Por Bruna Galati
Para o Dia da Consciência Negra, o Startupi conta a história de uma startup que está movimentando o mercado com soluções para o turismo, ao compartilhar a cultura negra através de city tours, hospedagens, atividades online – cursos e eventos, e treinamento para empresas.
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Fundada no final de 2016, por Carlos Humberto, André Ribeiro e Antonio Pita, a Diáspora.Black tem se destacado como inovadora no cenário do turismo por oferecer destinos com experiências únicas e inclusivas. “A gente entendeu que existia uma grande oportunidade no mercado, sobretudo de turismo, que era motivada por um grande problema que é o racismo”, afirma o CEO Carlos.
A Diáspora.Black identificou que tanto nos atrativos turísticos quanto no atendimento ao turista, o racismo se fazia presente de maneira transversal. Essa realidade implicava na falta de visibilidade para os patrimônios associados à população negra e para aqueles que queriam alugar suas acomodações, como aconteceu com Carlos.
“O Brasil é o segundo país mais negro do mundo, sendo o primeiro na África, na Nigéria. Um país com uma população tão grande de pretos e pretas traz consigo grandes legados culturais. Esses patrimônios são grandes diferenciais que podem potencializar o mercado do turismo”, reforça o CEO.
Carlos Humberto compartilha um episódio pessoal que foi crucial para a criação da Diáspora.Black. Ao alugar um quarto de seu apartamento no Rio de Janeiro, ele se deparou com situações de racismo dentro de sua própria casa. Esse momento, aliado a dados e pesquisas que indicavam os desafios enfrentados por negros na área de hospedagem compartilhada, foi o catalisador para a fundação da startup. “Eu vivi situações de racismo dentro da minha própria casa, um espaço sagrado pra mim.”
A experiência pessoal de Carlos evidenciou a necessidade urgente de uma plataforma que não apenas conectasse turistas a destinos, mas que também garantisse uma experiência livre de discriminação racial.
Primeiros passos da Diáspora.Black
Carlos destaca a importância de iniciar de maneira estratégica, reconhecendo a necessidade de uma fase inicial sólida. Com recursos limitados, a Diáspora.Black encontrou uma solução criativa para viabilizar seus primeiros passos. “Nós fizemos uma primeira validação e foi a partir de uma campanha. Nós lançamos a startup numa feira grande de afroempreendedores, que é a Feira Preta de São Paulo, no final de 2016. Nós lançamos um cadastro num Google Form só para entender se existiriam pessoas interessadas em compartilhar suas casas sem racismo.”
A campanha, projetada para validar o interesse no serviço proposto, superou as expectativas, alcançando mais de cem cadastros na primeira semana, muito além da meta inicial de vinte cadastros. Essa resposta positiva e a captação, através da campanha de R$ 15 mil, impulsionou a Diáspora.Black a dar o próximo passo: o desenvolvimento do seu marketplace, lançado em junho de 2017 de forma analógica.
A operação inicial possibilitou a participação em programas de aceleração, a Labora, laboratório de inovação social do Oi Futuro, a Artemisia, programa de aceleração de negócios sociais, e a Estação Hack, aceleração de startups com impacto social do Facebook. “Essas acelerações nos ajudaram a sair do beta para modular o serviço. Também fizemos uma nova rodada de campanha de R$ 30 mil para mudarmos para São Paulo.”
Durante a última aceleração, a Diáspora.Black lançou no marketplace o serviço de acomodação compartilhada e o serviço de pacotes de turismo. Também validou sua solução de treinamento para empresas de turismo, para que atendessem seus clientes de forma inclusiva. Essa ampliação de serviços permitiu à startup iniciar diálogos com investidores, culminando em um aporte seed da Vox Capital.
Pandemia exigiu uma resposta rápida
“Quando chegou em fevereiro de 2020, a gente estava celebrando que a nossa solução estava no mercado rodando com muito sucesso, até saímos para comemorar em restaurantes super caro com a equipe. No mês seguinte tudo estava fechado por causa da pandemia da Covid-19”, relembra Carlos sobre os cancelamentos das viagens e a necessidade de reembolsar todos os clientes.
A pandemia impôs desafios financeiros significativos para a Diáspora.Black, com a rápida ascensão da crise sanitária levando a uma situação de endividamento em menos de 48 horas. Esse momento crítico exigiu uma reavaliação estratégica, e a startup respondeu de maneira ágil. “Nós não pivotamos o nosso modelo, pelo contrário, a gente já tinha uma plataforma que estava mais robusta tecnologicamente, e aí subimos um novo serviço, a venda de eventos online.”
A estratégia proporcionou um crescimento rápido em termos de clientes. Embora o ticket médio entre turismo e eventos online tenha criado um desafio de faturamento, a iniciativa fortaleceu a imagem de resiliência da Diáspora.Black no ecossistema de startups brasileiro, uma vez que grande parte das startups enfrentou dificuldades e não encontraram saídas.
Durante a crise, os fundadores identificaram uma oportunidade de expandir seus treinamentos, inicialmente focados para empresas de turismo, para abranger a diversidade e inclusão em outros setores.
“Nós criamos uma jornada online, gamificada, que é uma certificação a partir de um treinamento de diversidade e inclusão para o mercado de turismo e outro para áreas distintas. Nós contratamos especialistas, um de turismo e outro de diversidade e eles conduziram grupos de estudos com lideranças corporativas, intelectuais, pessoas que atuam nesses temas, para entender quais são os desafios e desenvolver essa agenda dentro de empresas. No fim, a empresa recebe um selo de comprometimento com essa agenda de inclusão e diversidade”, explica Carlos. Essa solução já impactou mais de 7 mil colaboradores em mais de 128 empresas.
Hoje, a Diáspora.Black está no faturamento que tinha previsto para 2020, e já ultrapassou o faturamento de R$ 3 milhões. “Hoje, a startup voltou a crescer. A gente está com o marketplace com uma validação muito bacana de inclusão, ou seja, nós somos a maior startup de promoção de turismo associado à memória afro da população negra.”
Para fomentar ainda mais o afroturismo, a startup está mais uma vez comprometida em impulsionar iniciativas que promovam a riqueza da cultura negra através de roteiros turísticos autênticos. Em seu segundo edital, a Diáspora.Black se propõe a apoiar até 10 iniciativas que já atuam ou apresentam projetos voltados para roteiros turísticos em todo o Brasil.
Os selecionados serão beneficiados com uma gama de recursos, incluindo apoio financeiro, oficinas conduzidas por consultores especialistas, mentoria individual, e a produção de vídeos e materiais de divulgação para amplificar a visibilidade de seus roteiros. As inscrições vão até dia 22/10 no site da startup.
A Diáspora.Black se tornou uma referência no setor de afroturismo, promovendo histórias e experiências associadas à cultura negra no Brasil. A startup não apenas contribui para o crescimento do turismo, mas também para a diversificação e inclusão da narrativa cultural em destinos, em hospedagens e em empresas.
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