No segundo dia de Startup Summit, os convidados conheceram a história da MadeiraMadeira, primeiro unicórnio latino-americano de 2021. A empresa foi lançada no mercado há 13 anos com foco em pisos de madeira, passou por grandes transformações desde então e hoje é referência no setor de casa e decoração.
Robson Privado, cofundador e COO da MadeiraMadeira, subiu ao palco para compartilhar a trajetória e explicou que até 2015 a empresa focava em sobreviver e explorar os produtos e formas que poderia vender para se tornar um negócio escalável. Com as tentativas, entendeu que era fundamental colocar as dores do cliente no centro das soluções.
“Nós temos mais de dois mil colaboradores espalhados pelo Brasil, em diferentes frentes e operações. Temos loja física, temos e-commerce e toda parte de tecnologia e o único jeito de fazer isso acontecer é ter o propósito alinhado, continuar pensando no escalonamento e na criação de valores para os clientes”, diz Privado.
Do virtual para o físico
Com pisos de madeira e posteriormente outros materiais de construção, a empresa foi fundada em 2009 de forma virtual. Três anos depois, com a chegada dos primeiros investidores, a marca viu a necessidade de apostar em dropshipping – remessa direta sem estoque, mas o tempo de entrega era longo. Para lidar com a dificuldade, criou sua própria logística, que possibilita entregas mais rápidas.
Em 2015 o executivo sentiu uma mudança no mercado, as empresas internacionais estavam apostando no formato offline. “Por muito tempo falamos que não teríamos uma loja física, isso era coisa do passado. Depois, acompanhando o mercado exterior e o desejo de nossos clientes, vimos que faltava uma loja física e foi assim que duas semanas antes da pandemia, lançamos as nossas”, conta o COO.
As lojas físicas da empresa são 100% showroom, onde não se aceita dinheiro e o valor do físico é o mesmo do virtual. “Pensamos com cabeça de plataforma, mas endereçando para o mundo físico. Queríamos que a tecnologia fosse uma ferramenta para entregar experiência e o físico fosse a solução para colocar o cliente no centro. Percebemos que a tecnologia era um fator importante para escalar, mas só ela não gerava valor.”
Segundo Robson, a cultura de uma empresa pode não ser um game changer, mas se for pensar em um negócio duradouro e a longo prazo, que impacte pessoas – sejam elas colaboradores, clientes, investidores e comunidade – a cultura é a única forma de conseguir escalar. A MadeiraMadeira foi construindo e percebendo a importância disso com o passar dos anos, o que gerou resultados positivos no caixa da empresa.
“Com certeza se entrega resultado, mas é preciso entender que isso não vai acontecer de uma hora para outra, é a longo prazo. Quanto mais se entende e fortalece a cultura da empresa para todos do time, mais existirá resultados”, afirma Privado.
Resiliência é o principal pilar
Para exemplificar o que significa resiliência para a empresa, Robson lembra de um dos momentos mais difíceis da trajetória. Ao longo da sua jornada, a MadeiraMadeira quase quebrou algumas vezes, mas o ápice da dificuldade foi em 2015. Eles tinham três semanas para pagar a folha e sabiam que iam quebrar, mas resistiram porque, na época, tinham 150 colaboradores contando com esse emprego. “Nós não podíamos quebrar, teríamos um impacto enorme na vida dessas pessoas”.
Para o COO, ter resiliência é buscar alternativas e não desistir com facilidade, é o que o time da empresa faz desde o dia um e leva nas suas estratégias atuais. O segundo ponto seria a visão de longo prazo para entender de fato o que o empreendedor quer fazer.
“Se não for pensado no propósito a longo prazo, não será possível ter resiliência para aguentar, são noites mal dormidas, dias difíceis e sem isso, você vai desistir. Os dois pontos que sempre acompanharam a gente foram resiliência e visão a longo prazo, eles compõem um dos nossos 12 princípios”, complementa Robson.