Há pouco mais de 10 anos, Steve Blank lançava “Os 4 passos para a epifania” (que foi lançado em português no Brasil como “Do sonho à realização em 4 passos“) e apresentava ao mundo empreendedor o conceito e as práticas de consumer development, ou desenvolvimento de clientes. Segundo ele, as vantagens competitivas sustentáveis não consistem especificamente em atributos dos produtos, mas em atributos dos clientes, que devem ser as razões pelas quais os produtos e negócios são formatados de um jeito ou outro. Ele, como empreendedor pragmático e professor didático, dividiu a metodologia em 4 etapas: customer discovery, customer validation, customer criation e company building (veja).
Portanto, ao invés de startups se inspirarem especificamente em tendências tecnológicas, poderiam se inspirar também em tendências de consumo (quais formas de consumo vem ganhando corpo no mundo e logo devem se cristalizar).
Consultei o material “10 tendências de consumo para 2013”, publicado pela consultoria TrendWatching, e percebi que várias dessas tendências tem bastante a ver com tecnologia (portanto, estão próximas à realidade de trabalho de nossos leitores) e algumas também já são conhecidas (praticadas) neste mercado de startups. Confira o que vem pela frente e comente abaixo: quais dessas tendências de consumo sua startup está aproveitando?
- presumers e custowners: preconsumidores são aqueles que, antes mesmo de terem o produto à disposição, já o consomem por meio de pagamento antecipado – isto se vê acontecer principalmente nas plataformas de financiamento coletivo (crowdfunding), que, muitas vezes, funcionam especificamente como pré-vendas. Custowners são aqueles que também são (ou ao menos, sentem-se) donos dos produtos/macas/empresas, às vezes até com participação efetiva nos royalties (como acontece no Quirky, na Coletivo Verde e no Mineo);
- emerging2: o segundo movimento de países emergentes – não que agora sejam outros países, mas agora o sentido da inovação não é mais tanto apenas dos países desenvolvidos para os emergentes, mas os emergentes passam a criar coisas e comportamentos que se direcionam depois aos desenvolvidos). Alguns chamam isso de inovação reversa;
- mobile moments: o celular inteligente como enriquecedor da experiência em cada momento;
- new life inside: produtos e serviços que, ao invés de serem descartados ou até reciclados (por outras pessoas), podem ser devolvidos para a natureza para gerar algo novo;
- appscriptions: atualmente, há aplicativos para tudo – da mesma forma como se diz que há remédio para tudo. Está com algum problema? Procure um aplicativo! Em épocas assim, todo mundo busca uma indicação de qual app usar, buscando uma “apscrição” como se fosse uma prescrição;
- celebration nation: exportação de produtos que contenham a identidade de um povo, de uma nação – aspectos que talvez fossem renegados, agora passam a ser considerados enriquecedores dos produtos, motivo de orgulho e fonte de receita por conquistar até consumidores estrangeiros;
- data “myning”: a partir de tanto ser falado sobre big data e data mining, a utilização dos dados do consumidor a favor dos negócios, agora o consumidor quer ser o dono dos seus dados e usá-los a seu próprio favor. Quais sistemas dão liberdade para isso?
- again made here: ressurgimento da produção doméstica e até sob medida, passando ou não por impressoras 3D, por exemplo, mas sempre vinculando a um consumo com personalidade, com conteúdo;
- full frontal: a transparência mostrada e provada proativamente pelas empresas e marcas (esta eu quero ver se vai acontecer);
- demanding brands: marcas engajadas socialmente e ambientalmente, servindo como plataforma até para seus consumidores tomarem partido nessas questões, fazendo a diferença por meio do consumo. Esta eu também quero ver.