* Por Paula Mendes
O modelo de economia com mais força que vemos atualmente causa impactos fortes no meio ambiente por conta da metodologia utilizada. Estamos acostumados a observar e consumir o que é conhecido como Economia Linear, que acaba resultando no encurtamento do tempo útil de produtos, levando ao descarte e por fim ao aumento no acúmulo residual. Dados levantados em 2018 pela Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que 99% dos produtos comprados são descartados após apenas seis meses.
Esse descarte imediato resulta na quantidade absurda e preocupante de cerca de dois bilhões de toneladas de resíduos descartados por ano, acentuando o avanço do aquecimento global. Como forma de amenizar essa situação, diversos estudos foram realizados com o objetivo de mudar o comportamento linear da economia, eis que surge o conceito de Economia Circular.
O foco desta ideia é estender a vida útil de produtos e praticar o reaproveitamento, tal qual como os mecanismos naturais do ecossistema onde é possível observar contínua absorção e reciclagem de recursos. O conceito principal é quebrar a linha de extrair, produzir e descartar e transformar num ciclo de produzir, usar, reutilizar, refazer, reciclar e produzir novamente.
Não é apenas benefícios ao meio ambiente que essa forma de economia contempla. Segundo estudos realizados pela União Europeia em 2015, até o ano de 2030, esse método irá representar o crescimento de 7% do produto interno bruto (PIB) da economia europeia, além da redução do consumo de matérias-primas em 10%.
Uma forma de praticarmos essa economia já marca presença com cada vez mais força no mercado mundial: o aluguel ou a venda de seminovos. Essa forma de negócio amplia a vida útil e reduz o descarte de produtos. Podemos observar nomes de destaque no mercado nacional aderindo essa prática, como é o caso da Magalu, que lançou recentemente um piloto, em parceria com a Housi, chamado “Vaivolta”, que é dedicado ao aluguel de produtos.
Diversos outros nomes no mercado também embarcaram na prática da Economia Circular, como é o caso da Dress & Go, que aluga e vende roupas seminovas de marcas de grife, ou o Troca Fone, que vende celulares seminovos, mostrando que este modelo pode ser aplicado até em artigos de luxo ou considerados mais caros, ou até mesmo em facilitadores para outros setores, como é o caso do nosso modelo de negócio, que justamente busca simplificar TI para empresas, oferecendo aluguel de notebooks, desktops e celulares, por meio de assinatura de 24 e 36 meses.
O fato é que tudo indica que cada vez mais teremos exemplos de Economia Circular tomando o lugar da Linear, e essa mudança é para o bem maior, não só para o mercado e as marcas, mas para que o mundo em que vivemos tenha, enfim, dias melhores.
Paula Mendes Caldeira é cofundadora e CFO da Plugify, startup brasileira de HaaS – Hardware as a Service que simplifica TI para empresas. Com 30 anos, a executiva já ocupou posições de destaque em bancos de investimentos, como BTG Pactual, Merrill Lynch e Moelis.