Quando foi divulgada a lista dos selecionados no primeiro edital do Start-Up Brasil, poucos sabiam do que se tratava o projeto batizado de AFTscan, de Santa Catarina. Depois de uma conversa com Jonatas Pavei, diretor comercial da startup, deu para ver que algo inovador do setor de saúde vem por ai.
O AFTscan é um projeto da InPulse Bioengenharia que ajuda a identificar um quadro conhecido como neuropatia diabética, uma das complicações da diabetes que traz vários danos para o paciente, incluindo problemas cardiovasculares. “O grande problema é que, hoje em dia, o diagnóstico é subjetivo e só acontece quando já é possível ver os sintomas. Quando chega nesse ponto, o quadro já está muito avançado”, explica Jonatas. “O nosso equipamento detecta a neuropatia diabética quando o paciente ainda não apresenta sintomas e o médico pode trabalhar com o paciente para prolongar a vida.”
O equipamento chegou à InPulse após uma série de pesquisas feitas pelo professor Jefferson Luiz Brum Marques, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Jefferson já havia testado o produto na Inglaterra, criado protótipos e, ficou com a startup, a função de finalizar o produto para leva-lo ao mercado.
“Esse equipamento faz vários exames no paciente. Ele pega dados do eletrocardiograma e da pressão arterial, por exemplo, e passa por um algoritmo criado pela equipe, que classifica o estágio da neuropatia”, conta Jonatas.
Segundo o diretor comercial, a startup criada em 2011 precisa das bolsas do Start-Up Brasil para contratar uma equipe de desenvolvimento de software para o equipamento. “Hoje somos uma equipe de sete pessoas, com os três sócios, três desenvolvedores de hardware e uma pessoa de software. Os sócios trabalham no setor de software, mas precisávamos de ajuda nessa área”, conta. Ao lado de Jonatas, Lucas Casagrande Neves e Gabriel Veloso Paim são os sócios fundadores da InPulse.
Além de trabalhar na detecção da neuropatia diabética, a catarinense criou um eletroestimulador gástrico, que pode ser implantado em pacientes que sofrem de doenças gastrointestinais. “Éramos três alunos do mestrado da Ufsc e tivemos essa ideia, que foi financiada pela Fapesc. O nosso ‘marca-passo gástrico’ também recebeu R$ 180 mil do Pappe, para podermos fazer os testes pré-clínicos”, explica.
Jonatas afirma que a InPulse ainda não sabe para qual aceleradora levará seu projeto, já que nenhuma aceleradora do Start-Up Brasil fica em Santa Catarina e a empresa se beneficia bastante da proximidade com a Ufsc. “Estamos incubados no Midi Tecnológico e estamos falando com as aceleradoras”, explica. O cofundador também pede que eu deixe claro, na reportagem, que o site da startup está em fase de reformulação.
Foto: Jill Brown