Apesar de todo avanço tecnológico, as pessoas precisam se conectar, não apenas digitalmente, mas presencialmente e por isso, os espaços de coworkings são tão importantes e estão crescendo cada vez mais. Além disso, quem trabalha em home-office sabe bem o problema que gera trabalhar de forma isolada no seu convívio social.
Coworking, original em inglês, é basicamente um novo modelo de escritório criado por um americano programador de sistemas chamado Brad Neuberg, em 2005, ao dividir seu apartamento com outros amigos para trabalhar. Trata-se de um novo modelo de trabalho que tem o objetivo de incentivar a troca de ideias, compartilhamento, networking e colaboração entre diferentes profissionais que podem ser de diferentes áreas. Tudo isso presencialmente e realizado em um escritório físico.
Aqui no Brasil esse movimento chegou em 2008 com o escritório chamado Pto de Contato em São Paulo e de lá pra cá, se mostrou um conceito bastante promissor, que não é apenas uma modinha. Hoje existem diversos escritórios disponíveis que proporcionam para seus residentes networking; colaboração; parcerias; convívio social e amizades.
Plug.co
Um dos coworkings pioneiros no Brasil é a Plug.co, fundada por Jorge Pacheco, Wilbert Sanchez e Derek Gallo em 2012. Conversamos com Jorge para entender um pouco mais sobre as ideias da Plug.co, o movimento dos coworking e as tendências para o setor.
Os três sócios, um gaúcho, outro mexicano e o outro nova-iorquino se conheceram no mercado financeiro. Eles eram amigos e sempre pensaram em investir em alguma coisa. Como estavam sempre viajando para outros países, conhecendo coworkings para trabalhar e no Brasil conheciam apenas um espaço, o Pto de Contato, tiveram a ideia de montar um coworking no Brasil, inicialmente no Rio de Janeiro, já que os três sócios moravam na cidade.
“A ideia era criar um ambiente que fosse um escritório do jeito que a gente sonhava que fosse o nosso, mas como trabalhávamos em banco, não podíamos ter. A ideia era um espaço super cool, perto da praia, com chuveiro, que você pudesse parar para dar um tibum no mar e voltar, perto do Leblon e Ipanema”, conta Jorge.
Como não tinham muitas referências, eles decidiram buscar fora do Brasil e todos os sócios viajaram cada um para um lugar entre Europa, Ásia e Estados Unidos, conhecendo diversos espaços de coworkings, inovação e aceleradoras.
Ao voltarem de viagem, estavam decididos a abrir o negócio. Na época tentaram diversas negociações, mas como o mercado imobiliário no Rio de Janeiro estava super aquecido, acabou não dando certo. Nesse meio tempo, eles acabaram se mudando para São Paulo, e decidiram abrir o coworking por aqui.
Desde o início eles pensaram na Plug não ser apenas um espaço de coworking, mas sim um hub para conectar empreendedores e startups, isso em 2011, quando o movimento de startups estava recomeçando.
Foi em 2012 que foi inaugurada a primeira sede da Plug, localizada no Brooklin, que hoje conta com 3 casas. Depois vieram as unidades de Pinheiros e a recém inaugurada em Cambridge. A Plug é o primeiro coworking brasileiro a abrir uma sede fora do País. Em breve também será inaugurada uma nova unidade na Praça Benedito Calixto.
Sobre os planos futuros da Plug, Jorge conta que desejam abrir uma unidade também em Singapura, onde há dois anos contam com a parceria de uma consultoria estratégica que deseja se envolver cada vez mais com startups. O único problema, mais uma vez, é o mercado imobiliário super aquecido de Singapura, que até há dois anos, era o local com os imóveis mais caros do mundo.
“Pensamos na expansão internacional sempre com um parceiro local, pois não queremos ser apenas mais um espaço, tem que haver integração com a comunidade. Nosso negócio não é alugar metro quadrado, mas sim, criar um lugar que tenha interação entre o ecossistema”, destaca Jorge. Por isso para a Plug é muito importante ter um parceiro local que já conheça a comunidade e que possa chamar e atrair os empreendedores convidando-os para conhecer e residir no espaço.
Espaços Parceiros
Fora essas unidades, a Plug conta com espaços parceiros como por exemplo, o Cento e quatro, centro cultural localizado em BH e também o Espaço Nave, uma parceria com a universidade Estácio no Rio de Janeiro.
A Plug também é responsável por toda administração do Cubo, espaço cofundado pelo Itaú Unibanco e a Redpoint.e.ventures. A Plug cuida do prédio com 5 mil metros desde a segurança, limpeza, café, fornecedores, toda parte operacional e também a parte de eventos, onde acompanha a montagem e desmontagem.
Coworking além dos espaços físicos
Ninguém ficará impressionado com um lugar legal, limpo, com segurança e internet funcionando, pois isso é o básico. Jorge afirma que um ponto importante é trabalhar a questão da comunidade, que segundo ele, é um desafio diário. “Existem pessoas interessadas e outras mais difíceis de engajar”, comenta ele.
Uma coisa que a Plug faz é conhecer muito bem quem frequenta o seu espaço. Na plug existem duas pessoas focadas apenas na comunicação interna e na comunidade. Além disso, Jorge conta que ele e seus sócios conversam com os residentes, tomam café juntos para entender o que os empreendedores estão pensando e precisando para ajudar conectando- os com outras pessoas.
“Aqui ninguém almoça sozinho, sempre almoçamos com algum residente, estamos sempre acompanhando o que está acontecendo dentro dos espaços e o progresso das startups. Acho que essa proximidade é um diferencial da Plug”, comenta Jorge.
