O Marajó se tornou um assunto comentado, porém, ainda é pouco conhecido sobre a diversidade de sua realidade. E eu queria compartilhar uma oportunidade, não só para conhecer, mas também para somar com o Marajó.
No início do ano, eu estive na vila de Joanes, município de Salvaterra, na casa de uma amiga cineasta, a Zienhe Castro. E esse período do ano, conhecido como inverno amazônico, é de muita fartura de frutos, manga, taperebá, cupuaçu, entre vários outros. A gente pega frutas do quintal das casas nos interiores. Mas o que vi ali em Joanes me despertou o olhar.
É que uma quantidade gigantesca de mangas estavam sendo jogadas fora por não se saber o que se fazer com o fruto. Dias antes, um caminhão tinha passado cheio de mangas para serem descartadas como lixo. Isso é dinheiro em forma de polpa de fruta que poderia acrescentar um rendimento para as pessoas locais.
Coincidentemente, conheci a Cilene e o Ronaldo que são empreendedores locais e fazem um trabalho sócio econômico e cultural de quase 20 anos no bairro do Pacoval, em Soure. Eu entendi rapidamente que o trabalho que eles desenvolvem através da AMPAC (Associação dos Moradores do Pacoval) era uma fonte de geração de valor e transformação. Eles sabem fazer acontecer no território onde estão inseridos.
Na experiência da Cilene e do Ronaldo, uma intervenção de impacto seria utilizar a identidade cultural e sociobiodiversidade do Marajó para acolher crianças e adolescentes em vulnerabilidade, proporcionando em paralelo geração de renda para adultos. Eles já fizeram, por exemplo, um projeto chamado “Cidadão Curumim” que ensinou a jovens o ofício da cerâmica, o que impactou socioeconomicamente a cidade com mais profissionais trabalhando essa arte local.
Em poucas conversas, ficou claro que poderíamos somar experiências e propor uma oportunidade de transformação e impacto maior e mais duradoura, baseado nas experiências prévias. Pensamos em um projeto-piloto de 2 anos, replicável, que tivesse 3 bases:
- sustentabilidade & geração de renda
- cultura & história marajoara
- educação & cidadania
Juntando os elementos, a AMPAC é a organização detentora de conhecimento, experiência e relacionamento local, além de um terreno de 2420 m2. A estruturação de uma mini indústria de polpa de fruta e atelier para produção de utensílios em cerâmica seriam as duas frentes socioeconômicas para geração de renda. Ampliar o espaço para receber crianças em horário complementar à escola é uma garantia para mais cidadania, educação e reconhecimento dos valores e histórias marajoaras, algo que a AMPAC já desenvolve há anos.
Eu fiquei me perguntando se, ao longo do tempo, a mini indústria e atelier de cerâmica não poderiam sustentar o braço social para crianças. E o mais interessante é que já existe uma estrutura física, experiência adquirida e resultados já comprovados.
O Marajó é berço de uma das civilizações mais antigas e estruturadas das Américas. Possui muita história, cultura e sociobiodiversidade que podem transformar a realidade local e inspirar transformações em outros lugares do mundo.
Mas por que uma carta a filantropia? Por que a filantropia está na outra ponta dessa cadeia de valor e pode nos abrir os olhos para desenhar processos e mecanismos que gerem valor localmente e também atenda às demandas de potenciais financiadores, construindo uma narrativa propositiva sobre Amazônia, de dentro para fora.
De forma geral, o que a Amazônia precisa não é de ajuda e, sim, de oportunidades e parcerias. E existe o interesse local de conhecer diretamente as pessoas por trás das decisões de financiamento. Vamos conversar?
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