No último sábado (25), imagens do Papa Francisco vestindo uma jaqueta puffer branca – estilo rapper – e seu crucifixo no peito repercutiram nas redes sociais. Os usuários não acreditaram que o papa estaria vestido dessa forma, e na realidade ele não estava. A imagem foi criada pelo artista Pablo Xavier, com o uso de uma inteligência artificial (IA).
Nascido em Chicago, Pablo é construtor civil e nas horas vagas cria pinturas e artes de IA. Segundo uma entrevista exclusiva ao portal FFW, o jovem de 30 anos descobriu no ano passado o Midjourney, programa de inteligência artificial que gera artes a partir de uma descrição textual, criado por um laboratório de pesquisa independente com sede em São Francisco, EUA. Com isso, passou a criar obras de personagens famosos vestidos com peças de streetwear, como o Papa Francisco, Joe Biden e Donald Trump.
“Eu fiz a imagem para me divertir. Eu não tinha expectativa de nada. Depois de fazer essa foto e publicar no Reddit e Facebook, na virada da noite ela conquistou 20 mil compartilhamentos”, compartilha o artista em entrevista. Ele explica que foi banido do Reddit e viu algum post no Twitter espalhando fake news com a sua imagem.
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Preocupação com deepfakes
Após a grande repercussão com a foto do Papa, o debate sobre deepfakes também se espalhou. Os deepfakes são conteúdos sintéticos gerados por IA. Na última semana, imagens falsas do ex-presidente dos EUA Donald Trump sendo preso em Nova York viralizaram, assim como imagens do presidente russo Vladmir Putin na prisão. As fotografias foram criadas pelo mesmo aplicativo que Pablo usou – o Midjourney.
As imagens criadas por IA são facilmente confundidas com fotografias reais, isso acontece pelas redes adversárias generativas (GANs, na sigla em inglês). Segundo o The Oxford Internet Institute, as GANs são pares de sistemas de IA treinados para criar conteúdo e realizar tarefas mais rápida do que um único sistema.
Essa categoria de aprendizagem de máquina coloca a IA em pares: um lado capaz de criar o conteúdo, outro para avaliar se o conteúdo é falso. Por exemplo, se o usuário pede a criação de uma arte no estilo do Picasso, o sistema de imitação aplica os conhecimentos que tem para produzir milhares de novas imagens no estilo de Picasso, usando características de obras de arte existentes, enquanto outro sistema de IA avalia a semelhança entre as criações e o estilo de Picasso e gera uma classificação.
Embora sofisticado, ainda há algumas limitações. Os resultados não convincentes são retornados ao sistema de imitação para serem aprimorados, explica o Instituto.
Uma das preocupações vindas desses conteúdos sintéticos é justamente a aplicação nos deepfakes. A preocupação levou a a Darpa (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA) a investir milhões no desenvolvimento de tecnologias para combater esses conteúdos falsos.
Pablo Xavier respondeu ao FFW que precisa refletir sobre parar de usar imagens de famosos para suas criações. “Provavelmente terei que parar eventualmente. Porque alguns podem não ter más intenções, mas sempre vai ter gente fazendo prompts (comandos no aplicativo) para fazer criar públicas fazendo coisas indescritíveis.”
A maior preocupação do artista em relação a IA é a invenção de agendas políticas. “O governo pode querer que a arte artificial diga que as verdadeiras imagens capturadas de certos políticos ou figuras públicas fazendo coisas ruins são falsas”, completa.
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