O mercado de corporate venture capital (CVC) no Brasil está em plena evolução, com aumento de interesse por parte dos investidores. É o que aponta um estudo realizado pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) e a KPMG. De acordo com o estudo, mesmo em um período de ajuste no mercado de CVC, o Brasil apresentou um crescimento no setor, com 13 empresas lançando seus fundos e anunciando R$ 3,04 bilhões de reais em capital comprometido para o mercado.
Carolina Morandini, Líder de Inovação Aberta e Ecossistema da Accenture Brasil, participou na última semana do Bossa Summit e comentou o momento do mercado: “mesmo que o investimento, como um todo, tenha reduzido nos últimos tempos, as empresas continuaram a investir cada vez mais nesse cenário. E ver a evolução do ecossistema de CVC no Brasil foi muito interessante. Tivemos, lá em 2020 e 2021 esse momento de ‘estratosfera’, agora é um momento de reajustarmos o cenário”, diz.
O estudo contou com a participação de 41 empresas, das quais 34 possuem unidades de CVC. A maior parte das empresas (82,5%) está sediada no Brasil, enquanto as demais são multinacionais atuantes no País, mas situadas nos Estados Unidos, em outros países da América Latina ou na Europa. Os setores mais representativos são industrial, energia, saúde, serviços e tecnologia da informação.
Das empresas entrevistadas, 82,9% possuem iniciativas de CVC, sendo majoritariamente realizadas por unidades com estrutura societária própria (fundos, SPEs ou offshores) e realizadas direto do balanço da companhia, sem uma operação de corporate venture capital dedicada. Outras formas incluem o investimento em fundos de venture capital e programas de aceleração ou incubação.
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Todas as empresas que ainda não possuem CVCs declararam que pretendem implementar um veículo de investimento, principalmente por meio da contratação de consultorias especializadas e utilizando talentos da própria empresa.
Rafael Marciano, Head of Business & Portfolio Development do Wayra, conta que a iniciativa da Telefónica chegou ao Brasil entre 2011 e 2012, e de lá para cá tem acompanhado de perto não só o crescimento das startups do portfólio, mas do mercado como um todo. “A aproximação de grandes empresas com startups significa não só mais lucro, mas principalmente mais possibilidades de geração de negócios ao longo da jornada da startup. No fim das contas, a startup precisa fazer negócios, e um dos papéis do corporate venture capital é auxiliá-la nisso.”
De acordo com o estudo da ABVCAP, 72,7% das unidades de CVC estão na fase inicial (2020 a 2022), 15,2% na fase de expansão (2017 a 2019) e 12,0% na fase de resiliência (até 2016). O tamanho do budget disponível para investimentos pelos CVCs respondentes concentra-se sobretudo nas faixas de até R$ 50 milhões e entre R$ 200 milhões e R$ 500 milhões.
O estudo destaca que a chegada de grandes fundos começa a alterar a dinâmica de CVC praticada anteriormente. A maior parte dos novos CVCs se concentra na faixa entre R$ 50 milhões e R$ 120 milhões, enquanto os mais antigos, em fase de resiliência, se concentram em valores a partir de R$ 120 milhões.
Primeiros passos no CVC
Além de ser um mar de oportunidades para as startups, mostra que as grandes corporações estão capitalizadas e com apetite de investir. Mas, para Carolina, o corporate venture capital é parte de uma estratégia da corporação, não a finalidade. “Se a empresa ainda não tem maturidade para acompanhar esse setor, eu não acho que o CVC seja a porta de entrada. É preciso saber o que se quer com cada iniciativa e, antes de mais nada, ter objetivos estratégicos para não confundir um M&A com um CVC, por exemplo.”
Para especialistas, a evolução do mercado de CVC no Brasil é promissora e mostra que as empresas estão atentas às oportunidades de investimento. O estudo também aponta que a implementação de veículos de investimento pelas empresas que ainda não possuem CVCs pode acelerar o processo de aprendizado e agregar mais valor ao mercado.
“Acho importante que, antes de tudo, as empresas comecem a criar um relacionamento com o ecossistema de startups onde querem se inserir, para conhecerem de perto o mercado e poder encaixar sua estratégia, para que faça sentido tanto para a empresa quanto para as startups dali. Antes de criar um fundo próprio, recomendo que as empresas comecem investindo em fundos de terceiros”, completa Rafael.
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