Diante da nova pandemia causada pelo coronavírus, diversos países têm fechado suas fronteiras impossibilitando que brasileiros que estejam fora do País retornem. Segundo o Itamaraty, estima-se que esse seja o caso de 6 mil turistas e empresários brasileiros.
Só no fim do mês passado, governos como do Peru, Colômbia e Venezuela, anunciaram uma suspensão de todas as viagens internacionais, incluindo voos de aviação geral. O Panamá e a Argentina, por sua parte, fecharam as fronteiras, mas estabeleceram voos aeromédicos sem restrições. Ainda, o México e várias nações do Caribe relutam em suspender os voos de países afetados pelo coronavírus, continuando a receber passageiros de jatos particulares.
Diante dessa movimentação, a Flapper percebeu um rápido aumento nas solicitações de voos tanto por passageiros desembarcando de cruzeiros, como pelas embaixadas, agências de viagens, brokers e instituições de governo. Paul Malicki, CEO da Flapper, conta que nos 3 primeiros meses do ano a demanda para voos internacionais teve um aumento de 70%, comparado ao mesmo período de 2019. Ele revelou ainda que o maior número de solicitações vêm do Peru. Por isso, em parceria com essas instituições, a startup está ajudando brasileiros a retornarem ao País.
Para realizar essas missões de busca, Paul explica que é preciso solicitar uma autorização temporária a autoridades locais e que essa ação é coordenada em conjunto com representantes de cada grupo, principalmente embaixadas. “Elas (embaixadas) estão pedindo às autoridades para abrirem corredores ou espaço aéreo por um tempo limitado. Coordenado com aeroportos, tentam de forma mais ágil e segura permitir que o voo aconteça”, destaca.
Malicki também aponta que um canal de comunicação que direcionasse todas as solicitações para as autoridades locais facilitaria esse processo, pois até agora elas têm sido feitas junto a órgãos de aviação separadamente como a Anarc no Brasil e Argentina e DGAC na Bolívia. “Infelizmente não tem um jeito homogêneo para coordenar esses pedidos, juntar os órgãos. No Brasil, por exemplo, tem entidades envolvidas desde Anarc, até SAC (Secretaria da Aviação Civil), até o Ministério dos assuntos do exterior e depois embaixadas. Ou seja, são quatro entidades bem envolvidas no processo”, ressalta.
Ainda sobre as missões realizadas pela startup, ele compartilha o caso de brasileiros que estavam presos em um cruzeiro em Montevidéu, capital do Uruguai, e que conseguiram retornar, após dias de negociações, através de um voo particular da Flapper. Aproveitando que o avião estava indo ao país vazio, a startup também ajudou uma das embaixadas locais a levar seus funcionários ao Uruguai.
Malicki também fala que a empresa está tomando os devidos cuidados para a proteção de passageiros e funcionários. Entre eles estão a limpeza dos aviões nos intervalos de cada viagem com desinfetante antiviral, a disponibilização de álcool em gel durante as viagens para os passageiros, o monitoramento de saúde dos pilotos junto à operadoras e o direcionamento das tripulações para hotéis menores. A startup busca também, junto aos órgãos locais e diretoria dos aeroportos, assegurar que os passageiros tenham acesso a portões onde circulam o mínimo de pessoas para evitar aglomerações.
Como contratar o serviço da Flapper
As solicitações para a contratação do serviço variam entre os voos de táxi aéreo até os voos nos corporate airliners (aviões desde 40 até 400 passageiros) e os valores variam entre US$ 1.800 a US$ 5 mil, por pessoa, em casos de voos mais longos. Malicki diz que uma das opções para tornar o serviço mais barato é reunir pessoas de vários países em um único aeroporto para o compartilhamento do mesmo voo, mas que isso tem sido um dos maiores desafios dessas missões.
Os interessados em utilizar o serviço, podem fazer a solicitação através do aplicativo da Flapper, disponível para o sistema Android e iOS, pelo email ou por mensagens nas redes sociais da empresa.
Direito do viajante
O Startupi conversou também com o advogado Acacio Miranda para falar sobre os direitos desses brasileiros que estão no exterior e de como deve ocorrer o auxílio a eles.
Miranda explica que as pessoas que estão presas em outros países devem ser assistidas pelo Itamaraty e pelo Ministério das Relações Exteriores que devem prestar assistência jurídica e por vezes até assistência social. Além disso, ele ressalta que é muito importante essas organizações passe todas as informações necessários aos brasileiros para que fiquem cientes dessas circunstâncias.
Outro ponto destacado por ele é sobre os direitos consumeristas. “Se eles contrataram passagem de ida e volta com as empresas, e apesar dessa situação excepcional, as empresas devem garantir o retorno destes brasileiros, inclusive a manutenção deles em outros países, custeando a estadia e a alimentação”, afirma.
Sobre as missões realizadas pela Flapper, ele diz que não há nenhum problema desde que seja um trabalho realizado com a participação das autoridades de onde os brasileiros se encontram para que seja autorizado o acesso de uma aeronave e a saída dessas pessoas.
Diante de toda essa situação, o especialista também fala sobre como as autoridades podem trabalhar para facilitar o processo de retorno ao País. “As autoridades podem fazer a tramitação internacional com o país onde os brasileiros estejam e consultar as autoridades diplomáticas para que todo o tramite administrativo seja abreviado, para que não seja necessário, por exemplo, que eles procurem a embaixada e assegurem o embarque direto no avião”, explica ele. “Trata-se, sobretudo, de um trabalho social bastante relevante”, conclui.