Um estudo da Research and Markets prevê que até 2022 o mercado global de foodtech movimente US$ 250,4 bilhões. A chegada do novo coronavírus, que trouxe novos desafios para o setor, também colaborou para que estabelecimentos como bares, mercados e restaurantes procurem ajuda de startups na busca por digitalização para manter a sobrevivência de seus negócios. A Choco, startup alemã que conecta fornecedores a restaurantes, é uma dessas startups.
Fundada em 2018, a plataforma anunciou recentemente um investimento de US$ 30, 2 milhões liderado pela Coatue Management, empresa global de investimentos com forte atuação em empresas públicas e privadas de tecnologia fundada por Philippe Laffont e Thomas Laffont em 1999. No final do ano passado, a startup já havia captado US$ 33,5 milhões em uma rodada série A liderada pela Bessemer Venture Partners.
Segundo Cristiano Soares, cofundador da Choco e responsável pela expansão da startup aqui no Brasil, durante esse período, a plataforma mais que dobrou sua base de usuários e expandiu para novos mercados nos EUA, Europa e, agora, América Latina, com atuação no Brasil desde fevereiro. Ele ainda fala sobre a importância do investimento diante do atual cenário. “Esse aporte gera segurança para nossos funcionários, parceiros e usuários, além de permitir que possamos enfrentar esse momento com certa tranquilidade financeira”.
A plataforma, que já está presente em 8 países e 17 cidades, deve usar também o aporte para investimentos maiores nos mercados onde já atua e nas expansões, que devem ser analisadas devido a atual pandemia causada pelo coronavírus, ressalta o cofundador.
Para Cristiano, esse é o momento de transformação digital. “A indústria alimentícia é uma das indústrias menos digitais do planeta. Com 30-40% dos alimentos do mundo sendo desperdiçados, muita coisa acontecendo na cadeia de suprimentos antes mesmo de chegar aos consumidores, esse sistema precisa de uma profunda mudança. A missão da Choco é trazer essa transformação digital e acelerar a transição mundial para sistemas alimentares saudáveis, provendo aos restaurantes e fornecedores as ferramentas digitais necessárias e fáceis de usar em um momento de turbulência no setor”, destaca.
Cristiano Soares está à frente das operações da Choco no Brasil
Como funciona a plataforma da Choco
Combinando ferramentas de e-commerce com plataformas de bate-papo, a Choco permite que seus usuários migrem digitalmente suas operações e reduzam tempo e erros humanos de suas atividades, melhorando assim, a sustentabilidade geral da cadeia alimentícia.
Através do aplicativo, os estabelecimentos, como restaurantes e mercados, conseguem realizar pedidos a seus fornecedores a qualquer hora do dia ou da noite, tendo acesso também a confirmação e relatórios mensais do volume de compras. Além disso, também é possível que restaurantes cadastrem seus fornecedores, assim como fornecedores podem incluir seus clientes.
“A economia de tempo que oferecemos aos compradores são essenciais já que normalmente o dia, tantos dos chefs como dos proprietários, são bastante corridos. Nossa plataforma permite que economizem 70% do tempo que paravam para realizar os pedidos. Para os fornecedores, evitamos erros na hora de emitir o pedido, seja por quantidade ou unidades de medida dos itens, além de oferecer aos mesmos uma padronização ideal na hora de receber esses pedidos, o que não acontece quando recebem por WhatsApp, através de áudios ou mensagens incompletas”, explica Soares.
Atendendo a todos os componentes da cadeia alimentícia, (fornecedores, restaurantes, mercados, empórios, lanchonetes e bares), a plataforma é totalmente gratuita e o cadastro deve ser feito através do link. Soares também revela que a empresa está trabalhando em uma plataforma mais robusta que será oferecida como modelo Freemium, onde os usuários poderão optar por contratar funcionalidades mais completas.
Empreendedorismo
Soares foi cofundador e CEO da startup Vaniday, um marketplace de beleza que em 2015 foi vendido para a Rocket internet. Na época, a plataforma levantou mais de R$ 50 milhões em investimento Serie A e ele assumiu o cargo de CEO na empresa, ajudando na expansão global da startup.
Cristiano conta que, apesar desse momento ser um dos mais cruciais de sua vida, o empreendedorismo para ele começou cedo, com 11 anos, “quando fabricava geladinho em casa e vendia em colégios, campos de futebol e clubes”, afirma. “De lá pra cá a vontade de sempre me desafiar e poder criar algo que beneficiasse outras pessoas e, principalmente, as pequenas empresas, cresceu”.
Durante o período em que era CEO da Vaniday, Soares trabalhou em conjunto com Daniel Khachab, um dos fundadores da Choco, que assumiu como CEO global da plataforma naquele tempo. “Acabamos tendo bons resultados trabalhando juntos e, quando a Choco levantou seu primeiro aporte em novembro do ano passado, ele acabou me convidando para topar esse desafio com ele e liderar as operações no mercado brasileiro. Passei um tempo em Berlim na sede da empresa conhecendo os planos e a operação e tive certeza que seria uma jornada extraordinária, não só pelo grande trabalho que já fizemos juntos como pela missão da empresa”, conta ele.
Para Cristiano, o mercado no País é grandioso, pois o brasileiro possui facilidade em se adaptar a novas ferramentas. Entretanto, ele aponta que há alguns obstáculos que dificultam a atuação no país como “a imensa burocracia e altos custos enfrentados pelas empresas, seja nas relações trabalhistas como governamentais”. Ele também ressalta que nos Estados Unidos, por exemplo, o acesso a capital acaba sendo mais fácil devido às baixas taxas de juros. “O que força os investidores a apostarem mais nas participações de risco”, opina. Ainda assim, Soares não desanima. “Sou um brasileiro nato e acredito que esses desafios são incríveis para forjar bons empreendedores”, finaliza.
Já disponível tanto para restaurantes quanto para fornecedores e/ou representantes de vendas, o aplicativo pode ser encontrado para download gratuitamente na Play Store e Apple Store.