Angela Strange, general partner da Andreessen Horowitz, a16z, bateu um papo com Hugo Barra, CEO da Detect, durante o primeiro dia do Brazil at Silicon Valley, conferência anual realizada pelo movimento de mesmo nome, liderado por estudantes de Stanford e Berkeley que visa melhorar a competitividade do Brasil por meio da inovação e tecnologia. O evento reúne executivos, empresários, especialistas e formuladores de políticas brasileiros para discutir temas relevantes para o desenvolvimento tecnológico do país.
Em um desses papos, Angela contou que acredita que a inteligência artificial (IA) e, mais especificamente, a IA generativa, será uma mudança massiva nos próximos anos. Ela acredita que as aplicações menos sexy da IA são potencialmente as mais interessantes, como o suporte ao cliente em serviços financeiros. “Eu acho que a IA e especificamente a IA generativa, será um daqueles casos em que superestimamos o que é possível em um ano e subestimamos o que é possível em 10 anos”, afirma.
Se uma IA generativa for treinada nos últimos 10 anos de chats com clientes, pode-se preparar as pessoas mais rapidamente e provavelmente reduzir a equipe de suporte ao cliente em uma quantidade dramática. Além disso, clientes que antes não eram econômicos de atender, como idosos e clientes de baixa renda, podem agora ser atendidos com mais eficiência e menos custo. Angela vê essas mudanças como uma onda realmente emocionante e a Andreessen Horowitz, um dos principais venture capitals do mundo, reorganizou toda a equipe de investimento para melhor promover essas ideias. Para Angela, a IA é uma tecnologia revolucionária que pode transformar diversos setores, incluindo o suporte ao cliente, serviços financeiros e atendimento a clientes que antes não eram considerados economicamente viáveis.
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Em relação à revolução tecnológica e como ela afetará o mercado de venture capital, Angela Strange acredita que cada investidor deve descobrir sua própria abordagem, entendendo que não está no comando da empresa investida. Ela destaca a importância de ter uma visão mais ampla do mercado e trazer ideias inovadoras para as equipes investidas. “Cada VC tem que descobrir qual é a forma como trabalha com seus fundadores, qual é a razão dos fundadores para trabalhar com você e como você vê o mundo”, diz.
Em particular, ela acredita que a IA generativa é uma tendência emocionante que pode ajudar as empresas a se adaptar e ter sucesso no futuro. Angela Strange também destaca a importância de estar ciente das tendências da tecnologia, mesmo fora do Vale do Silício, para ajudar as empresas a ter sucesso em diferentes regiões.
Ao falarem sobre o mercado financeiro e a liderança do Brasil neste setor, Angela também tem uma opinião positiva sobre o sistema brasileiro e acredita que os Estados Unidos deveriam copiar o Brasil em muitos aspectos regulatórios. Ela destaca a atuação brilhante do Banco Central do Brasil, que tem administrado o órgão regulador como se fosse uma empresa privada de tecnologia funcional.
Angela destaca o sucesso do Pix, plataforma de pagamentos lançada há três anos, que agora é usada por cerca de 80% da população e é obrigatória a adesão por todas as instituições bancárias. “Se olharmos para o cenário, há menos de 16 anos, o Brasil tinha cinco bancos que atendiam apenas cerca de 50% da população e de forma geral, com fluxos de usuário terríveis, como se fosse do Google. Você olha para os custos e, em seguida, se você olhar para um dos melhores indicadores de rentabilidade para os bancos, o retorno sobre o patrimônio líquido, o retorno sobre o patrimônio líquido dos bancos brasileiros era de 14% a 15%, o que era quatro vezes menor que alguns bancos da Europa”, comenta.
Ela também destaca a desagregação das licenças como algo positivo, tornando o processo de obtenção de licença mais acessível e viável para empreendedores. No geral, Angela elogia a inovação e a eficiência do sistema financeiro brasileiro e acredita que é uma grande oportunidade para empreendedores inteligentes construírem produtos financeiros regulamentados. “Precisamos realmente de empreendedores inteligentes para melhor construir esses tipos de sistemas. Você pode listar muitas coisas diferentes no mundo financeiro. Acho que um dos melhores exemplos de sucesso, entre as cinco principais coisas, está o Pix.”
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