Entre os 52 milhões de empreendedores que existem no Brasil, 30 milhões são mulheres, afirma o estudo Global Entrepreneurship Monitor, publicado em 2022 em parceria com o Sebrae. Esse crescimento impacta diretamente a motivação de outras mulheres para empreender, buscar independência financeira e realizar a diferença no mercado.
Pensando nisso, e para comemorar o Dia Internacional da Mulher, o Startupi reuniu algumas histórias de mulheres que fazem a diferença no ecossistema e querem compartilhar dicas para novas mulheres ingressarem no empreendedorismo:
Laís Fonseca, CEO e fundadora da QBem
Laís Fonseca é CEO e fundadora da tech health, QBem especializada em inteligência de dados para o setor de saúde. A startup desenvolve data-lakes especializados em saúde e algoritmos, a fim de otimizar processos dentro dos hospitais, corretoras, operadoras, já foram mais de R$ 27 bilhões de dados compartilhados. Hoje são cerca de 30 mil empresas atendidas.
A CEO começou a empreender na área por conta de um problema de saúde que sua mãe passou. “Acredito que empreender é resolver problemas e criar soluções que impactam diretamente outras empresas e pessoas no cotidiano”, afirma.
Para Laís, empreender consiste em montar um bom time, uma vez que investimentos são atraídos por essa característica na startup. “Diferente da maioria dos homens, as mulheres precisam se esforçar mais para conseguir um posto de destaque dentro das empresas, e que no setor que atuo, a saúde, existe muito espaço ainda para mulheres conquistarem”, compartilha.
Ela observa um gap cultural e histórico nas empresas de saúde: têm muitas mulheres na linha de frente e algumas na média gerência, mas a maioria das diretorias médicas são compostas de homens. “É necessário reconhecer a importância de incluir mulheres na liderança, porque são homens que na maior parte das vezes ainda abrem os caminhos para as mulheres da média gerência alcançarem postos de liderança empreendedora feminina. Então, os executivos precisam ter essa consciência e promover essa ação de equidade”, diz.
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Fundadoras da Theia: Flavia Deutsch Gotfryd e Paula Crespi
A Theia é uma healthtech focada em preconcepção, pré-natal, parto e pós-parto por meio de uma metodologia, que tem a missão redefinir a experiência da saúde da mulher gestante por meio de uma plataforma de cuidados online. É a primeira clínica a alavancar tecnologia para trazer a mulher para o centro do cuidado, unindo o mundo de consultas online aos dados, além de atendimentos presenciais para reduzir a assimetria de informações que existe nesse sistema.
Flavia conheceu sua sócia Paula durante o MBA na Universidade de Stanford, antes passou por instituições como JP Morgan, Merrill Lynch e Citigroup e entrou logo no início da fintech Acesso, onde liderou os times de Produto, Marketing e Vendas.
“Não se apaixone pela solução em si e, sim, encontre um problema que você é inconformada e quer se dedicar de corpo e alma para resolver. Empreender é um casamento de longo prazo e uma roleta russa de emoções, por isso é importante ter essa estrela norte do porquê, para lhe guiar ao longo do caminho”, diz Flavia sobre a escolha de empreender.
Paula, antes de fundar a healthtech trabalhou anos liderando estratégia de novos produtos e inovação na Whirlpool e foi a primeira pessoa – além dos fundadores – no time de negócios da fintech GuiaBolso.
“Eu acredito que o empreendedorismo feminino é capaz de transformar o mundo e a forma como os negócios são feitos, principalmente a saúde. Todas as empreendedoras que conheço são absurdamente preocupadas em criar negócios geram valor para o mundo e em construir equipes muito diversas e com culturas de trabalho superpositivas. Imagina se todo lugar fosse assim?”, questiona.
Sandra Nalli, CEO e fundadora da Escola do Mecânico
Aos 14 anos, Sandra dirigia o fusca vermelho do pai e, com essa idade, começou a trabalhar na área de reparação automotiva como jovem aprendiz – primeiro contato com a mecânica foi o suficiente para se apaixonar.
Sandra relata que sofreu muito preconceito ao longo da sua jornada, em um determinado momento chegou a pedir para gerenciar a oficina da empresa que trabalhava e a resposta foi um seco não sem explicações. “Sofri muito preconceito, principalmente quando me tornei mecânica na empresa que trabalhava, eu era a única mulher atuando como tal, ainda mais no interior de São Paulo, em uma cidade super conservadora. Perguntavam para mim se eu tinha carta de motorista, coisas desse tipo, e eu precisava ter todo um convencimento e provar que tinha capacidade para estar ali. Foi difícil, mas consegui”.
A empreendedora evoluiu através dos estudos, fez cursos, se especializou na área, mas mesmo assim ainda escutava frases de clientes como “não tem um homem para vistoriar meu carro?”; “mas, você tem habilitação?”. “A responsabilidade e a carga emocional que eu mesma colava em mim eram gigantescas. Eu não podia errar. Eu estudava mais que os homens, e fazia mais que os homens. Meu conselho é que a mulher tem tudo nas mãos para vencer e é competente em tudo o que faz. Ela pode ser o que quiser ser”.
A ideia de empreender começou como um projeto social na Fundação Casa, onde era voluntariada. Ela percebeu que podia formar alguns detentos que tinham vocação para esse tipo de trabalho com carros. Pegava a lista páginas amarelas e ligava de oficina em oficina para oferecer os mecânicos que havia formado, até criar o App Emprega Mecânico – app gratuito que conecta alunos com o mercado, gerando emprego e renda.
Hoje, com 42 anos, a Escola do Mecânico – edtech de impacto social que forma mecânicos e mecânicas – tem 10 redes próprias e 26 franquias espalhadas por Goiás, Minas Gerai, Paraná, Pernambuco, Rio De Janeiro, Rio Grande Do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
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