas surdas também possam ser compreendidas e, por fim, planeja criar soluções para línguas de sinais de outros idiomas, uma vez que cada país possui a sua própria.
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