* Por Camila Maistrovicz
Todos os anos, aguardo ansiosamente a divulgação do estudo State of The Sector, da Gallagher. A publicação é uma das mais importantes que temos hoje para comunicação interna, gestão de pessoas, cultura, experiência do colaborador e outras áreas afins. Além de trazer dados bem completos, o relatório compila diversas análises interessantes, aprofundadas e que nos ajudam a entender, claramente, o que está rolando mundo afora.
Sabe um benchmarking de alto nível? É a leitura do State of the Sector. Ele fica, inclusive, nos arquivos favoritos dentro do meu leitor de pdf. Meu melhor amigo, meu companheiro em momentos de dúvida, minha referência!
Digo isso porque não basta ler uma vez ou bater o olho. Tem coisa boa demais ali para passar despercebida. A versão 2021/2022 acaba de ser publicada e, já numa primeira passada de olho, várias boas ideias me vêm à cabeça.
Traduzindo: esse tema ainda vai render muito!
Essa é a oitava edição do State of The Sector – a primeira foi publicada em 2008. Lá se vão 14 anos! Só de olhar os assuntos-chave ano a ano, percebo a evolução da área e dos profissionais. Para você ter ideia, o tema central em 2008 era sobre “Táticas”. Em 2022, o assunto principal é “O choque do novo”.
Novo contexto, desafio conhecido
Segundo o State of The Sector 2022, a prioridade #1 se mantém em relação ao estudo anterior: “Engajar times acerca de propósito, estratégia e valores” (53%). Por outro lado, apenas apenas 34% dos entrevistados “concordaram fortemente” que estão ativamente envolvidos na construção das narrativas em relação a esse tópico.
Também de acordo com o estudo, as informações compartilhadas precisam ressoar. Precisam ser claras e impulsionar a ação. Em outras palavras: se colaboradores não entenderem o que a empresa está dizendo, não perderão tempo tentando trabalhar nisso.
Uma das hipóteses levantadas pelo estudo é a dificuldade das empresas em escutar os colaboradores. E, com isso, encontrar o ponto de conexão entre a estratégia e a narrativa.
O processo de escuta, muitas vezes, é improvisado, desestruturado e atribuído às pesquisas anuais de Recursos Humanos. Segundo o estudo, isso precisa mudar. E mudar rápido. As narrativas corporativas devem ser moldadas por histórias das pessoas e adaptadas com base no feedback do público interno.
Vamos direto ao ponto: conexão é feita de comunicação e escuta. É preciso essa combinação para a conexão acontecer. Ainda segundo o State of The Sector, empresas campeãs em atrair e manter seus talentos têm grande foco em ouvir e entender o feedback das pessoas. Por que será, hein?!
As pessoas estão buscando um trabalho que faça sentido, que se relacione com a narrativa de carreira delas. Pessoas querem ser ouvidas e consideradas. Basta ver os movimentos da grande resignação que estão rolando nos países mais desenvolvidos e já começam a dar sinais aqui no Brasil.
Ninguém se engaja em uma relação na qual não se sente ouvido. Isso é, na verdade, uma relação abusiva. Quando transportamos para a realidade das empresas, cabe a nós, profissionais da área, protagonizar essa mudança. Talvez, ela seja mais simples do que parece.
* Camila Maistrovicz é Head de Comunicação do Comunica.In, plataforma de gestão de cultura organizacional das empresas, a primeira CultureTech do mercado.