O dia 8 de março tem suas origens em movimentos de reivindicação política, trabalhista, passeatas, greves e perseguições, consolidando uma luta que começou com ações de operárias na virada do século 19 para o 20. Cem anos depois, é importante reconhecermos os nossos avanços, e o maior deles diz respeito a nossa liberdade de escolha. Essas mobilizações trouxeram mudanças significativas, levaram as mulheres às universidades, ao direito do voto, entre outras grandes conquistas. Demos passos largos, sim, mas ainda há muitos a serem dados.
Qual será o próximo, então? O que a mulher pós-moderna ainda tem a conquistar? Segundo Isabelle Anchieta, doutora em Sociologia, mestre em Comunicação Social e jornalista, “o próximo passo é ocupar os cargos de liderança”.
Mulheres à frente
Hoje, no Brasil, 38% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, segundo pesquisa publicada em 2023 pela Grant Thornton, empresa global de auditoria, consultoria e tributos. Elas assumem mais cadeiras na diretoria de recursos humanos, com 43% de participação. Na diretoria executiva, marcam posição em cargos na área financeira (34%). Ainda ocupam mais vagas de apoio (RH, marketing e finanças) em vez de oportunidades como executivas (CEOs).
Diante desses números, é importante trazer dados da pesquisa feita pela consultoria McKinsey que mostra que a presença de mulheres no mercado de trabalho e em cargos de liderança pode gerar um aumento de até US$ 12 trilhões no Produto Interno Bruto (PIB) global até 2025. No Brasil, o acréscimo seria de cerca de US$ 410 bilhões. Se a presença feminina nas corporações tem impacto nos resultados, a pergunta que fica é: por que não investir nas lideranças femininas?
As batalhas persistem
A luta pela conquista de espaço e reconhecimento ainda continua. O que mudou é que hoje se tornou mais intelectual e necessita de um diálogo inteligente, embasado em dados e informação. Atualmente, os nossos interlocutores são os líderes que ocupam as cadeiras de tomada de decisão, formados em sua maioria por homens. Se queremos ser ouvidas, precisamos ajustar a nossa comunicação e trazê-los para perto. Eles são nossos aliados nessa mudança.
Por fim, trago uma palavra essencial para que essa transformação aconteça: intencionalidade. Quando a pauta é diversidade, inclusão e liderança feminina, precisamos todos agir com intencionalidade: feito de propósito, por querer; intencionado, proposital, deliberado. A partir desse ponto, a pauta que hoje é exclusiva do dia 8 de março se estenderá para os outros 364 dias do ano, tornando-se parte da cultura (e da intenção) das empresas e dos setores públicos, promovendo assim mais equidade, melhores condições de trabalho e voz às mulheres.
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