Tal qual o mercado tradicional de venture capital, o investimento em startups realizado por corporações, o chamado corporate venture capital (CVC), também tem crescido no país, alcançando números recordes. É o que mostra o novo estudo Distrito Corporate Venture Capilta Report 2021, novo estudo do Distrito, maior plataforma de inovação aberta da América Latina.
Entre janeiro e julho de 2021, as novatas de base tecnológica receberam mais de US$ 622 milhões de grandes empresas, distribuídos em 22 aportes. O volume investido já é mais do que o triplo do aportado em 2020, ano que acumulou US$ 199 milhões, em um total de 27 negociações dessa natureza.
“As empresas líderes estão investindo pesado nas startups em busca de lançar novos modelos de negócio, plugar rápido novas tecnologias e ganhar mercado. Já se verifica a formação de grandes conglomerados. Há corporações que já adquiriram diversas startups e estão avançando rapidamente. E quem não ficar de olho e começar a fazer inovação aberta e transformação digital, pode ficar para trás em pouco tempo”, afirma Gustavo Araujo, cofundador e CEO do Distrito.
O estudo traz uma análise histórica do setor, com o mapeamento das transações realizadas ao longo dos últimos 20 anos. Desde os anos 2000, o Brasil acumula 212 rodadas de investimentos de corporações junto a startups, das quais 162 tiveram os volumes transacionados revelados, totalizando US$ 1,3 bilhão.
Aproximadamente 70% dos investimentos mapeados pelo Distrito estão concentrados nos estágios iniciais, Seed e Pré-Seed, o que demonstra como, historicamente, o CVC no país tem como alvo prioritário as startups no início de suas trajetórias. “Esse padrão aponta para o entendimento do CVC como uma prioridade estratégica, visto que o retorno financeiro de startups ainda muito pequenas é incerto, mas os ganhos potenciais associados às soluções tecnológicas que elas apresentam ao mercado são muito mais factíveis”, afirma Bruno Pina, chief innovation officer (CIO) do Distrito.
Entre as corporações que mais apostaram em veículos de investimentos em startups, destacam-se as das indústrias financeira, varejista e de tecnologia — não à toa, setores que têm vivido uma verdadeira revolução nos últimos anos. Cada uma delas foi responsável por 16, 15 e 14 CVCs, respectivamente.
Já no que diz respeito aos setores das startups que receberam investimentos, os destaques ficam com as fintechs em número de aporte – foram 24, que juntos somaram mais de US$ 249 milhões – e com as empresas do mercado imobiliário e de construção (real estate) em volume investido – mais de US$ 379 milhões, em apenas quatro transações. Isso se deve aos investimentos de late-stage da Qualcomm no Quinto Andar – um movimento de CVC que destoa da média tanto em valores quanto em perfil.
As retailtechs também chamam atenção entre as investidas: as startups do setor de varejo receberam 17 aportes, no valor total de US$ 206 milhões. Também com alto número de investimentos, as martechs, como são chamadas as novatas que trazem soluções para a área de marketing e publicidade, somam US$ 28 milhões captados.
O estudo elaborado pelo Distrito traz ainda um uma contextualização do CVC no âmbito global. Os valores investidos em startups por corporações do mundo inteiro já se aproximam dos US$ 80 bilhões, distribuídos em 2099 rodadas somente no primeiro semestre de 2021. O volume é pouco maior ao investido em 2020 inteiro (US$ 74,2 bilhões), porém mais do que o dobro do registrado apenas no primeiro semestre do ano passado (US$ 33,8 bilhões).
“Com a pandemia e a recessão da economia global, era de se esperar um recrudescimento do CVC. Em uma situação adversa, o mais natural seria as corporações focarem no seu core business, na tentativa de se protegerem de um eventual impacto. No entanto, contrariando as expectativas, o CVC mostrou sua resiliência tal como a do ecossistema de venture capital mais tradicional. Cada vez mais as grandes empresas têm entendido a aproximação com as startups como um recurso estratégico e fundamental para a sua transformação digital”, completa Pina.