Recentemente, chegou ao catálogo da Netflix a última temporada de Dark, série alemã que fez a cabeça de milhares de pessoas com suas viagens no tempo. Apesar de buracos de minhoca e física quântica serem um tema complexo, a premissa é simples: o que você faria se pudesse atravessar uma caverna e voltar ao passado?
Perguntamos para seis empresários o que eles diriam a si mesmos se pudessem pegar um casaco amarelo e ir até Winden para voltar 6 meses no tempo sabendo da pandemia do coronavírus. Confira as respostas:
Michelly Dellecave, CMO da Pulses
Se antes o home office era uma realidade para pouquíssimas empresas, do dia para a noite ele virou o único meio de trabalho para muita gente. “Eu com certeza teria escrito um manual com dicas sobre o trabalho remoto, que teria sido muito útil para compartilhar com todo o time assim que a gente teve que começar a trabalhar de casa”, comenta Michelly Dellecave, CMO da Pulses.
Outro conselho que ela traria do futuro: “Diria para as empresas implementarem uma ferramenta de escuta contínua o quanto antes. Ter o auxílio de uma plataforma dessas é fundamental durante uma crise como a que estamos vivendo, porque você não consegue avaliar tão bem como a sua equipe está se sentindo a distância. Estar em contato constante demonstra que não só a empresa se preocupa, mas que ela também vai poder agir de forma mais rápida e assertiva, sempre baseada em dados reais, para melhorar. E se as empresas já tivessem informações de antes da crise, seria uma ótima maneira de acompanhar as mudanças”, complementa.
Alexandre Souza, gestor do Startup SC, do Sebrae/SC
A pandemia gerou uma crise financeira para muitos negócios, que foram pegos despreparados. Por isso, Alexandre Souza, gestor do Startup SC focaria os conselhos no financeiro: “Se eu pudesse voltar seis meses atrás — assim como o Jonas, que avança no tempo e descobre que o apocalipse vai acontecer e tenta impedi-lo — eu prepararia o ecossistema de startups para a queda de investimentos que viria a surgir junto à pandemia, podendo dessa forma prevenir que muitos negócios fechassem. A safra de investimento que nasce em tempos de crise são os que geram os melhores retornos, mas a tomada de decisão dos fundos tende a ser cada vez mais cética em períodos como o atual. Além disso, investiria uma boa quantia na compra de ações de empresas que cresceram com a covid-19, apostando em três segmentos: ferramentas de videoconferência, ferramentas de ensino a distância e serviços ou produtos relacionados à prevenção de problemas de saúde.”
Jonatan da Costa, CEO da Área Central
Olhar atentamente para as necessidades do cliente estaria no radar de Jonatan da Costa, CEO da Área Central, empresa especialista em gestão de centrais de negócios, se ele pudesse voltar no tempo. “Olhando a pandemia pelo retrovisor, fica claro o quanto os nossos clientes estavam despreparados para este momento, seja em relação à gestão administrativa, financeira ou de pessoas”, diz.
Para o CEO, o papel das redes e centrais de negócios (entidades de base associativa que unem empreendedores de um mesmo setor) foi fundamental para dar suporte e orientação aos associados, permitindo aos empresários que estão nesses grupos uma segurança maior para enfrentar a crise. “Agora, olhando para dentro de casa, certamente teríamos aprimorado a gestão remota de colaboradores, criando uma cultura de home office consolidada que permitisse maior tranquilidade para o momento atual”, finaliza Jonatan.
Piero Contezini, CEO do Asaas
Como empreendedor, Piero Contezini, CEO do Asaas, percebeu nos últimos meses o crescimento no número de clientes que passaram a usar a solução que automatiza processos financeiros. De 27 mil, o total de usuários saltou para 30 mil. Porém, se tivesse previsto a chegada da covid-19 e seus impactos, teria prestado mais atenção em parcerias que estavam se firmando no início do ano. “Teria acelerado o fechamento de contratos que ficaram para depois e acabaram deixando de existir. Algumas oportunidades deixei passar por achar que não tinha tempo na época, e agora elas foram embora dado o cenário de recessão”, explica o CEO.
O aprendizado ficará para negócios futuros. Para Piero, o empreendedor deve estar cada vez mais atento a novos parceiros e oportunidades que podem ajudar a empresa no futuro.
Sidnei Bunde, CEO da Supero Tecnologia
Se tem uma coisa que a crise do coronavírus ensinou, é que a agilidade faz toda a diferença em momentos complicados. Sidnei Bunde, CEO da Supero Tecnologia, traria essa dica do futuro: “Teria amadurecido e validado ainda mais os processos, rituais e cultura para o trabalho remoto, que apesar de já ser praticado em nosso dia a dia, poderia ser superior na situação de alta escala da organização. Teria evoluído e multiplicado ainda mais a cultura de agilidade em nossa organização, pois ela permite a adaptação sobre momentos de incertezas, sendo que estes não serão pontuais”.
Fernando Salla, CEO da Effecti
Para Fernando Salla, CEO da Effecti, está tudo ligado: se nós aprendemos com a crise, foi porque passamos por ela, e voltar no tempo para mudar os acontecimentos só traria perdas para o conhecimento adquirido nesse tempo.
“Se soubesse com antecipação dos efeitos que a pandemia causaria, a única ação que adotaria seria planejar uma forma mais organizada para a ida do time a home office, podendo fazer alguns testes de formatos diferentes. Ter esse tempo também facilitaria na questão de avaliar os possíveis cenários com mais tranquilidade e trabalhar gradativamente a ações de combate e contenção. Mas não acredito muito na teoria de engenheiro de obra pronta, de apontar erros ou fazer críticas após o cenário já ter acontecido. De certa forma, ninguém, na história recente, havia passado por uma crise tão profunda e chocante como essa, não existem livros ou ensinamentos sobre como atravessá-la ou como passar por ela sem perdas. É um período de muito aprendizado e desenvolvimento, dia após dia aprendemos mais como lidar com o momento e crescemos com isso. Saber da crise antes talvez não nos permitiria ter todo esse desenvolvimento (de certa forma forçado). No lado pessoal, trabalharia em ações de conscientização para que a sua passagem não fosse tão duradoura e impactante”, comenta.