Como monetizar?
Segundo Jorge, “a base do coworking é alugar posições, é isso que paga as contas e se fizer direito, até sobra dinheiro, mas existem possibilidades de aumentar sua receita e uma delas são os eventos. Tanto eventos que você aluga o espaço para terceiros, quanto os organizados pelo próprio coworking, em que o espaço fica com parte da bilheteria. Alimentos e bebidas são itens que não dão dinheiro e se der, será pouco, pois geralmente os espaços não querem cobrar uma margem alta dos residentes. Não adianta você comprar uma lata de coca-cola a R$2 para vender a R$5, pois será caro para os empreendedores” completa Jorge.
Outros tipos de espaços compartilhados, mais tradicionais, existem no Brasil, um deles é Regus, que na verdade não é um coworking, mas um escritório corporativo. Se você chegar e alguém te oferecer uma água e você aceitar achando que é uma gentileza, você ou quem te oferecei a água terá que pagar. Se você receber um visitante para uma reunião e ele utilizar a internet, por exemplo, irá entrar para a sua conta. Existem coworkings que seguem essa linha, visitante paga internet, café, água, coisas que fazem um complemento financeiro, mas que muitas vezes não compensam.
Casos de sucesso da Plug
Jorge destaca alguns casos de sucesso que passaram pela Plug, como por exemplo, a agência Blanko, que surgiu dentro do coworking e que hoje conta com 40 funcionários e presta serviços para a Microsoft, ABStartups, Salesforce entre outros clientes. A agência Carambola, também nasceu dentro do coworking com 3 programadores e mais tarde, se mudou de espaço, já com 30 funcionários. A aceleradora Startup Farm rodou 8 processos de aceleração dentro da Plug e fizeram cerca de 30 happy hours para o ecossistema empreendedor. Anjos do Brasil, ABStartups, Uber, Virgin Mobile e Change.org também passaram pela Plug.
Tendências para o setor de coworkings
Há cinco anos Jorge acompanha de perto o surgimento e a evolução de espaços coworkings no Brasil e durante esse período, identificou alguns movimentos de mercado que têm se intensificado e permitido prever não só a sua continuidade, mas também o seu crescimento e maior relevância para as pessoas.
“Acredito que 2016 será excelente para o mercado de coworking no Brasil. Penso que será um ano marcado pela evolução de espaços e serviços e uma maior aceitação por parte das empresas, que cada vez mais estão vendo o valor de ter seus colaboradores em um ambiente compartilhado”, destaca.
Confira abaixo algumas tendências citadas por Jorge:
1) Grandes empresas migrando para espaços compartilhados
Já faz tempo que coworking deixou de ser sinônimo de espaço de trabalho para freelancers, autônomos e startups. Hoje é cada vez mais comum ver empresas buscando espaços compartilhados e geridos por terceiros. Trata-se de um movimento que representa redução de custos, simplificação de suas operações, além de maior networking e colaboração. O momento que vivemos hoje no Brasil requer constante inovação e, para isso, nada melhor do que estar em um espaço compartilhado com diferentes tipos de empreendedores e dispostos a trocar experiências e informações.
2) Maiores espaços
Um dos maiores valores nos espaços de coworking é a diversificação e densidade de pessoas. Tendo uma boa gestão de comunidade, espaços com maior número de pessoas enriquecem as oportunidades de informação e geração de projetos e negócios. Além disso, para os gestores de coworking, espaços maiores são interessantes porque diluem custos fixos e aumentam a circulação de pessoas. Ao longo dos últimos cinco anos novos espaços foram nascendo três ou quatro vezes maiores do que os primeiros.
3) Coworkings temáticos
Espaços de coworking temáticos têm a força de concentrar empreendedores, serviços, recursos e conteúdos focados em um determinado assunto. Isto cria um poderoso hub para a troca de conhecimento especializado, além de serviços e equipamentos específicos para atender a comunidade. Espaços brasileiros seguem o mesmo caminho de sucesso de exemplos como o Fashion&Tech Lab, localizado em Paris e focado em moda, e o The Game Nest, localizado em São Francisco e focado em games. Também temos visto o surgimento de muitos espaços com foco em mães e que oferecem serviço de creche para bebês, como faz o Work Around, em NYC, por exemplo.
4) Coworking Corporativo
O ano de 2015 foi marcado pelo nascimento do CUBO, primeiro espaço de coworking vinculado a uma grande corporação, o Banco Itaú. Ainda no primeiro semestre de 2016 teremos a inauguração do Google Campus dando continuidade a este movimento. Jorge acredita que nos próximos tempos veremos a abertura de diversos novos espaços vinculados ou patrocinados por grandes empresas. O que motiva as corporações a criarem estes espaços vai desde o interesse de promover inovação e oportunidades de negócios, até campanhas institucionais e interesse de impactar positivamente a sociedade.
5) Players Internacionais
Jorge afirma que 2016 também deve ser marcado pela presença do WeWork no Brasil, maior empresa de coworking no mundo e com mais de 60 espaços espalhados em 7 países. A chegada deles será positiva para promover o conceito de espaços compartilhados e contribuirá para que novas pessoas e empresas passem a conhecer as vantagens do modelo. A Regus, que embora já tenha forte presença no Brasil com um modelo corporativo, vem sinalizando que irá investir e se modernizar, já que em 2015 adquiriu duas empresas Europeias, e é possível que expanda o modelo de coworking usando estas novas marcas.
Se você tem um coworking e quer receber a visita do Startupi, entre em contato pelo e-mail contato@localhost, queremos conhecer seu espaço, os diferenciais que oferece e principalmente, as startups residentes nele e suas inovações.